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CAPÍTULO 15

INDIFERENTES



A indiferença, em qualquer situação em que se expresse, é morte da ação que induz a criatura ao progresso.

O indiferente padece de um estado mórbido, que domina a pouco e pouco, ameaçando-lhe o equilíbrio, anulando as motivações que o capacitam para a luta.

Seja como for que se apresente, a indiferença denota ausência de vida, de ideal vitalizador.

Quem sofre de tal contingência, deambula em estado de transe, sem estímulos para liberar-se.


* * *

Guardadas as proporções, o aguerrido adversário de uma causa ou pessoa é alguém que crê nos móveis da sua definição.

Comporta-se de tal forma porque se apoia em valores que lhe parecem legítimos, e muda de atuação quando, necessariamente esclarecido, se convence do erro em que campeia.

A pessoa indiferente, no entanto, não ouve nem quer ver, de alguma forma acomodando-se à situação mental e física em que mergulha.

Os que assim procedem estão enfermos da alma.

Anelaram por metas que não alcançaram; confiaram em excesso e sentiramse defraudados; aguardavam da vida mais do que lograram; autovalorizaram-se em demasia e não aceitam o conceito em que são tidos.

Procuram refugiar-se na indiferença, antes de tentar mais uma vez, mesmo que do esforço resulte o despertamento para uma nova escala de valores humanos, em que voltarão a participar dos ideais que enobrecem e dignificam a vida.


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Os indiferentes são arredios.

Porque perderam a fé, negam-se a confiar em alguém.

Assumem atitudes cínicas como mecanismos de defesa.

Fazem-se irônicos.

Com a vaidade pessoal ferida por motivações a que atribuíam desmedida significação, são insensíveis aos apelos do sentimento, que anestesiam, e da razão, que repelem.

Procuram realização pessoal através de conquistas a que dão excessivo conteúdo, transferindo-se das frustrações de que se sentem objeto.


* * *

No campo das atividades espirituais, nestes dias, os encontrarás, em número surpreendente.

Não reagem favorável ou negativamente.

Estão em outra dimensão de interesse.

Não são neutros, sequer.

Negam-se, a si mesmos, a oportunidade de renovação.

Não te aflijas pela atitude deles.

Reencontrarão, mais tarde, o caminho correto que deverão percorrer.

A dor generosa ajudá-los-á no programa da redenção.

Também, em razão deles, não deixes de produzir com afinco e entusiasmo, no teu campo de ação, quando os defrontares.

Não foram apenas os que odiavam e temiam a soberana força do amor de Jesus, que O levaram à morte, e sim, os indiferentes: um sumo-sacerdote negligente dos seus deveres, que O conhecia; um outro que preferia ignorá-10, resolvendo por silenciar-Lhe a voz e um governante frio, que lavou as mãos ante o Seu destino...

Todavia, apesar deles, o Senhor escreveu, através do sacrifício pessoal, na história da Humanidade, a página mais comovedora e estoica de todos os tempos, que até hoje atrai mentes e corações para a Sua doutrina, mesmo havendo, ainda, muitos indiferentes que se recusam recebê-lO e respeitá-lO.