Não somente oração por ti.
A prece não pode ser convertida em drágea de fácil deglutição que a enfermagem dos amigos coloca ao alcance do nosso aparelho digestivo.
Orar é integrar-se.
Se não constróis as antenas receptoras para as energias balsâmicas, no recesso do ser, a oração dos outros poderá ser comparada a umidade benfazeja sobre crosta árida, onde a porosidade da terra foi vencida.
As tradições religiosas ensinaram, na prece, a conjugação do verbo pedir, e esqueceram que o apelo para se fazer considerado deve revestir-se de condições essenciais ao mérito, sem o que a improcedência da solicitação se constata na resposta celeste...
Todavia, nem sempre o silêncio divino significa ausência de consideração ao apelante.
É que a sabedoria celestial responde conforme as reais necessidades da alma, e não consoante os desejos aparentes.
Nesse sentido a oração não se pode perder na enunciação verbal dos conceitos repetidos de exaltação cerúlea, nem as modestas jaculatórias de memorização mecânica. Deve ser trabalhada nos recessos as legítimas aspirações da vida, em manifestações do Espírito como obra extrassensorial em que falem de enriquecimento interno, junto às fontes poderosas da Majestade Divina.
Não simplifiques os problemas atuantes da existência, rogando aos outros que orem por ti. Seria sobrecarregá-los com o pão que te pertence para a hora da alimentação espiritual que adias.
A prece é repasto pessoal.
Cada um ora como pode, sente e vibra.
O Pai, entretanto, responde conforme o valor, a necessidade e a honradez da solicitação.
E quando alguém, na condição de cireneu, distenda os braços em tua direção, como mensageiro celeste, conduzindo a sublime resposta, não te acredites possuidor de merecimento que sabes não dispor, mas recorda a "misericórdia de acréscimo" do nosso Pai, e no caminho, quando alguém te suplique piedade e compaixão, faze com ele como o céu fez contigo. E continua orando com o sentimento, transformando os próprios atos em suave melodia de prece.