Luz Imperecível

CAPÍTULO 162

POSSES



Lc 19:2


E eis que havia ali um varão chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico.

E EIS QUE HAVIA ALI UM VARÃO CHAMADO ZAQUEU; - A narrativa evangélica frisa a existência em Jericó de um varão, adiantando até o seu nome: Zaqueu.

Podemos dizer que Jesus foi àquele local por causa de alguém. Não se trata de um fato isolado. Quando avaliamos acerca da Misericórdia Divina, percebemos que todos, indistintamente, são usufrutuários, à nível pessoal, das providências Superiores.

Zaqueu não constitui unicamente um instrumento passivo, ao acolher a bondade do Mestre. Respondendo positivamente ao amparo, continua a refletir, ainda hoje, na extensão dos ensinos da Boa Nova, a atitude marcante da renovação, do Espírito imortal, que se desprende dos laços da retaguarda escravizante para os planos felizes da Vida Maior.

E ERA ESTE UM CHEFE DOS PUBLICANOS, - Sobre os publicanos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, na 1ntrodução, Item 3, apresenta dados históricos valiosos: Os publicanos eram os arrendatários das taxas públicas que na desincumbência de suas funções extrapolavam, às vezes, para o atendimento de interesses pessoais, adquirindo riquezas resultantes de lucros escandalosos. Por isso, não eram vistos com bons olhos, por grande parte da população. Zaqueu além de publicano, exercia a função de chefia, o que nos faz deduzir acerca do conceito de que era objeto.

Esta posição mostra o alcance da decisão de Zaqueu e dos obstáculos que necessitaria vencer, na busca da meta visualizada.

Se de um lado, chefe de publicanos evidencia todo um sistema estruturado no tempo para atender aos chamamentos do mundo, segundo os padrões da Justiça; de outro, aponta, em decorrência da saturação, do isolamento, da marginalização, perspectivas diferentes de análise em que o ato exclusivo de receber, deve ceder lugar às possibilidades de servir.

E ERA RICO. - O título publicano trazia em seu bojo, amplo potencial, de cunho puramente humano, a possibilitar ao seu portador, retirar dele tudo o que servisse para atender aos caprichos e pretensões de natureza imediatista.

Sob o mesmo prisma, a riqueza torna presente reservas bem posicionadas, prontas a responderem adequadamente à individualidade em suas buscas pessoais e egoísticas.

Os títulos e os valores materiais se constituem em uma prova ímpar, capaz de aferir as verdadeiras disposições de desprendimento do ser, em sua atividade espiritualizante. Por proporcionarem, com facilidade, o atendimento das mais diversificadas solicitações, sob a insinuação da retaguarda materialista, constituem-se, por isso mesmo, em expressiva oportunidade que, se conduzida com discernimento, assegura os mais evidentes êxitos nos terrenos da alma.