Em face dos tormentos que te afligem intimamente, e considerando as sucessivas quedas daqueles que supunhas livres das tentações, sentes que pesado fardo te amesquinha, ameaçando os teus melhores anseios.
Ante a carreira louca dos que se atiram, vorazes, ao prato dos prazeres condimentados com leviandade, experimentas angústia sem nome, atormentando-te interiormente.
Considerando o aplauso que estruge quando passam aqueles que dilapidam o patrimônio alheio, recolhes-te à interiorização amargurosa, conjecturando quanto à nulidade dos teus esforços por ater-te à honra.
Diante dos que se agigantam no conceito de todos por meios pouco recomendáveis, sofres o acicate da soledade, que te segue, na prática da retidão.
Em todo lugar encontras desajustes e constatas a benevolência de todos para com os que tombam moralmente e se levantam na balança financeira.
Verificas, desalentado, que os teus melhores esforços são recebidos com sarcasmo e, comparando tuas lutas sofridas com as vitórias fáceis dos que seguem na multidão, sem esforço, acumulas no âmago da alma desalento vigoroso que te parece aniquilar.
Conflitos em toda parte.
Conflitos nos painéis do espírito, inquietando-te, zombando das tuas aspirações.
Levanta, porém, os olhos e segue a direção da luz.
Desembaraça os pés do cipoal da dúvida e esbordoa as trevas envolventes, avançando com segurança.
Muitos que te parecem felizes, em verdade não o são.
Desconheces-lhes o tributo oculto, em moedas de continuado esforço, para manterem a taça da aparência referta das frivolidades da ilusão.
Alguns escutam os discretos apelos do bem e não se podem desenovelar dos compromissos em que se emaranharam, e sofrem...
Sofrem outros por se conheceram como são...
O país de cada espírito é região difícil para aventureiros que desejam conquistá-los.
Cada ser é o que vive intimamente...
Por esse motivo, a desencarnação é viagem inevitável para o tribunal da consciência e a Revelação Espírita, através da mediunidade, apresenta dramas e personagens que parecem emergir das páginas mais ricas da ficção literária...
Não te preocupes, pois, com os que transitam no poder e no triunfo aparente, senão quando chamado a ajudá-los.
Recobra a serenidade e aprende a lição do tempo precioso.
Trabalha e serve sem esmorecimento, harmonizando desejos e aspirações à mensagem espírita-cristã, continuando robusto nas linhas do dever que abraças.
A estrela que fulge no Empíreo ante os teus olhos deslumbrados, possívelmente já desapareceu...
Pequeno engano de cálculo faz ruir potentes estruturas...
Insignificante partícula de fuligem encerra simetria harmoniosa e perfeita, expressando a sapiência do Criador...
Valoriza o bem que possas fazer, e faze-o quanto e quando possas fazê-lo.
As criaturas são experiências no laboratório da evolução. Não te detenhas nelas, examinando-as, comparando-as, desejando-as.
Com afabilidade e doçura Jesus atendeu a quantos o buscaram, convivendo entre os humildes e sofredores, sem esquecer os que se detinham na opulência e na fortuna. A Simão, abençoou os haveres e a generosidade; a Pilatos, com segurança, indicou o Pai Celeste como resposta ao enigma da verdade; a Joana de Cusa aconselhou os deveres de esposa e mãe; ao Centurião favoreceu com a saúde para o servo enfermo; mas não se deteve com nenhum dos transeuntes do caminho. Atendeu aos deveres que lhe competiam, e silenciosamente abraçou a Cruz de abandono e sofrimento, enquanto o mundo inteiro se demorava na busca da glória efêmera do poder, para alçar-se à grandeza celeste donde nos ajuda e segue até hoje, sem conflitos nem aflições.