Vez por outra, a cizânia imiscui-se entre os trabalhadores do Evangelho, tentando lançar uns contra os outros, em nome da defesa da verdade, de que cada qual se sente depositário.
Influencia-se a mente através da hábeis manobras do sofisma e semeia-se suspeita, em combate inglório, de que se fazem mercenários a soldo da vaidade ou das paixões infelizes.
Parecendo defender causas nobres e ideais superiores, propagam o mal antes que o extinguem, disseminando informações doentias com deslavada satisfação.
Estão na vigília para o mal.
Nunca possuem uma palavra de estímulo para a ação dignificante. No entanto, vasculham o tremedal até encontrar material para as arremetidas furibundas.
São os fomentadores da desarticulação do programa do bem.
Como não é certo agir em desrespeito à Lei, menos correto é apontar o erro alheio, gerando desconforto e caos.
Se tens algo contra alguém, vai a ele, fala com franqueza e cordialidade.
Se te eleges fiscal de alguém ou de uma Causa, não sejas o relator público das mazelas deles.
Busca a quem de direito e observa o que anotaste, imbuído do sentimento edificante de ajudar.
Faze tua a tarefa de esclarecer-ajudando e a de corrigireducando.
Em nome da verdade não leves ninguém à execração pública, auferindo os aplausos dos apaniguados do escândalo e alimentando-te como a eles com as vísceras expostas da vítima.
Como cristão, recorda-te do ensino de Jesus, a respeito da questão: "Se o teu irmão pecar contra ti, chama o infrator em segredo e fala-lhe. Se ele te ouvir tê-lo-ás ganho. Se não te atender leva algumas testemunhas e volta a falar-lhe. Se ele se recusa a ouvir-te, reúne a Igreja e expõe o fato. Se permanecer no erro, só então poderás informar à comunidade. " (1) O Codificador do Espiritismo reportou-se, igualmente, ao assunto, quando considerou que se tem o direito de chamar a atenção daquele que incorre em faltas graves e que atua incorretamente, desde que isso atenda "de preferência ao interesse do maior número. " (,) Não olvides, porém: como é necessário o escândalo ai daquele que o provoca!
Jesus, que conhecia as nossas imperfeições e deslizes, jamais se preocupou em divulgar tais erros, inclusive os daqueles que procuravam perturbar-Lhe a marcha.
Jamais deixou de ensinar, corrigir e amparar, sempre conferindo oportunidade de edificação ao caído em engodo, sem o infelicitar mais, exibindo-lhe as mazelas diante do público.
Esclarece e ajuda.
Escândalo, não, nunca, pois ele perturba e conspira contra a paz de todos, destruindo-a, inclusive em ti mesmo.