Os gestos audaciosos em defesa da vida, os testemunhos eloquentes de exaltação do bem, as atividades grandiosas em favor da sociedade, os incomparáveis sentimentos de solidariedade, os sacrifícios incomuns pelas causas do dever e da honra, as renúncias profundas objetivando resultados felizes para os outros, os movimentos socorristas que amparam os sofredores, as ações de doação superlativa salvando acidentados, todos constituem valores que santificam os heróis.
Pessoas forradas de sentimentos elevados esquecem-se de si mesmas e atraem a atenção da comunidade, dedicando-se a fraternidade, às realizações dignificadoras de promoção moral e social de outras criaturas, tornando-se heroínas que elevam os níveis espirituais da Humanidade.
O herói, após reconhecido e homenageado pelo aplauso e pelas honrarias oficiais, públicas ou particulares, deixa sinais do seu exemplo que pode estimular outros mais tímidos a assumirem os valores que lhes exornam o Espírito, a serviço dos ideais dignificantes que um dia constituirão fenômeno natural no comportamento geral.
Por enquanto, ainda se faz necessária a presença do herói, do mártir, do santo, do apóstolo, de alguém que tenha a coragem de enfrentar os preconceitos e as comodidades, a fim de lecionar amor e compaixão, entregando-se ao mister do auxílio a todos indiscriminadamente.
Experimentando incompreensões a soldo da inveja e da malquerença, os desafios e a sordidez dos descrentes nos valores morais do ser humano, eles avançam intimoratos e intemeratos, dedicandose ao ministério de elevação, sem preocupar-se com o cepticismo de uns nem a zombaria de outros.
Destacando-se entre os adormecidos em relação a promoção da sociedade, são perseguidos e cobrados pelo atrevimento de demonstrarem a excelência das virtudes, consideradas de pouca monta nestes dias utilitaristas.
Fascinados, porém, pelos ideais de realização espiritual, distendem braços e sentimentos generosos ao próximo, sem perderem o contato com a razão nem com o conhecimento, que também os estimulam ao prosseguimento da empresa de renovação social da Terra.
Alguns desconhecem a força que possuem e não se dão conta da grandeza de que se reveste o seu abnegado esforço.
Muitos sabem que podem realizar os propósitos a que se entregam e não desfalecem na luta.
Raros porfiam sem desânimo e atingem os objetivos que traçara desde os primeiros tentames.
Não pretendem ser heróis ou conquistadores.
Tornam-se pela função a que se entregam, construindo a nova ordem de valores que os fascinam.
Diversos se consagram ante a opinião pública e são laureados pelo que fizeram, pelo que estão realizando...
Há, no entanto, muitos heróis anônimos que não se permitem reconhecer como tais.
Nunca se queixam, jamais se exibem, em tempo algum se dão conta do alto significado das suas vidas.
O que realizam, fazem-no com naturalidade, sem que se considerem seres especiais ou missionários.
Compreendem que ajudar é um dever a que todos nos encontramos submetidos, e que é muito mais confortador quando se socorre do que mesmo quando se é socorrido, não obstante a incomparável alegria que deve tomar conta de quem é beneficiado.
Esses heróis desconhecidos encontram-se nos mais variados segmentos sociais e humanos, graças aos quais a vida se torna cada vez mais digna de ser vivida e com eles a Humanidade galga mais elevados degraus de ascensão.
Enfermeiros gentis e incansáveis sustentam a fé cambaleante de pacientes em desespero, ajudam aqueles que se encontram amargurados, animam aqueloutros que se entregam ao deperecimento, encorajam os que se permitem a depressão...
Servidores humildes de todos os matizes trabalham com abnegação, entregando-se ao mister com alegria e auxiliando os seus patrões que nem sempre os consideram ou dão-lhes qualquer valor.
Mestres pacientes e compassivos abrem espaços de luz nas mentes sombreadas pela ignorância ou pela perversidade, tornando-se modelos de vidas exemplares, que plasmarão esperança, dignidade e valor naquelas que lhes são confiadas.
Mães e pais silenciosos que se afadigam nos sacrifícios inomináveis, a fim de proporcionarem aos filhos tudo quanto não tiveram, sem apresentarem exigências de gratidão ou de afeto.
Filhos enriquecidos de ternura cuidam de genitores enfermos ou desalmados sem cansaço nem queixa, por compreenderem que o seu é o dever de amar e servir.
Amigos solidários sempre dispostos a ajudar sem imporem a necessidade do reconhecimento e da compensação.
Pessoas simples que repartem o minguado pão com outros mais necessitados, não alegando o que fazem nem esperando compreensão dos beneficiados.
Religiosos abnegados que fogem das luzes glamorosas da ostentação e da vaidade, atendendo os fiéis com humildade e perseverança.
Sofredores que amparam outros do mesmo gênero entre sorrisos e sem afetação social.
Companheiros de lutas que oferecem ombro gentil àqueles que desfalecem sob as garras das necessidades e das doenças devoradoras.
Irmãos da caridade que descem da condição social de destaque para erguer a outros patamares aqueles que derraparam e ficaram no fosso moral do alcoolismo, do tóxico-dependência.
Todos, heróis anônimos, que estão construindo o mundo de paz e de ternura, de fraternidade e de amor sem jactância nem exibicionismo.
Também, cientistas e pesquisadores de nomeada que ofereceram suas existências para identificar os males que afligiam a sociedade e a esfacelavam com periodicidade, apresentaram as terapêuticas e as soluções para que fossem erradicados, merecendo ser recordados como heróis de todos os tempos.
Não foram poucos, porém, aqueles Espíritos que aderiram ao Cristianismo nascente, tornando-se heróis da fé, anônimos uns, célebres outros, que igualmente doaram tudo quanto possuíam, inclusive a vida física, a fim de que o Cristo, que neles habitava interiormente, se expandisse em direção da Humanidade.
Suas existências, ricas de renúncia e de amor, de sacrifício e de abnegação, constituem as páginas mais nobres da história dos tempos que se iniciaram com o nascimento do Mestre Nazareno.
Faze-te herói anônimo do amor e respira felicidade íntima durante a jornada terrestre.