Mediante o amor, todos despertarão para as responsabilidades que lhes dizem respeito.
O amor é o mais prodigioso fomentador do progresso moral, do qual decorrem todas as demais formas de desenvolvimento.
Quando não viceja no ser humano, as conquistas realizadas, por mais brilhantes, tendem à destruição ou são filhas especiais do egoísmo, que as realiza para atender fins nem sempre respeitáveis.
A atualidade tem-se feito caracterizar por muitas formas de progresso, que têm impulsionado a cultura e a civilização a níveis elevados, não obstante a vigência dos crimes hediondos, da fome estarrecedora, das enfermidades infectocontagiosas, das guerras contínuas, dos abusos do poder, dos preconceitos ainda não erradicados, da intolerância de vário matiz, dos descalabros morais por meio dos vícios destruidores como o alcoolismo, o tabagismo, as drogas químicas...
A Ciência e a Tecnologia têm impulsionado o indivíduo a relevantes realizações, porém esquecidas do amor, e dessa forma as máquinas que ele criou substituem-no, desumanizam-no enquanto o superpovoamento das grandes cidades alucina-o, tornando-o mais agressivo e estressado.
Não obstante as propostas sociológicas que se multiplicam, esse cidadão perde a identidade e confunde-se na massa que detesta, tornando-se violento e sentindo a sua existência quase sem objetivo.
Os veículos de comunicação, com o seu imenso poder de conduzir notícias, invadem os lares em toda parte, especialmente a televisão, e os abarrotam com informações ligeiras, raramente esclarecedoras e profundas quando da abordagem dos temas de alta significação, libertadores de consciência e tranquilizadores da emoção, apresentando, ao invés, muitos fatos escabrosos que ele desconhece e, não poucas vezes, estimulam-no a lutas ferozes, nas quais os demais são-lhe inimigos em potencial.
Infelizmente, esses veículos dão preferência às licenças morais devastadoras, criando uma cultura pessimista e reacionária, na qual o ódio, a frustração, o desespero assumem papel de importância na conduta interior e na maneira de viver na sociedade.
A família, embora o patrimônio multimilenário de que se constitui, sofre os camartelos da agitação e do desconcerto de que se tornou vítima, transtornando-se e esfacelando-se, tornando-se campo de rudes batalhas malsucedidas.
... E o ser humano superconfortado transita sob injunções tormentosas, derrapando em transtornos neuróticos, psicóticos, mergulhando no fosso da desolação.
Sucede que o progresso, sem amor, está sem Deus, portanto, sem o alicerce seguro do equilíbrio e da libertação das vidas dos seus atavismos primitivos, que as escravizam no primarismo de onde procedem.
Torna-se urgente uma revisão de conceitos em torno do progresso e das suas propostas, a fim de que seja realizada uma ação renovadora e saudável, propiciando relacionamentos felizes entre as criaturas.
Esse ministério somente pode ser desempenhado pelo amor.
É inevitável que a máquina robotize muitas atividades, solucionando com razoável perfeição os misteres que lhe estão programados. Entretanto, cumpre ao ser humano encontrar soluções outras e mecanismos sábios para atender aos desempregados, àqueles que foram substituídos nas empresas e fábricas, nos laboratórios e no campo...
Tal compromisso diz respeito ao amor e à compaixão.
O amor fomenta o progresso, nunca eliminando a criatura humana, sua meta e seu destino.
De que adianta um mundo tecnologicamente bem equipado, com criaturas fantasmas de si mesmas, sem objetivos de alta significação, transitando entre aspirações imediatas e prazeres fugidios?
O ser humano é o grande investimento da Divindade, que aplicou centenas de milhões de anos na sua construção, conduzindo-o, passo a passo, na longa travessia das experiências de crescimento.
Mediante o amor, de que se constitui, e na maioria ainda se encontra em latência, conseguirá romper os envoltórios resistentes, para sair à luz e desenvolver as aptidões, aumentando o campo de realizações que lhe dizem respeito.
Por meio da lucidez do amor, a Tecnologia trabalhará em favor da paz, jamais promovendo guerras de extermínio, a soldo das ambições desmedidas de indivíduos e de governos alucinados, egotistas e mercenários.
Os poderosos auxiliarão os fracos, emulando-os à conquista de recursos dignos, mediante os quais adquirirão valores para a existência saudável.
O comércio terá características humanitárias e não apenas de exploração do homem pelo homem, gerando a escravidão monetária, qual vem ocorrendo lastimosamente.
As indústrias respeitarão os direitos do cidadão, mediante horários de trabalho justo e espaços para repouso, espairecimento e estudo, mas também preservarão a Natureza.
O ser humano não foi criado para ter as suas forças exauridas, como se fora uma alimária infeliz, no justo momento em que os amigos dos animais levantam-se para profligar contra o abuso e a impiedade com que muitos os tratam.
A agricultura receberá maior respeito, tornando-se milagroso instrumento de provisão para as multidões, que não mais experimentarão fome ou escassez de alimentos.
O tráfico, em todas as formas como se apresente, será diluído na solidariedade que há de viger entre os seres pensantes da Terra.
Porque, mediante o amor, todos despertarão para as responsabilidades que lhes dizem respeito, e não apenas para os interesses mesquinhos que os submetem às tormentosas lutas de predomínio e de loucura.
Como é possível uma sociedade, na qual alguns poucos detêm o poder financeiro, que todo o restante da população do mundo, somada, não consegue sequer aproximar-se, menos ultrapassar?! Como estabelecer-se uma cultura, em nome do progresso, na qual a miséria total espia com ira a abundância e o desperdício acintoso dos poderosos?!
Como aguardar-se a paz social, estabelecida por tratados internacionais de conveniência, firmados pelas Nações mais desenvolvidas e ricas da Terra, olvidando-se dos estertores agônicos daquelas outras que lhes sofrem as injunções penosas, na condição de escravas, sem direito à palavra, à liberdade, à esperança, encontrando-se na linha abaixo da miséria estabelecida?!...
Tudo isso ocorre somente porque o amor não foi consultado, quando se cuidou de desenvolver o progresso do mundo, longe dos sentimentos da compaixão e da solidariedade para com o próximo, que não é apenas aquele que está mais perto, senão todos os seres existentes.
O amor verdadeiro, portanto, é aquele que se estabelece em todos os segmentos sociais, culturais, científicos, religiosos, artísticos, priorizando sempre a criatura humana, seu objetivo, sua razão de existir...
Com o seu hálito vivificador, comanda as consciências e os sentimentos, nunca permitindo que alguém deseje, ou faça com outrem, aquilo que não gostaria que lhe fosse feito.
Quando essa compreensão abarcar os homens e as mulheres, conduzindo-os pela trilha da evolução, o progresso será real, profundo e plenificador.
Começa, então, desde agora, com esse compromisso de amar, não pensando em resultados, exceto os do próprio amor.
O futuro encarregar-se-á de levá-lo até onde não consigas chegar, e isso, sim, é o que se faz importante.