Momentos de Iluminação

CAPÍTULO 1

A PRESENÇA DE DEUS



Em plena glória da Criação o homem vê, ouve, sente, pensa e, não poucas vezes, dá-se conta da presença de Deus.

Busca-O na dor, roga-Lhe auxílio quando se lhe debilitam as forças, suplica-Lhe soluções para os problemas que engendra, e tomba na revolta caso não seja atendido no que deseja e conforme aspira. A sua imaturidade psicológica supõe-nO um ser com pendores protecionistas e com paixões humanas, capaz de conceder privilégios a uns em detrimento de outros, simultaneamente portador de caprichos que se exteriorizam em indiferença pelas criaturas como desforços e vinganças ao encontrar-se contrariado...

A concepção antropomórfica permanece, ressumando a ideia de um Deus aos homens semelhante.

Normalmente ficam de lado, nos programas de reflexões, os pensamentos e análises sobre a Divindade.

Aqueles que a aceitam fazem-no por automatismo; aqueloutros que a negam não se preocupam em reconsiderar os conceitos.

Dizem-se brigados, há muito tempo, decepcionados. Outros, porém, desistem de meditar em torno da questão, porque se creem incapazes de qualquer entendimento.

Nessas diversas posturas mentais defrontamos a acomodação e a indiferença. Para quem assim se comporta, Deus é uma questão para oportunamente, para depois...

Alguns indivíduos, que se acreditam intelectualizados, afirmam que já superaram o tema e não têm necessidade de Deus: são autossuficientes. Outros, apegam-se-Lhe com uma fé ingênua, atávica, e não podem passar sem chamar-Lhe o nome, em dependência irracional.


* * *

Deus, porém, está em tudo e mantém o Universo.

Desde as leis soberanas que governam o Cosmo até aqueloutras que agregam e especificam as micropartículas.

Mais de duzentos bilhões de astros na 5ia Láctea voluteiam ante a grandeza de cem milhões, aproximadamente, de galáxias, movendo-se no infinito do tempo e do espaço, sustentadas pelo equilíbrio em toda parte vigente.

Universos paralelos, quasares, buracos negros desafiam as mentes humanas, que somente agora os detectam, misteriosos, portadores de informações que surpreendem as mais audaciosas concepções sobre a sua origem e a da vida universal.

Mergulhado na incomensurável grandeza da Criarão, o homem aceita o fato consumado sem mais amplas e profundas análises.

Se a mente, porém, se detém a considerar o que a rodeia, não pode sopitar considerações e passa a identificar mais proximamente a presença de Deus: No extraordinário mecanismo do instinto dos animais e na habilidade específica de cada um para a reprodução e a sobrevivência.

Na assimilação clorofiliana dos vegetais e nos mecanismos que levam uma débil raiz a fender uma pedra ou lhe permitem transformar húmus e água em perfume, açúcar e madeira.

No sistema ecológico de preservação da vida e nas multifárias espécies que lhe constituem o harmônico e precioso conjunto.

Na gigantesca força que, periodicamente, irrompe no planeta, reestruturando-o, acomodando-lhe camadas ou canalizando correntes aéreas, a exteriorizarem-se em calamidades, tais as erupções vulcânicas, os terremotos, os maremotos, os furacões.

Na previdência que envolveu o orbe com as camadas de oxigênio e ozônio, a fim de que a vida pudesse manifestar-se e manter-se.

Em milhares de razões que estão diante dos olhos e dos demais sentidos, falando sobre Deus...


* * *

Por outro lado, a reflexão em torno da extraordinária maquinaria eletrônica do cérebro com os seus bilhões de neurônios; das glândulas de secreção endócrinas; dos conjuntos circulatório e respiratório, o primeiro, autorreparador, substituindo capilares e protegendo os cortes com fibrina, mediante coágulos-tampão; do aparelho digestivo com a peculiaridade da enzima ptialina iniciando, na boca, o milagre da transformação dos alimentos; dos demais órgãos dos sentidos e toda a gama das percepções paranormais, facultam que a presença de Deus se faça captada, sentida e vivida.

Todavia, se alguma dificuldade te surge para emendê-lO, ama-O, entregando-Lhe o coração e a vida, conforme lecionou Jesus com ternura e emoção ao denominá-JO Nosso Pai.