E, quando estavam assentados a comer, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me.
E, QUANDO ESTAVAM ASSENTADOS - Serenos, apoiados na confiança decorrente da presença do Divino Mestre. Certas revelações só serão assimiladas, quando a pessoa, estando tranquila, pode ouvir, pensar, refletir.
Para alimentar, seja física ou espiritualmente, necessitamos estar receptivos, firmes, mantendo-nos predispostos relativamente ao que nos vai ser oferecido à mesa.
Quando empenhados em aprender torna-se imperiosa a harmonia interior, sugerida mais uma vez pela expressão assentado.
Tal atitude não somente favorece a compreensão dos assuntos veiculados, quanto garante sua metabolização, para o atendimento das atividades que nos sejam cometidas.
A COMER, - Há o alimento físico, material e o espiritual, representado pelo conteúdo informativo, pela solidariedade, pela confiança do próximo, pelo calor da amizade. O alimento, por excelência, é o Amor, que se materializa na execução da obra de Deus.
DISSE JESUS: EM VERDADE VOS DIGO - Sem dúvida, a palavra de Jesus é a verdade. Usando, porém a expressão em verdade a Sua comunicação ganha força e maior autoridade pela limpidez e profundidade de que se emoldura.
Na apropriação mais nítida do ensinamento, emerge daquele que se identifica com Jesus, os padrões da autenticidade. No novo patamar da escalada não cabe o direcionamento para os terrenos degradantes da inverdade. A mentira, para quem já identificou a verdade, será sempre manifestação infeliz, sustentada no egoísmo e no interesse pessoal, logo, de duração transitória.
Nada obstante a fragilidade de que ainda somos portadores, a insinuar deslizes no encaminhamento dos contatos sociais e familiares, o cristão deve manter-se, a cada instante, vigilante, a fim de que os padrões gerenciadores do Evangelho, dentro de nós, não sejam enodoados pelas vibrações que possam distorcer as verdadeiras propostas de crescimento para Deus, fundamento da verdade que sustenta o próprio Universo.
QUE UM DE VÓS, - Atitude incisiva com esta tomada por Jesus é normal, quando se trata de criatura muito próxima, já identificada com os propósitos que alimentamos. É a confiança e a estreita convivência que fornecem esta possibilidade de percepção dos propósitos mais secretos. É a mesma autoridade e austeridade que Jesus adotou naquela ocasião, que devemos utilizar quanto aos valores que se movimentam no plano interior, a colocarem em risco a nossa segurança.
QUE COMIGO COME, HÁ DE TRAIR-ME. - A sabedoria de Jesus, já determinara, naquela ocasião, aquele que, sentado à mesa, já manipulara, por sua invigilância, os detalhes da traição. Se, no conceito geral, Judas é o traidor, dada a compreensão do Mestre, a sua atitude não passava de uma fraqueza a que todos nós estamos sujeitos.
Examinando o fato, hoje, não nos é difícil concluir que o conhecimento e a progressiva identificação com as faixas de realização espiritual nos facultam, também, localizar, os pontos frágeis de nossa personalidade, sobre os quais precisamos agir com cautela, a fim de que não venhamos, ainda que, pressionados pelos golpes da dor, a cair nas tramas da inferioridade.
Quando fraquejamos na vigilância, deixando algo pelo meio, abandonando um objetivo nobre, adotando o menor esforço, apelando para recursos exclusivamente exteriores, curvando-nos ao nas teias da inveja ou da vaidade, do orgulho ou do egoísmo, estaremos traindo a esperança, a confiança dos companheiros, encarnados e desencarnados, com os quais nos comprometemos.