Perturbação Espiritual De primordial importância para o homem é o conhecimento do Espiritismo, considerando a contribuição de valiosos informes que haure nas suas lições, preparando-se para os cometimentos no além-túmulo, tanto quanto armando-se para as vicissitudes e sucessos da experiência evolutiva no corpo.
Nenhuma veleidade de caráter sectarista em tal informação, antes defluente na resposta dos fatos observados no dia a dia das atividades humanas num como noutro estado vibratório, no corpo ou fora dele.
Conferindo responsabilidade à criatura, no que diz respeito às suas ações, de cujos resultados responderá perante a sua e a Consciência Universal, o conhecimento espírita a ilustra, igualmente, quanto à continuação da vida, não obstante a morte, predispondo-a a considerar a inevitabilidade do processo imortalista irrefragável.
O Espiritismo não possui os complementos utopistas nem os adornos das fantasias com que muitos homens se pretendem engodar, graças ao que transferem, para mais tarde, e às vezes para tarde demais, as reflexões a respeito da sobrevivência, sendo surpreendidos pelo fenômeno da desencarnação enquanto estão emaranhados nas absorventes quimeras a que dão valor prioritário em detrimento da vida em sua totalidade, que relegam a plano secundário.
Conforme assevera antigo brocardo popular: "Tal vida, qual morte", a questão não se restringe apenas às inquietações ou suavidades do momento grave do traspasse, mas, especialmente, à sucessão do tempo, na continuidade do fenômeno post-mortem.
Não estando à vida sujeita às engrenagens do maravilhoso nem do milagre, de forma alguma ocorrem transformações de profundidade naqueles que atravessam, não raro a contra gosto, a faixa divisória, que limita o trânsito no corpo carnal, no rumo da vivência espiritual.
espirituais de cada ser.
Não ocorrem duas desencarnações que sejam semelhantes.
Cada um desperta ou se demora na perturbação, consoante às características próprias de sua personalidade.
Nesse particular, o comportamento religioso exerce uma fundamental importância. Aqueles que se fixaram às ideias "niilistas", materialistas hibernam-se, não raro, como a fugir da realidade num bloqueio inconsciente de longo porte que os atormenta em forma de pesadelos infelizes, de que se não conseguem facilmente libertar. Tendo agasalhado a ideia do nada, deperecem e se exaurem em agonia superlativa, sem que se permitam alívio nas regiões frias e temerosas a que são arrastados por natural processo de sintonia mental, quando não acompanham, estarrecidos, a decomposição do corpo a que se agarram, tentando restabelecer-lhe os movimentos, em luta inglória, avassaladora...
Os que cultivaram as religiões simplistas, que prometiam os céus a golpes de facilidade e oportunismo, são surpreendidos por uma realidade bem diversa com que não contavam...
Os que agasalham ideias esdrúxulas, fazem-se vítimas de horrores e alucinações lamentáveis que os desnorteiam por tempo indeterminado.
Os suicidas, graças aos atenuantes ou agravantes que os selecionam automaticamente, descobrem em inditoso despertar a não existência da morte, incorporando as dores de que se desejavam furtar às inimagináveis agonias que lograram com a violência contra o corpo, e que, agora, invadido pela vérmina, transmite as cruas sensações da desorganização celular adicionadas à dor decorrente do processo utilizado para o autocídio...
Os que se converteram em destruidores da vida alheia, experimentam as aflições que infligiram e expungem, em intérmina angústia, o acordar da consciência e a sobrecarga dos crimes perpetrados.
As mentalizações acalentadas durante a vida física se corporificam em processos ideoplásticos de alucinação, que se convertem em fantasmas de pavor, criando cenários e sucessos hediondos, macabros e incessantes que amesquinham e enlouquecem aqueles que os vitalizaram.
insensatez, pelo desrespeito à vida...
Invariavelmente é duradouro o período de perturbação espiritual após a morte, excetuando-se a ocorrência para quantos se exercitaram nos cometimentos da sobrevivência, se prepararam interiormente para o tentame, se evangelizaram, se moralizaram, conseguiram librar-se acima das vicissitudes mediante a prática enobrecida do bem e da caridade, tomando conhecimento das leis que vigem em torno da imortalidade...
Não faltam socorros espirituais aos recém-libertos, através de Benfeitores devotados, técnicos no processo de separação dos despojos carnais. No entanto, os condicionamentos do engano, a teimosa fixação das ideias falsas, impedem o desencarnado de beneficiar-se com a ajuda oportuna e providencial que lhe trazem as afeições sobreviventes que o aguardavam, obrigando-o à atitude paciente e à espera confiante, até que se consuma a diluição da névoa mental em que se envolve, e de que se acabem os vestígios de vitalidade orgânica e viciações psíquicas em que se refugia, nas vãs tentativas de fugir à realidade inelutável...
Das dores que os surpreendem, passam os recém-desencarnados a estranheza da situação nova, que não compreendem, enlouquecendo, ao constatarem a consumação do fenômeno morte, ou por defrontarem outros sobrevivos que os aparecem em deploráveis condições espirituais.
Da mesma forma que o mergulho do Espírito na carne pelos mecanismos poderosos da reencarnação se dá em demorado processo de interpenetração molecular, o desembaraçar-se dos implementos celulares e das suas sensações exige tempo, habilidade, destreza mental e moral de quem se liberta.
Ê evidente que as vidas santificadas e os comportamentos equilibrados, a ausência ou a escassez das sensações grosseiras que prendem o Espírito ao corpo constituem facilidade para o desprendimento sem saudades, receios nem ansiedades.
Disse Jesus com ênfase: "Aquele que crê em mim, já passou da morte para a vida". Isto, porque, a crença conscientiza das responsabilidades quanto ao futuro espiritual, armando o homem para entender e preparar-se para a viagem inexorável que o futuro lhe imporá.
Conforme os hábitos salutares ou não, cultivados pelo desencarnado, a perturbação espiritual pode durar minutos e até mesmo séculos...
de gravidade, cada paciente recobra a consciência de acordo com as reações de equilíbrio que lhe são peculiares. No profundo tratamento cirúrgico que separa o corpo da alma, em proporções muito mais expressivas, o despertar é relativo ao estado mental e moral que for habitual no viajor agora em outra condição.
Em razão das implicações éticas, filosóficas e profundamente cristãs defluentes do conhecimento da vida no além-túmulo, que o Espiritismo apresenta, é que sua contribuição se faz de relevância para uma identificação mais rápida e uma conscientização mais lúcida por parte daquele que for tragado pela fatalidade da morte.