O amor é essencial para o comportamento equilibrado e propiciador do progresso moral, tecnológico, social e espiritual da sociedade. Começando em um indivíduo, termina por envolver todas as criaturas.
O amor é vida e a compaixão manifesta-lhe a grandeza e o significado.
O amor possui dimensão infinita. Quanto mais se distende, mais espaço adquire para crescer.
Quando o ser está preenchido pelo amor, nada de mau o atinge, perturbação alguma o desequilibra, porque não há espaço vazio para a desdita nem para o aborrecimento.
A semelhança do espaço em geral, nada se lhe adere, mesmo quando atirado propositalmente, porque está repleto, não havendo lugar para novos acúmulos. Se lhe atiram perfume ou matéria em decomposição, blasfémia ou enaltecimento, tudo passa, sem o atingir, tombando no solo ou perdendose no ar.
Assim é um coração rico de amor e referto de compaixão. Plenificado, não oferece campo para outras expressões de desconforto e de ressentimento, de ansiedade e de medo.
Quando se aceita a presença do medo e se lhe permite dominação, congela-se a atividade do progresso e retém-se o impulso de realização na paralisia imposta pelo algoz impenitente.
O medo, a culpa, a mágoa constituem vapores morbíficos que intoxicam o ser, transformando-se em ferrugem corrosiva nas engrenagens da alma, que emperram, dificultando a finalidade da evolução, para a qual todos se encontram incursos nos Estatutos da Vida.
O amor prolonga a vida, porquanto a sua vigência é contagem infinita, mesmo quando há limites propostos pelo espaço-tempo da relatividade humana.
Dessa forma, a vida tem a duração do amor. Há aqueles que morrem antes do momento programado, porque deixaram de amar, ficando asfixiados na falta de motivação para viver.
Um indivíduo, que cultiva a compaixão e preserva o sentimento de amor, transforma-se em foco de luz que dilui as sombras, em patamar de paz que acalma os conflitos, em segurança fraternal que sustenta o companheirismo, em harmonia irradiante que se prolonga sem cessar...
A vida é curta somente para quem não frui a felicidade do amor, porquanto a sua vigência supera tempo e lugar, circunstância e ocorrência, tornando-se um continuum abençoado.
Esse processo de amor e de compaixão robustece as forças do navegador no oceano da matéria, porque o mantém vinculado à Estrela Polar Divina, que o norteia, apontando sempre o rumo correto por onde seguir.
Mesmo quando surgem impedimentos e ruge a tormenta, a nau da confiança não abandona o roteiro, vencendo as procelas e recuperando a tranquilidade da navegação.
Essa decisão não significa ausência de esforço, de luta, de trabalho, de desafios.
Fosse diferente, e seria morbidez, parasitismo, não amor, menos compaixão, porque somente eles robustecem o ânimo e fortalecem a capacidade de empreender novas conquistas, mediante o trabalho, o esforço que deve ser envidado para conquistá-los.
O amor é vida, e a compaixão manifesta-lhe a grandeza e o significado.
Unidos, renovam o mundo. Mas é necessário que, para a Humanidade tornar-se melhor, alguém comece amando-se, amando e tocado pela compaixão.
Para amar é necessário começar. Ninguém será surpreendido pela pujança do amor total, antes de havê-lo iniciado em pequenas experiências e vivências do cotidiano.
Às vezes, por meio de uma insignificante manifestação de ternura, um gesto de desculpa, uma ação de misericórdia ou uma formulação de beneficência.
O amor autovitaliza-se, nutrindo-se da própria energia que esparze.
No exercício da compaixão por si mesmo, o amor ensina que as criaturas são o que lograram no longo percurso das reencarnações, que ainda se encontram em fase de imperfeição, tendo o direito de errar e de experimentar dislates, não se permitindo, porém, a tolerância de permanecer nos equívocos, nos compromissos infelizes, após tê-los identificado. Também descobrirá que essa renovação não será operada por milagre, por fenômeno apenas do querer, mas sobretudo do empenhar-se pelo conseguir.
Mediante exercício diário de reflexão, aprofundando a sonda da perquirição em torno do Si, surgem os fantasmas do passado, os cobradores da consciência, os clichês dos remorsos, os impositivos da culpa em acusações incessantes, que devem ser liberados e diluídos.
Libertar-se da culpa é fundamental, a fim de não se atormentar com o receio do castigo.
Arrepender-se, sinceramente, do mal que haja feito a alguém, constitui terapia valiosa, gerando oportunidade para a reparação de todo e qualquer prejuízo que lhe haja propiciado, sem mágoa pelo passado nem angustiante expectativa pelo futuro.
Vencer os apegos a pessoas e coisas, a lembranças escravizadoras e a ansiedades de conquistas sem valor, representa também um recurso valioso para o amor e para a auto compaixão, que se exteriorizará em forma de compreensão dos delitos alheios e das suas dificuldades e limitações.
Revisar conceitos de comportamento e reavaliar atitudes são métodos significativos para a paz de espírito, no tumultuado relacionamento social.
À medida que se for vencendo a timidez e a culpa, peregrina alegria de viver tomará conta das paisagens emocionais, facilitando o trânsito pelos difíceis caminhos da fraternidade, porque estímulos inabituais surgirão para mais amar-se e mais amar.
Compadece-te dos teus próprios erros e reabilita-te, envolvendo-te na claridade diamantina do amor e viajando na direção da felicidade.
Quanto mais ames, mais sentirás necessidade de fazê-lo, porque estarás pleno de alegria e desejo de viver.
Reservando-te espaços mentais e emocionais para releitura e recomposição dos teus comportamentos, vivenciarás a compaixão pelo teu próximo e pelos teus inimigos que o deixarão de ser, embora prossigam inamistosos contra ti, mergulhados nas sombras que geram à própria volta.
Não os reproches, não tentes conquistá-los mediante argumentações e justificativas.
Ama-os de longe e concede-lhes o direito de estarem assim por enquanto, até o momento em que despertem para a própria felicidade.
Descongelando a indiferença nos teus sentimentos, o calor do amor te impulsionará à natural compaixão que vive em ti na direção de tudo e de todos.