Porém ele, respondendo, disse ao que lhe falara: Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?
PORÉM ELE, RSPONDENDEO, - Com essa conjunção o Mestre como que represa o curso das ideias até então expostas, a limita a uma feição puramente material, para retirar do fato ensinamento de ordem espiritual.
Ao redirecionar o curso dos pensamentos, responde Ele de modo claro e insofismável, valendo-se do encaminhamento mental do interlocutor, para ampliar o seu grau de percepção. Todo diálogo pressupõe um retorno pessoal, uma resposta que reflete aquilo que trazemos na consciência, como modelo da verdade. Muitas vezes, optamos pelo silêncio, mas a demanda interna exige um posicionamento, dentro daquilo que já conseguimos apreender.
DISSE AO QUE LHE FALARA: - Na sequência natural das relações humanas, cada um alcança determinados ângulos das colocações feitas. O Cristo, tendo visão clara das possibilidades individuais, atende aos anseios da alma, no momento e forma justas.
Cabe-nos apropriar com discernimento o que dele dimana. Contudo, em decorrência de padrões que ainda nos vinculam à retaguarda, temos perdido valiosos conteúdos que poderiam, devidamente assimilados, nos projetarem a novos terrenos de harmonia e felicidade.
QUEM É MINHA MÃE? E QUEM SÃO MEUS IRMÃOS? - Quando o expositor de uma ideia pergunta a si mesmo, está se valendo de um processo didático com vistas à fixação do ensinamento. Leva os ouvintes a aprofundar o tema. Dá ensejo à meditação.
Com interrogações (Método Socrático), Jesus procurava conduzir o raciocínio dos presentes, para fazê-los perceber algo acima das restrições materiais - do terra a terra. Fazendo-se uma pergunta sobre uma coisa tida como exata, de algum modo, ela é colocada em dúvida, alertando sobre as possibilidades de outras interpretações. A dúvida ocorre naquele período que se verifica entre o abandono de uma verdade menor para aceitação de uma verdade maior. Exemplo: Um religioso um dia passa a questionar certos aspectos da religião que o confortou por determinado tempo.
Estabelecida a dúvida, sente-se com liberdade bastante para examinar outras ideias, e acaba encontrando uma que, na sua atual concepção - pois houve evolução - julga superior, mais adequada, aderindo a ela.
Ressalte-se, ainda, que a indagação de Jesus encaminha o raciocínio para ângulos bem mais abrangentes. A família, até então, visualizada como um instituto de aproximação dos seres para a vida em comum, emerge para um plano de apreciação em que o aprendizado, a convivência, a oportunidade de cooperação recíproca e solução de problemas cármicos passam a ter ressonância. E, segundo a sensibilidade de cada qual no campo da afetividade, projetá-lo, em decorrência de sua percepção maior, para horizontes mais extensos, território a dentro do Família Universal.