De Divaldo Pereira Franco.
Ditado pelo Espírito de Joanna de Ângelis.
Em face dos muitos conflitos que tomam conta da criatura humana, que parece divorciada dos princípios ético, morais e das propostas libertadoras da ignorância e da estultice, comprazendo-se na desordem e no exacerbado prazer dos sentidos, não podemos ignorar a necessidade de recordar-lhe algumas diretrizes para o seu êxito real no desiderato da reencarnação.
Confundindo gozo com felicidade, numa alucinada correria para o excesso de toda ordem, incluindo o desbordamento das paixões, sucumbe, sem dar-se conta, ao peso das aflições com que se sobrecarrega, anestesiando a consciência para não pensar e anulando o sentimento na vã proeza de passar incólume diante do sofrimento.
O desconcertante culto ao corpo e ao endeusamento pessoal tem arrastado multidões inexperientes aos transtornos psicológicos de natureza grave, bem como a enfermidades perversas resultantes do mau uso da organização somática.
Infecções cruentas alastram-se ameaçadoras e processos degenerativos aumentam vertiginosamente, como resultado da insânia comportamental a que se entrega expressiva parte da comunidade terrestre.
Hoje, mais do que ontem, os seres humanos apresentam-se desnorteados, consumidos pela volúpia do prazer que, para ser conseguido, exige tributos muito altos, como a conquista de recursos amoedados mediante quaisquer expedientes, o absurdo exibicionismo do ego, a disputa desenfreada pelo pódio onde permanecem por pouco tempo.
A violência, a drogadição, o sexo em desvario...
Seis mil e quinhentos anos aproximadamente de valores éticos, de cultura e de civilização, parecem desmoronar ante os descalabros de toda ordem que tomam conta da sua conduta.
Naturalmente, em um retrospectivo histórico, o fenômeno tem-se repetido, conforme a época, quando uma civilização depois da glória atinge a decadência, assim ensejando o surgimento de uma nova etapa evolutiva.
Assim sucedeu no passado com as grandes nações que dominaram o mundo ou parte dele, quando tombaram no de caimento, em razão dos desvios morais que os seus cidadãos se permitiram, bem como do abuso do poder a que alguns se entregaram.
Seria de supor-se que, após Jesus, os rumos a serem seguidos fossem outros, caracterizados por condutas mais dignas, propiciadoras de paz.
Infelizmente, porém, a Sua mensagem rica de pulcritude e amor foi desconsiderada, adaptada aos interesses de governos arbitrários e de religiões dominadoras, que olvidaram o ser humano para quem Ele veio, então substituído pelos interesses imediatos da glória, da forma, do orgulho e da ilusão...
O resultado foi lamentável!
Vive-se hoje, como consequência, o Cristianismo sem a presença do Cristo, aquele que foi elaborado pelos homens e mulheres ambiciosos.
Substituiu-se o amai-vos uns aos outros pelo armai-vos uns contra os outros.
Vem proliferando, nas fileiras da fé religiosa, a indiferença pelos que sofrem, os denominados excluídos, os desfavorecidos de recursos financeiros, de beleza física, de posição social, ao tempo em que a jactância dos dominadores toma corpo e a sua arrogância dissemina guerras injustas, perseguição generalizada a todos aqueles que não lhes pertencem aos quadros de interesse, alguns acreditando-se instrumentos de Deus para esse fim ignóbil.
Irmãos digladiam-se, uns contra os outros, em acusações absurdas e cruéis, disputando a bajulação dos seus cômpares, em campanhas difamatórias, com o exclusivo interesse de malsinar e perseguir aqueles que lhes parecem mais dignos e mais elevados moralmente.
Como não os podem alcançar, tentam rebaixá-los ao seu nível.
Por consequência, há uma incontrolada sede de amor, gerando seres atormentados e solitários que descambam nos abismos da solidão e da loucura.
Igualmente, a fome de alimentos ceifa dezenas de milhões de pessoas esquecidas, cada ano, não se contabilizando aquelas que sobrevivem, mas que por desnutrição e carência orgânica tornam-se espectros vivos, sem ideal nem esperança...
O mundo religioso, de quase todas as denominações, acompanha o suceder desses trágicos acontecimentos, ignorando o que se dá em toda parte, cada grupo mais interessado na preservação do seu status, do seu crescimento, da aquisição de poder e de grandeza terrena.
Certamente que existem exceções enobrecedoras, não, porém, suficientes para reverter o doloroso quadro.
Fala-se mais do que se age.
Predica-se com expressões formosas, sem o alicerce da prá tica das lições apresentadas.
Discute-se com ardor e atua-se com indiferença ou rancor.
São dias muito sombrios espiritualmente e de comportamentos infelizes estes.
Não constituem, porém, novidade para o cristão decidido e coerente, porquanto Jesus anunciou a ocorrência que hoje é vivida no planeta.
De tal forma o Mestre Incomparável preocupou-s e com essa dolorosa situação que viria, que prometeu enviar o Consolador, nesse momento injurioso, a fim de que repetisse as Suas lições, dissesse coisas novas e ficasse para sempre orientando os rumos que deveriam ser percorridos.
Há um século e meio quase, materializou-se a Sua promessa no Espiritismo, que se propõe a regenerar o ser humano individualmente e a sociedade como um todo.
Apesar disso, a colheita de frutos tem sido quase inexpressiva até este momento, o que é realmente doloroso ao ser constatado.
Os Espíritos procedentes da Grande Luz, no entanto, estão vigilantes e cuidam de manter a sementeira da esperança, do amor, da compaixão, do perdão e da caridade na Terra desolada.
Homens e mulheres conscientes do dever e sinceramente devotados ao amanho do solo dos corações e a libertação das mentes, estão empenhados labor de contribuir da melhor forma possível em favor do novo amanhecer.
Pensando nesses heróis da fraternidade e em muitos outros candidatos ao ministério de renovação pessoal, assim como do planeta terrestre, reunimos neste volume algumas páginas que escrevemos ao longo dos meses, portadoras de diretrizes para o êxito da jornada que pretendem realizar.
São mensagens simples, de conteúdo já conhecido, em formas novas de apresentação, repetindo o pensamento de Jesus e as informações catalogadas por Allan Kardec, a fim de que aqueles que nos honrarem com a sua atenção, encontrem estímulo e roteiros sempre novos para seguirem adiante, corajosa e amorosamente.
Outros sim, com este modesto trabalho psicografado, homenageamos o preclaro codificador do Espiritismo, neste ano do seu bicentenário de nascimento, quando veio ao mundo em Lyon, na França, no dia 3 de outubro de 1804.