Distendes o agasalho e envolves o corpo entanguido, derramando sobre o coração a linfa da tranquilidade decorrente da caridade ao nu.
Ofereces o pão generoso e a água fria e experimentas o júbilo interior que nasce na fonte sublime da caridade ao esfaimado e ao sedento.
Favoreces com a cédula-moeda e participas da emoção que flui da caridade ao necessitado.
Partilhas a piedade e harmonizas a consciência ante a caridade para com o aflito moral.
Doas o medicamento e renovas-te ante a bênção praticada pela caridade ao enfermo.
Ensejas o teto, gentil, favorecendo a alma com a paz cantante que se deriva da caridade dirigida ao desabrigado.
Desculpas a ofensa, propiciando calor de fé ao espírito ferido ante a caridade do olvido ao mal que surge no coração dos maus e dos enganados.
E crês que conjugas o verbo amar, vivendo o verbete caridade nas diversas modalidades enunciadas pela mensagem evangélica.
Todavia, ainda podes mais fazer.
Se desejas integração real no espírito cristão da caridade, vai mais além.
Há outros espíritos em torno de ti que aguardam mãos invisíveis capazes de os socorrer.
Possivelmente não os conheces, não os vês, não os ouves, não são do teu círculo... Mas não os ignoras.
Conhece-los-ás, através da Revolução Espírita que te falou deles, os atormentados de além-túmulo, nossos irmãos desencarnados sofredores.
Há os que se converteram desde ontem em verdugos e seguem os teus passos afligindo-te; alguns dormem, hipnotizados; outros desconhecem o país onde se encontram; muitos se detêm nas tormentosas evocações do passado; vários se agregam, e experimentam a angústia do magote em que se reúnem; diversos choram esfaimados, sedentos, desabrigados, friorentos, enfermos...
São náufragos da vida física que a morte recolheu.
Todos eles precisam de nós...
Desde que conheces e possuis a centelha espiritista que persiste ardendo em tua alma, ora por eles, ama-os, pensa neles com vibração mental positiva de auxílio e, quando surja ocasião, nas células cristãs em que militas, ao longo do caminho carnal, "recebe-os", favorecendo-os com a palavra evangélicomedicamentosa que os anime, console, desperte, encaminhe e cure...
Oferece as tuas antenas psíquicas e deixa-os "incorporar" pela mediunidade que portas, a fim de que sejam aquinhoados pela caridade do teu esforço.
Sofre-los-ás quando te dedicares a socorrê-los.
Participarás intimamente das suas agonias e aflições.
Nem sempre se desprenderão de ti imediatamente.
Demorar-se-ão, alguns, ao teu lado, aguardando, e os sentirás...
Sofrerás conflitos íntimos e silenciosos sob a ação deles...
Não os temas, porém.
Não te rebeles.
Entrega-os ao Médium Divino, considerando que eles necessitam de quem os ame, na Terra, e da Terra os ajude.
Medita quanto à alegria que experimentarias se, no lugar deles, encontrasses alguém que oferecesse o vaso fisiopsíquico para tua libertação, e faze, então, o que gostarias que fizessem por ti, exercitando-te, desde hoje, na prática dessa caridade difícil e algo ignorada, que os olhos do mundo não veem nem a gratidão dos amigos recompensa com o suborno do reconhecimento precipitado ou da bajulação dispensável, na certeza de que Jesus, que nos ama desde há milênios até hoje, não se cansa de alongar sua inefável misericórdia e amor até o abismo de inferioridade em que nos detemos...