Momentos de Coragem - capa

Momentos de Coragem

Ilustração tribal

MOMENTOS DE CORAGEM



A vida, em todas as suas expressões inteligentes, é um desafio à coragem humana.

Coragem, no entanto, é valor moral canalizado para as ações relevantes.

Quando esta desaparece ou cede lugar aos receios injustificáveis, campeiam a desordem a braços com a criminalidade; a mentira a soldo da traição; o descrédito em benefício da desventura...

A coragem moral resulta de um trabalho interior de disciplina dos impulsos que se transformam em força de vontade conduzida para os objetivos nobres.

Dela nascem as outras expressões que santificam o homem ou o fazem mártir, que o elevam às cumeadas da glória ou ao poste do sacrifício.

A verdadeira coragem difere, frontalmente, da impetuosidade, da precipitação, da indisciplina.

E firme sem ser temerária; torna-se constante no comportamento, evitando o exibicionismo; faz-se confiante, distante da presunção.

E título moral de enobrecimento.

Confundem-na, às vezes, com a violência e a agressividade.

Desvela-se no instante adequado, assumindo uma postura resoluta, sem desafiar as paixões inferiores que apenas enfrenta para as vencer.

Somente a disposição firme e consciente da responsabilidade propicia a coragem da fé nos momentos difíceis; da perseverança no dever, quando outros desertam; da luta contínua e serena com os olhos postos na compaixão e na fraternidade.

Corajosos, Francisco de Assis e Vicente de Paulo se doaram a Jesus; Lavoisier e Pasteur se ofereceram à pesquisa científica;

Michelangelo e Tintoretto se entregaram à Arte; Sócrates e Gandhi deixaram-se assassinar para demonstrarem a grandeza dos objetivos que perseguiam.


* * *

A covardia agride, temendo ser vencida; trai, receando submeterse; investe contra, por desconfiança do próprio valor.

Só a coragem moral, que não se mede pela força dos músculos, nem do poder, nem da circunstância, trabalha o homem para ganhar as alturas espirituais.

Multiplicam-se, a toda hora, os desafios a coragem do cristão, cuja conduta deve refletir os postulados evangélicos que abraça.


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Pensando nisso, reunimos nesta pequena Obra alguns temas do cotidiano, como motivação para os teus momentos de coragem, caro leitor, que se devem multiplicar, até que eles se transformem em um estado natural de conquista de ti mesmo, ao tempo em que construas o mundo melhor das aspirações elevadas pelo qual todos lutamos.


Salvador, 8 de agosto de 1988.


JOANNA DE ÂNGELIS