Diretrizes Para o Êxito

CAPÍTULO 30

COMPORTAMENTO ASSERTIVO



De forma incontestável, o comportamento desvela a pessoa interior, suas aspirações e projetos, seus valores e conquistas.

A maneira como se conduz em família, no grupo social, nas atividades profissionais, expressa o nível de cultura e de educação em que se encontra, revelando significativos traços da sua personalidade.

Quando da adoção de uma fé religiosa, mais significativo se apresenta, ensejando aos demais entenderem o grau de aprofundamento da convicção haurida e a influência produzida no seu íntimo.

Afere-se, pois, a convicção de alguém pela adequação dos objetivos essenciais ao seu modo de viver, pois que, do contrário, os atos desmentem as teses explanadas.

Nesse sentido, o comportamento assertivo desempenha um papel relevante, tendo-se em vista o compromisso do indivíduo com as próprias convicções e a exteriorização desses conteúdos.

Em face da sua magnitude, o Cristianismo é uma excelente doutrina, cuja divulgação faz-se com mais eloquência pelos atos dos seus adeptos, do que pelo verbalismo de que se tornam portadores.

Lamentavelmente, nos tempos atuais, há um grande abismo entre as lições exaradas nos Evangelhos e a maneira de comportar-se daqueles que se lhes vinculam intelectual e emocionalmente.

O apego aos prazeres insensatos e a luta devoradora pela conquista de posições relevantes, vêm mascarando os sentimentos dos indivíduos que se associam às fileiras do pensamento de Jesus, em lamentável demonstração de que entre a teoria e a conduta há um terrível apego.

As tradições medievais, com as suas castrações psicológicas, criaram conceitos falsos sobre a humildade, tornando os seus simpatizantes submissos, misantropos e subservientes, por falta de dignidade de vivenciar o comportamento assertivo.

Escamoteando os conflitos internos, a timidez e os medos perturbadores, esses adeptos aceitam tudo que lhes é proposto, mesmo quando lhes violenta os interesses dignos ou fere-os nos valores ético-morais, sem oferecer-lhes estímulos para que se ergam e enfrentem os desafios com dignidade.

Essa atitude passiva, acentuada pelo disfarce da voz mansa, do maneirismo sedutor, tem sido responsável pelo grande número de dissimuladores da verdade em constantes campeonatos de fingimento.

A humildade jamais é conivente com a injustiça, com a violência, com o desrespeito.

Nunca se soube que Jesus anuiu com as situações degradantes e as imposições descabidas geradas pelos seus antagonistas.

Foi por não se deixar submeter ao absurdo da hipocrisia dominante, que se tornou considerado inimigo de Israel, pelos religiosos pusilânimes e do Império Romano, pelos verdugos dominadores.

O comportamento assertivo estabelece-se num conjunto de valores que se deve ter em conta, a saber: Ter opinião e defendê-la, enfrentar críticas quando justas e oportunas ou não, manter-se com naturalidade quando formule pedidos ou os recuse, estabelecer conversação sem imposições descabidas, estar receptivo sempre para mudanças mais enriquecedoras.

O indivíduo passivo tudo faz para não ser convidado a opinar, porque teme ferir ou desagradar, mantendo-se equidistante em quaisquer discussões em face do receio de ser mal interpretado, não entendendo que cada criatura é portadora de sua própria forma de ser e de crer, e que a concordância absoluta nem sempre é possível.

Por outro lado, não tem a coragem de enfrentar qualquer crítica, mesmo quando justa ou leal, deixando-se afetar pela forma como lhe é feita pelo antagonista.

Isto porque, não discerne entre um conceito ideológico e o seu complexo de inferioridade, que sempre se atribui como pessoa desamada, perseguida.

O portador de comportamento assertivo, no entanto, sabe enfrentar a crítica, quando se trate ou não de uma análise objetivando corrigir e aprimorar-lhe o pensamento ou a conduta, podendo distinguir quando o interesse é ajudar ou destruir.

Assim, recebe-a com naturalidade e mesmo alegria, sendo-lhe positiva, porque sabe que a existência é uma incessante oportunidade de aprendizagem.

Considera-se credor de ajuda, quando necessite solicitar algo e reconhece-se com o direito de negar qualquer petição que não lhe corresponda aos sentimentos, seja por qual razão for.

Essa serenidade que lhe define o caráter espelha os seus sentimentos internos, especialmente aqueles que são frutos da sua convicção espiritual.

Acreditando na imortalidade da alma, não se pode permitir dubiedade em relação a crença e ao comportamento antagônicos entre si.

É coerente e sincero, agradável e gentil, mas não conivente ou adepto do escapismo, de modo que se preserve de envolvimentos que se lhe tornem menos vantajosos.

Não poucos, no entanto, assumem uma postura agressiva, procurando manter-se em atitude hostil a todos quantos dele discordam ou pensam de maneira diferente, impondo suas ideias ou desejando forçar a sua aceitação, sempre dando a ideia de que é possuidor do conhecimento, que não admite controvérsia.

Tornando-se arrogantes e insensatos, as suas ideias inspiram antipatia e desagrado, porque são destituídas de argumentos sólidos, resistentes aos debates esclarecedores.

Quase sempre esses indivíduos agressivos exteriorizam os seus conflitos que disfarçam na convicção que defendem, dessa maneira fugindo da dificuldade de aceitar-se e de amar-se, por consequência, de serem aceitos e amados.

Facilmente coléricos ou taciturnos, inspiram animosidade e encontram-se sempre a sós com as suas ideias, às vezes, esdrúxulas, auto-satisfazendo-se e aos outros desprezando.

Formam a expressiva legião de atormentados que se comprazem em atormentar, porque, sem paz, tumultuam a todos e a tudo.

A luz mirífica do pensamento cristão, no entanto, transborda dos sentimentos de quem a possui e esparze claridade a sua volta, atraindo e envolvendo todos quantos se lhe acercam, nunca gerando sombra ou conflito.

O comportamento assertivo é bem a medida do equilíbrio da fé que o indivíduo mantém na justiça de Deus, nos deveres que lhe cumpre atender, no esforço a desprender em favor da própria e incessante renovação moral, no contínuo crescimento espiritual na busca do Infinito.

Nem sempre, talvez, será entendido esse que assim se comporta, mas isso não é importante, porque o seu não é o objetivo de conquistar um círculo de pessoas que lhe são admiradoras ou simpáticas, mas de conduzir-se conforme a crença que vivencia, demonstrando-lhes a excelência da qualidade pelo bem que a si mesmo se propicia.

Essa habilidade saudável do comportamento assertivo é adquirida com Jesus, que nunca evitava o enfrentamento nem se escusava de amar e de socorrer, mantendo-se íntegro diante de qualquer circunstância.