“Não extingais o espírito.” — PAULO (1ts
Saibamos estender os valores do espírito.
Observa a estrada nobre que te oferece passagem com segurança e lembra-te de que ainda ontem era trato de terra inculta.
Serpentes insidiosas aí acalentavam a peçonha que se lhes acumulava no seio, enquanto vermes famintos se amontoavam no mato agreste.
Mas chegaram braços amigos e abnegados, atentos à disciplina…
Maquinaria enorme trabalhou a cabeleira verde da gleba, harmonizando-lhe as linhas; picaretas extraíram-lhe os pedrouços semelhantes a flegmões cristalizados; o cimento pavimentou a trilha aberta, e a organização lhe imprimiu determinada ordem aos movimentos.
Quantos semblantes suarentos para que a obra surgisse, quantos dedos quebrados, quantos lidadores rendidos aos acidentes inevitáveis e quantas inquietações por eles vencidas, não podes realmente saber, mas podes reconhecer que foi o trabalho inteligente — luz divina do espírito humano — a força, que te facultou a vitória sobre a distância.
Cada vez que a viagem te suprime ansiedades e poupa aflições, ainda mesmo que, por agora, não saibas agradecer, a estrada te partilha a tranquilidade e o contentamento, envolvendo os operários anônimos que a construíram em sublime coro de bênção.
Analisa semelhante lição, encontradiça em cada canto de rua, e não olvides que a ignorância é também aflitiva selva no mundo. Abracemos o serviço da educação e da bondade, com alicerces na disciplina do Cristo, que é para nós outros, o Engenheiro Celeste, e tracemos novos caminhos de evolução e de entendimento, em que as almas se aproximem na exaltação da alegria e na ascensão do progresso.
Não importa sejamos hoje artífices sem nome. Vale o serviço feito.
Humilde réstia de luz que acendermos envolver-nos-á em seu clarão e a pequenina semente de fraternidade que venhamos a lançar no solo da vida abençoar-nos-á com os seus frutos.
(Reformador, maio 1959, página 98)