O homem, na faina de amealhar recursos que parecem comprar a felicidade, deixa-se arrastar à consumpção, sem dar-se conta de que a sua não deve ser apenas a meta futura e trabalhosa, senão a alegria de cada momento fruído com a consciência em paz.
O estado de plenitude independe dos valores externos, não obstante estes possam contribuir para o equilíbrio que o propicia.
Em face de uma óptica distorcida em torno dos meios que o levam à realização plenificadora, ele se esfalfa na conquista dos recursos materiais, inquietando-se, incessantemente, e quando logra amealhá-los, está desgastado, quando não se encontra vencido por enfermidades físicas, emocionais e mentais graves, que lhe interrompem a existência corporal ou a desequilibram irreversivelmente.
Os seus momentos são absorvidos pelos interesses respeitáveis, sem dúvida, no entanto, imediatistas, que o consomem e desarrnonizam.
O que se tem, pode-se perder; normalmente passa de mão, preocupa e desaparece. Todavia, o que se é, quanto às conquistas morais e aos títulos espirituais, tem sabor de eternidade.
Se ficam adormecidos, despertam; se, de momento, parecem não existir, ressurgem...
O grande desafio da vida são as aquisições eternas, e entre estas se destaca a autoiluminação.
O homem iluminado é afável e bom, amoroso e nobre, humilde e inolvidável.
Onde se apresenta, espanca as sombras, por acaso dominantes, deixando sinais de beleza duradoura.
O processo de iluminação, todavia, é lento e exige esforço.
É trabalho de toda hora, insistência de cada instante, empreendimento de curso libertador.
A cada passo, mais aumentam, em quem a busca, a ânsia de claridade, o anelo de conquistas novas.
Todo o empenho deve ser aplicado por consegui-la.
Ela chega suave e espraia-se, dominando a paisagem íntima, assim felicitando o ser.
Em nada inova, não tem a pretensão de originalidade, porém surge como contributo simples para auxiliar aqueles que ainda não encetaram o relevante mister.
A meditação e a consequente vivência do conteúdo de cada capítulo contribuirão para que sejam conseguidos os requisitos essenciais para a paulatina conquista da luz interior que não se apagará jamais.
Formulando votos que estas reflexões auxiliem o caro leitor no saudável empreendimento que inicia, rogamos à Grande Luz que nos penetre e felicite com claridade íntima e paz.
Salvador, 4 de abril de 1990.