Vítimados por variadas pressões, o homem e a mulher hodiernos desconcertam-se, experimentando desequilíbrios emocionais e orgânicos, que se agravam, na razão direta em que buscam mecanismos de evasão.
A sua realidade é feita de anestésicos, graças aos quais se embriagam no prazer, como se a vida fosse um parque de diversão sem fim.
Naturalmente, o meio social exerce uma grande carga sobre o seu emocional, resultado, sem dúvida, das próprias constrições mentais e comportamentais a que se entregam.
Além dessas ocorrências, fatores diversos que procedem de outras existências contribuem para o desequilíbrio, induzindo-os às fugas dos compromissos que não querem honrar, seja porque o dever constitui-lhes motivo de amargura e desagrado, ou porque a educação que recebem ainda estabelece padrões de felicidade que não correspondem à verdade.
Assim, as pessoas afadigam-se pela posse de coisas e valores transitórios, esvaziando-se das qualidades ético-morais que proporcionam a harmonia, sempre colocada em plano secundário.
Dá-se excessiva importância à aparência, com desprezo pelo conteúdo, e o palco das ilusões onde brilham a cada instante exibe, também, aqueles que desfalecem, que se arruínam, que tombam, que enlouquecem...
Prosseguem, em consequência, no círculo vicioso das buscas perturbadoras, com desdém pelas conquistas íntimas que tranquilizam.
E surgem-Ihes as terríveis pressões psicossociais, socioeconômicas, sociomorais com total desconsideração pela criatura humana em si mesma.
Os prejuízos avultam, e escasseiam os triunfos íntimos.
A sociedade cambaleia, porque os alicerces sobre os quais se levanta são movediços e frágeis.
Quem desperdiça recursos amoedados, passa necessidades.
Quem desperdiça afetos, experimenta solidão.
Quem desperdiça oportunidade, perde precioso tesouro de difícil recuperação.
O dinheiro malbaratado se reconquista, os afetos desgastados se refazem, porém a oportunidade perdida não volta mais. Surgem outras ocasiões, todavia não em circunstâncias iguais nem condições semelhantes.
Pensando na situação de muitos companheiros de jornada terrestre em aturdimento, conflito e desar, escrevemos as páginas que agora enfeixamos neste pequeno livro.
São momentos de harmonia que podem ser vividos enquanto forem lidas, facultando prolongamento em horas de paz futura.
Selecionamos alguns acontecimentos e situações do cotidiano, apresentando o seu lado melhor e sugerindo comportamentos sadios, a fim de que a alienação e a desarmonia não entorpeçam as vidas, que se fanarão sob tais dolorosas e ultrizes conjunturas.
Momentos de harmonia são propiciadores de vida em abundância.
Momentos de harmonia tornam-se fatores decisivos para a felicidade.
Momentos de harmonia transformam-se em melodias de paz dignificando a vida.
O oceano é feito de gotículas e o Universo de partículas.
Os momentos de harmonia são relevantes para o triunfo do ser humano sobre o seu passado, o seu presente, construindo o seu futuro.
Reconhecemos a singeleza das nossas páginas e a repetição de alguns conceitos, a falta de criatividade, e mesmo de novidades, muito ao gosto de inúmeros críticos.
Dirigimos, no entanto, o nosso trabalho, aos que se encontram em desequilíbrio, inarmônicos, esperando, desse modo, contribuir de alguma forma para que eles se encontrem, renovem-se e harmonizem-se.
Por fim, recordamo-nos do Mestre, conclamando-nos a ter a fé do tamanho de um grão de mostarda, todavia capaz de propiciar imensa ventura.
Salvador, 8 de maio de 1991.
Joanna de Ângelis