De tal maneira predominam o pessimismo e a maledicência, a ira mal contida e o ódio contra as pessoas, os ideais e as instituições que, não raro, uma psicosfera pestífera envolve os indivíduos particularmente e os grupos em geral, impregnando-os de desconfiança e revolta.
Os milênios, que têm varrido a Terra oferecendo admiráveis realizações humanas, não conseguiram alterar a conduta atávica de centenas de milhões de Espíritos, mantendo-os resistentes ao engrandecimento moral e ao crescimento íntimo, de forma que contribuam em favor da fraternidade real.
Predomina em a natureza do indivíduo a habilidade para a intriga, para a competição infeliz, para a censura pertinaz, para o reproche contínuo...
Enquanto alguns poucos se afadigam nas atividades relevantes, um número maior se detém a apontar erros e a descobrir falhas morais, de forma que diminuam ou anulem os efeitos saudáveis decorrentes do bem.
Conseguem interpretar os melhores conceitos de maneira destrutiva, utilizar as palavras ouvidas como armas contra aqueles que as emitem, confundir as informações apresentadas, gerar cizânia com argumentação falsa revestida de autoridade...
Estão sempre vigilantes para combater o próximo, jamais para o auxiliar, permitindo-se corroer pelo ciúme e pela inveja, que os atiram uns contra os outros, numa guerra surda ou declarada que divide os grupos em minorias incapazes de resistir aos naturais embates do processo da evolução.
Fingem-se possuidores de conhecimentos que, em verdade, não possuem, de capacidade de realização que não resiste ao menor tentame, escusando-se invariavelmente toda vez quando convocados a demonstrar as habilidades de que se fazem divulgadores.
A sua é uma atitude tão perversa e constante que, muitas vezes, conseguem impregnar aqueles que os cercam, contaminando-os com o seu morbo e neles matando os nascentes ideais do bem ainda não fortalecidos.
Ferem, com certo prazer mórbido, dando a impressão de que a sua censura fundamenta-se em fatos que devem ser revelados, a fim de desmascarar aqueles a quem chamam de mistificadores, sendo eles os ideais e verdadeiros...
Estão sempre prontos a reclamar, embora não estejam envolvidos com a realização que a outrem pertence, fiscais psicóticos da conduta alheia em que se transformam.
Encontram-se por todo lado, pois que esse comportamento enfermiço faz parte da alma humana em seu processo de desenvolvimento.
Para eles é mais fácil atirar pedras do que juntá-las.
Reclamar contra os obstáculos, ao invés de retirá-los do caminho.
Condenar a sombra do que acender uma lamparina.
Maldizer o pântano, ao revés de abrir uma vala para conveniente drenagem.
São, porém, irmãos da retaguarda, ainda debatendo-se no primarismo em que se comprazem, impedindo-se o próprio crescimento espiritual.
Não te molestes com eles nem te deixes impregnar pela sua maldade.
Apieda-te deles, mas segue adiante.
Encontrá-los-ás, também, nas fileiras do Movimento Espírita, que reúne almas de todos os níveis, a fim de facilitar-lhes o progresso intelecto-moral.
Quase todos aqueles que aportam nas fileiras do ideal espírita libertador são possuidores de mazelas que os impulsionam para a Grande Luz, mas antes de atingi-la, o que certamente demorará muito, expressam-se como são, vivenciando aquilo que os caracteriza, avançando conforme a estrutura que possuem.
Diversos que se intelectualizam, raramente utilizam da conquista do conhecimento para servir, mas servem-se do tesouro mental para a presunção, mantendo-se distantes da ação diária que revela a qualidade interna de cada um, para mais facilmente dispor de tempo para a insana guerra contra todos quantos elegem como adversários...
Inspirados pelos Espíritos inferiores afins, com os quais sintonizam por identidade de propósitos e conduta, ufanam-se da falha cultura que possuem, gerando embaraços para os menos dotados, mas que se estafam na luta pela transformação moral para melhor, na prática dos postulados doutrinários, não se permitindo trégua ao trabalho nem repouso injustificado, porque sabem que as obras são o reflexo do valor íntimo de cada um.
Estes últimos, no entanto, pelo esforço que envidam, por fidelidade ao dever a que se entregam, em face do espírito de serviço que demonstram, são inspirados pelos guias da Humanidade, que deles se utilizam para tornar o mundo melhor e mais feliz, ampliando a área de esperança que deve viger de forma constante.
Permanecem impregnados pelas forças da dignidade e do altruísmo, não se deixando atingir pelos petardos que lhes são atirados nem pelas campanhas sórdidas que são engendradas contra os seus propósitos.
O hálito superior da Espiritualidade sustenta-os, impulsionando-os sempre para a frente, mesmo quando sofrendo ou perseguidos pela hostilidade dos famigerados adversários do bem, porque sabem que se encontram na Terra para reparar equívocos cometidos anteriormente, para conquistar o patrimônio de luz que lhes está reservado.
Narra-se que certo indivíduo pediu a Deus em prece que o ajudasse a ser menos presunçoso, porquanto aspirava a alcançar a perfeita identificação com a Verdade.
Passaram-se alguns dias e, oportunamente, enquanto orava, deu-se conta de que já não se sentia tão jactancioso como antes, e que o Senhor da Vida auxiliara-o no propósito acalentado.
—Muito obrigado, meu Pai, agora, sim, sei que já sou perfeito!...
A presunção não tem medida, não se examina, sempre dispõe de mecanismos para a exaltação de si mesma.
Fascina o indivíduo e condu-lo a situações ridículas, quando não infelizes.
Resguarda-te desse inimigo sutil que destrói muitas intenções edificantes, inumeráveis realizações positivas.
Segue, simples de coração e compassivo, fazendo o que te esteja ao alcance.
Busca a iluminação pelo estudo, pela reflexão, pela prece e entrega-te a ação, cujo mecanismo de serviço de ti fará um verdadeiro servidor do Cristo.
Nem Jesus transitou na Terra sem a vigilante perseguição dos pérfidos e invejosos, que não titubeavam em criar-Lhe embaraços, tentando-O a cada passo.
Sobranceiro e amoroso, entretanto, o Mestre compreendia-os, mas não se permitia atingir pelas suas peçonhas nem pelos seus arremedos puritanos.
Utilizavam-se dos códigos falsos que elaboravam para gerar perturbação em volta do Senhor, até o momento quando Ele exprobrou-os com severidade, dizendo: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!
Porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia.
Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e iniquidade. (Mateus