Há muito ruído, muita perturbação no mundo.
Na confusão estabelecida, as criaturas se agitam, se agridem, se desgastam.
Degeneram os ideais superiores, por falta de suportes morais; desencantam-se os lidadores entusiastas, por lhes faltarem cooperação; desistem ativistas das boas obras, por fenecerem as forças desgovernadas pelos choques enfrentados.
Como efeito, o desequilíbrio arma os corações de suspeita e medo, produzindo uma legião de infelizes.
A onda cresce e a bulha aumenta.
As harmonias cedem lugar aos sons de altos decibéis e as mentes em descompasso adotam ritmos alucinados.
Muita falta faz o silêncio no mundo.
Silêncio em derredor; silêncio interior.
Silêncio que propicie calma; silêncio que faculte reflexão.
O silêncio é fundamental para o equilíbrio fisiopsíquico do homem.
Atua como terapia refazente; é estímulo à renovação.
Fala-se muito, demasiadamente, sem necessidade. E os temas são frívolos, queixosos, lamentáveis.
Mediante o falatório desenfreado, eliminam-se toxinas que são reabsorvidas e produzem envenenamento geral.
Os comentários pessimistas, dissolventes, aleivosos, apenas deslustram, desarticulam, enfermam.
Necessário fazer silêncio para pensar, para agir.
Sem reflexão anterior, a ação torna-se precipitada, resultado de impulso incontrolado, normalmente malsucedida.
O silêncio contribui para a harmonia geral.
É também uma forma de respeito ao direito do outro.
Silêncio não significa falta de conversação, na acepção que desejamos dar. E ausência de gritaria, não de diálogo fraterno e iluminativo.
Nasce na paz interna e externa-se como cooperação em favor das demais pessoas.
Para ser eficiente no exterior, é preciso que seja habitual no mundo íntimo do homem.
Acostuma-te a fazer silêncio mental, harmonizando-te interiormente, cultivando ideias saudáveis que resultem em construções felizes.
Concentra-te em pensamentos bons e edificantes, de modo a fixares as ideias melhores. Habituado a tal conduta, evoluirás da concentração à meditação e desta à paz real.
Quietação nem sempre é silêncio.
Há a quietude pantanosa, que guarda miasmas e morte para os incautos que se iludem com a sua aparência.
Mantém a serenidade como resultado do hábito de silenciar a futilidade e as reações negativas, e como reflexo da conquista do teu autoconhecimento.
Jesus, em silêncios homéricos, ensinou, falando o suficiente para a felicidade do homem, demonstrando, sem palavras, a própria grandeza; enquanto outros, atribulados, por muito se permitirem os excessos da palavra, vieram a perder-se.