CONCEITO - Conjunto de regras que constituem os bons costumes, a Moral consubstancia os principies salutares de comportamento de que resultam o respeito ao próximo e a si mesmo.
Decorrência natural da evolução, estabelece as diretrizes seguras em que se fundam os alicerces da Civilização, produzindo matrizes de caráter que vitalizam as relações humanas, sem as quais o homem, por mais avançado nos esquemas técnicos, poucos passos teria conseguido desde os estados primários do sentimento.
Da constante necessidade de defender-se e defender as primeiras comunidades, ainda na fase agrária, surgiram as medidas ora restritivas, ora estimulantes entre os chefes e os subalternos e nas relações recíprocas dos indivíduos, do que resultavam produtivos empreendimentos e proveitosos aprestos no concerto de interesses.
Da observação pura e simples, aglutinaram-se experiências que se transformaram, a pouco e pouco, em regras para as trocas comerciais e os acertos políticos entre os diversos grupos, evoluindo para os costumes que se fixaram nas gerações sucessivas, em forma de leis e estatutos.
Impostas por uns, espontaneamente aceitas por outros, desprezadas por muitos, as diretrizes morais evoluíram e se transformaram em Civilização e Cultura, conduzindo às diversas formas de governo superior e à manutenção da ordem pelo indivíduo, em relação a outro, à comunidade, ao Estado e reciprocamente.
Dividida em teoria e prática, a primeira busca determinar o bem supremo, enquanto a outra se encarrega de expor os múltiplos deveres, que constituem os princípios práticos, basilares da vida. Observando suas regras o homem pratica o bem e evita o mal.
DESENVOLVIMENTO - À medida que a necessidade do crescimento comunitário fomentava o povoamento de novas terras, encorajando a organização social em bases de progresso, a Moral, a princípio arbitrária, depois racional e lógica, sempre esteve presente, sustentando a disciplina e, simultaneamente, tanto o equilíbrio individual como o coletivo, constituindo preocupação fundamental de pensadores e governos, para a preservação dos princípios conquistados a duras penas, nas experiências da evolução.
Somente a partir de Sócrates passou a Moral a ser considerada pela Filosofia.
Indubitavelmente muitas vezes a Moral esteve sujeita a hábeis guerreiros, que a submetiam aos próprios caprichos, da mesma forma que o pensamento padeceu não poucas aflições sob o predomínio de conciliábulos nefandos de odientos políticos que, ardilosos no manejo das situações, sabiam como manter-se, engendrando normas de tirania com que asfixiavam ou tentavam dominar os idealistas e filósofos, a fim de se manterem venais, na cúpula sempre transitória da governança.
A resposta, porém, da vida à dominação e à arbitrariedade é a pequena duração da organização humana fisiológica e o repúdio, quando não o desprezo da posteridade. Muitos sofistas, aferrados à negligência, ainda hoje tentam desconsiderar as linhas da moralidade, confundindo-as com os preconceitos e as conveniências dos hábitos sociais, nem sempre, é verdade, relevantes ou enobrecidos, assoalhando que, em variando entre os muitos povos, a Moral é uma questão de opinião sem valor...
Todavia, em qualquer período em que o lar esteve sob o estigma da dissolução dos costumes, a sociedade se corrompeu e a Civilização malogrou, consumida pelo desprestígio generalizado, dentro e fora das suas fronteiras, do que redundou o desaparecimento, malgrado o fastígio atingido, reduzindo-se a escombros, abatida pela guerra da dominação estrangeira, vencida que já estava pelo vírus da desordem interna...
Observando-se as conquistas do homem através do conhecimento, fácil é constatar-se que as regras morais são, também, medidas de higiene e saúde, com comprometimentos profundos nas atitudes e ações do próprio Espírito.
Sendo o homem um animal em evolução, a disciplina do instinto e o desdobramento dos recursos da inteligência, bem como a necessidade da preservação da vida, impõem, a princípio, a disciplina, depois, a lei e, por fim, a Moral, que se converte em nobilitante comportamento com que se liberta das constrições primitivas e se põe em sintonia com as vibrações sutis da Espiritualidade, para onde ruma na condição de Espírito imortal que é.
A história da Filosofia é uma constante busca de uma concepção otimista do mundo. E nesse capítulo a Moral é relevante.
De Hermes, com as suas asseverações espirituais, a Lao-tse, de Confúcio, com os princípios da família e da sociedade fundamentando a Moral numa filosofia da Natureza, otimista, a Zoroastro e Maomé, na concepção dualista da vida, de Socrates, Platão e Aristóteles com os conceitos políticos, morais e espirituais, as leis apresentadas por Moisés, em Jesus a Moral assume relevante proposição, que modifica a estrutura do pensamento humano e social, abrindo o campo a experiências vigorosas, em que medram as legítimas aspirações humanas, que transitam do poder da força para a força do amor... Jesus se preocupa com a perfeição íntima, ética, intransferível, dos homens, conclamando-os a realizarem o "reino de Deus" interiormente, numa elaboração otimista.
CONCLUSÃO - Certamente a moral cristã ainda não colimou os seus objetivos elevados, conquanto os vinte séculos passados. Todavia, diante dos esforços do Direito e da acentuada luta pacífica das organizações mundiais, a Moral, em diversas apreciações tornadas legais, sancionadas por governos e povos, atingirá, não obstante as dificuldades e transições do atual momento histórico, o seu fanal nos dias do porvir, propondo ao homem moderno, na moderação e na equidade, nos costumes corretos, aceitos pelo comportamento das gerações passadas, a vivência do máximo postulado do Cristo, sempre sábio e atual: "Fezer ao próximo o que desejar que este lhe faça", respeitando e respeitando-se, para desfrutar a consciência apaziguada e viver longos dias de harmonia na Terra, com felicidade espiritual depois da destruição dos tecidos físicos pelo fenómeno da morte.