Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
BEM-AVENTURADOS OS QUE CHORAM, - O Sermão do Monte é um dos mais lindos discursos de Jesus, canalizando aos corações alentadas esperanças de sustentação e consolo.
A austeridade da Lei, sem perda de sua legitimidade, cede lugar, dentro dela mesma, aos dispositivos da misericórdia, até aquele momento sufocada pela intolerância.
Os que choram serão consolados. Muito mais gratificante quitar que adquirir-se novas dívidas nos meandros do destino. A mensagem evangélica, apontando as verdadeiras sementes da felicidade, de colheita a tempo certo, traz também os instrumentos da consolação, capazes de minorar a dor, sanear a tristeza, secar o pranto vertido por aqueles que se abrem para uma vida em bases mais gratificantes.
Quem consegue visualizar com claridade a marcha do progresso, já pode depreender que as lágrimas, de acordo com a vibração que as emolduram, não apenas lavam o coração. Descem pelo rosto, limpando as marcas que o desfiguram, sugerindo ao espírito sofrido abrir-se para o sol e para as oportunidades de um novo dia.
Lavando os olhos, instrumentos abençoados de nossa interação com os seres e as coisas, proporcionam-nos uma ótica mais nítida da existência.
A observação mais ampliada da Divindade, não apenas favorece a identificação de recursos de reconforto, mas aponta, com nitidez, várias frentes de trabalho, a aguardarem a sensibilização do coração, sofrido e embatido, para as empreitadas de ação no Bem, acionadas, a partir de si mesmo, na extensão do Amor. Descobre-se, nesse instante, o caminho certo da alegria espiritual, disponível a todos os presentes nos diversos parâmetros do Universo.
"PORQUE ELES SERÃO CONSOLADOS. " - A consolação é atitude cristã que alivia o que sofre e engrandece o que a sustenta e canaliza. Seria ela, no entanto, ação exterior que, pelo veículo da verbalização — canalize apenas lenitivo de curta duração?
A Doutrina dos Espíritos, concretizando o advento do Consolador, projeta mais amplamente o tema. O ato de consolar não pode ficar restrito a momento de balsamização de emergência. Representa a introjeção de conteúdo que alivia e de elementos que promovam o necessitado e entristecido para os patamares de trabalho, assegurador indiscutível da libertação definitiva com o Cristo. O fora da caridade não há salvação, aforisma básico do Espiritismo, é e continuará a ser, segundo as sábias orientações da Espiritualidade, o roteiro seguro de saúde, segurança e reconforto para todos que, sofridos nos embates da jornada, buscam consolar e acionar a esperança junto dos mais sofridos no âmbito das experiências cotidianas.