Diretrizes Para o Êxito

CAPÍTULO 13

TÉDIO



Quando os objetivos humanos que devem ser buscados com afã se encerram na conquista daquilo que se pretende, não poucas vezes, o sentido e o significado da existência desaparecem.

Alcançada a meta, a razão de viver, de empenhar-se, de produzir cede lugar ao tédio, a angústia, empurrando aquele que assim procede para os abismos da depressão ou dos vícios, mediante os quais foge da realidade diária.

O excessivo apego aos filhos, quando estes crescem e devem enfrentar as próprias lutas, dar curso aos programas da própria existência, produz nos genitores amarga aflição, caso não se hajam preparado para essa inevitável ocorrência.

A ansiedade por alcançar um patamar elevado na carreira elegida, logo que atingido, produz desinteresse pelo prosseguimento das lutas, em razão da falta de estímulos.

O contato diário com qualquer tipo de sofrimento, quando repetitivo, gera certa indiferença naquele que ouve e convive, alienando ou levando a melancolia, a perda de motivação para ser feliz, ante tanto desconforto moral, físico, espiritual.

O esforço para amealhar recursos financeiros e econômicos que impulsionam as multidões ávidas e inquietas, logo faculta comodidade e abre espaço para o tédio.

A busca da fama e do destaque na sociedade sempre devedora dos seus próprios mitos, logo que atingida, deixa ressaibos de amargura, que são acompanhados pelas fugas espetaculares no álcool, nas drogas ou nos abusos do sexo em desalinho.

A inquietação que decorre da luta para conseguir-se chegar ao poder de qualquer natureza, logo se vê diminuída pelo que foi atingido, transforma-se em acomodação e indiferença pelas infinitas possibilidades de servir ao alcance, por falta de encorajamento para socorrer e amparar as multidões que vivem sob sua dependência.

São muitas as facetas da busca do imediato na condição terrena, que lograda, deixam o seu aficionado em terrível frustração, quando não em desespero surdo, entregando-se a uma existência de trabalho com exigência de horários e de devotamento, o ser humano quando se a condutas mesquinhas e depressivas, que se transformam em tormentos para a família, quando a tem, ou para si mesmo, quando a sós.

Certamente existem valiosas exceções que devem ser consideradas, mas que não eliminam a generalidade daqueles que permitem a conduta de apegos excessivos, de metas próximas e de conquistas relâmpagos.

O tédio é terrível flagelo que consome existências humanas, que poderiam ser utilizadas de maneiras superior na construção da sociedade.

Sinuoso, penetra suavemente no comportamento e instala-se na mente e no sentimento, depauperando o indivíduo, dominando-o irremediavelmente.

Quando te percebas a um passo do tédio, por uma ou outra razão qualquer, assume nova postura e busca uma atividade que te preencha o tempo físico e o mental com estímulos para o prosseguimento da tua existência útil.

Nunca te consideres impossibilitado de trabalhar, de agir no bem, de produzir.

Por mais complexos que sejam os impedimentos que se te apresentem, se insistires na ação, descobrirás recursos valiosos para o prosseguimento jubiloso da existência corporal.

Considera o esforço dos artistas sem braços, sem pernas, que se revelam excelentes pintores escultores, desenhistas, ricos de inspiração e de alegria de viver.

Passa pela reflexão as vidas de outros tipos de deficientes que se transformaram em mensageiros da alegria, da renovação interior e se tornam membros indispensáveis da economia moral e social terrestre.

O esforço que se exigiram não lhes concedeu tempo para qualquer forma de tédio ou de desinteresse, entregando-se a lamentações ou ao desencanto, somente porque se encontram portadores de alguma limitação.

De tua parte, caso te encontres avançando para a morte dos ideais, estabelece um programa de ação, anotando, mesmo que resumidamente, as tuas experiências diárias, no escritório, no lar, na rua, onde quer que te encontrares.

Escreve entorno do que ter causou aborrecimento ou te produziu estímulo, que lição retiraste de determinado fato ou contato, quantas vezes te inspiraste ou te emocionaste no relacionamento, e verificarás, posteriormente, que a vida renasce diante de ti, invitando-te a renovação.

Desarmado de sentimentos mórbidos e do desinteresse pelas conquistas que antes impulsionavam ao avanço, aparecem outras motivações que decorrem do trato com as pessoas e os serviços que devem ser realizados.

Simultaneamente, o pensamento em torno da imortalidade, na qual todos nos encontramos mergulhados, ativará o centro de interesses psicológicos para que não se pare em situação alguma, porquanto o prosseguimento da vida, mesmo depois da morte física, servirá de vitalidade para nunca desfalecer-se.

Substituindo, embora sem cancelar, as aspirações em torno das conquistas materiais por aqueloutras de ordem moral e espiritual, o sentido existencial permanece e o ser humano avança sem detença na construção da plenitude, autoiluminando-se, auxiliando o seu próximo e autorealizando-se.

A mente que não se deixa entorpecer por falta de pensamentos elevados, que se entrega a oração, buscando as Fontes Inspiradoras, alcança campos vibratórios enriquecedores de harmonia e de bem-estar.

Todos os seus espaços permanecem preenchidos de ideias e os sentimentos são tomados pelos projetos de enobrecimento que dignificam a espécie humana.

Conforme assevera com propriedade um velho refrão, que o trabalho ainda é a melhor maneira de fazer o tempo passar, labora sem descanso e acompanharás o suceder das horas em clima de alegria.

Não cesses de edificar, nem te permitas contemplar a retaguarda do já feito, antes examina a perspectiva do quanto ainda necessitas realizar, para sentires o hálito da vida sustentando-te na marcha.

Aspira a conquista do Infinito e nunca te sentirás entediado com os logros conseguidos.

Quem se basta com as aquisições apenas materiais ainda não alcançou a real maturidade psicológica e, por isso, não descobriu as prioritárias metas existenciais, permanecendo em faixa emocional imediatista, que logo há de frustrá-lo.

Aquele, porém, que anela pela alegria de viver, não apenas pelo que consiga deter nas mãos, mas pelas esperanças de novas realizações enobrecedoras, nas quais o empenho pelo conseguir e o desejo de mais servir se fazem presentes, nunca se cansará, não desanimará, jamais será vítima do morbo do tédio, porque estará sempre em ação, sentindo-se útil e pleno.