Todo o Evangelho de Jesus é um hino de louvor à vida, uma canção de alegria, uma apoteose ao amor.
Suas parábolas de sabor atemporal, apropriadas a todas as épocas, são música sinfônica narrando a epopeia de Espíritos ora famintos de luz que se fartam, noutros momentos aflitos na escuridão da ignorância e das autopunições em processo de libertação, que se reencontram e se tornam felizes.
A sua dúlcida voz, enunciando os paradigmas da felicidade, penetra o âmago do ser humano, como um raio de luz que vara a treva e a vence de um golpe...
Todas as lições que oferece encontram-se ricas de atualidade como instrumento de edificação moral irrepreensível ou qual diretriz segura para o encontro com o bem-estar, com a saúde real.
Em a narração complexa em torno de um rei que, desejando celebrar as bodas do filho, mandou preparar um banquete e, de imediato, convidar as pessoas gradas que constituíam a sociedade distinta do país.
Desinteressados do que ocorria no palácio, esses eleitos maltrataram os emissários e não deram importância à invitação.
Foram cuidar dos próprios interesses subalternos.
Surpreso com essa reação do seu povo, o monarca enviou novos mensageiros a outro grupo de cidadãos que igualmente desconsideraram a gentileza honorável. Cada qual se foi, como de hábito, atender aos objetivos que lhe diziam respeito, não considerando a oferenda que lhe era apresentada.
Além dessa indiferença ficaram revoltados com a insistência e maltrataram os emissários, ultrajaram-nos e os mataram.
Irritou-se o rei e mandou suas tropas exterminarem os rebeldes e ingratos...
Apesar dos insucessos, insistiu o monarca junto aos seus servos, esclarecendo: - As bodas estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às encruzilhadas dos caminhos e chamai para as bodas a quantos encontrardes.
Os servidores foram e arrebanharam maus e bons, ociosos e trabalhadores, ficando a sala nupcial cheia de convivas.
Jubiloso, o rei passeou pelo recinto e foi tomado de surpresa quando identificou um convidado que não vestia a roupagem nupcial, a quem indagou: - Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial?
Ele, porém, emudeceu, empalidecendo constrangido.
Então o rei disse aos seus servos: "Atai-o de pés e de mãos e lançai-o às trevas exteriores; ali haverá o choro e o ranger de dentes. Pois muitos são chamados, mas poucos escolhidos" (Mateus
A um leitor pouco atento, pode parecer paradoxal a atitude real, punindo um convidado que viera ao banquete de surpresa, conforme se encontrava no momento da invitação.
Sem dúvida, na extraordinária narrativa simbólica, decodificamos a mensagem partindo da proposta divina, na qual o Pai Celestial prepara a boda do seu Filho Jesus com a humanidade e toma todas as providências.
Através dos séculos o rei organizou o banquete das bodas com o povo que se acreditava eleito, dizendo-se-lhe fiel, informando respeitá-lo e homenageá-lo como único e Soberano. No entanto, em face da soberba, assim como das mesquinhas aspirações, ao ter notícia da ocorrência, indiferente às lições recebidas, desprezou os profetas que vieram anunciar o momento grandioso e os matou, rebelde, insensato, permanecendo no amanho da terra das suas paixões.
O Grande Rei enviou então o próprio Filho, o noivo de luz, que não recebeu qualquer consideração, nem mesmo daqueles que lhe foram comensais constantes, beneficiários do Seu amor, e desdenharam-no, crucificando-o entre sarcasmo e desprezo...
O Rei misericordioso, então compadecido da suprema ignorância dos seus súditos de melhor condição, optou por enviar o convite a todos aqueles que eram destituídos de privilégios, de comodidades, os que eram considerados excluídos, bons e maus, que perambulavam pelas ruas e encruzilhadas do destino incerto, a fim de que participassem da festa especial.
Viviam em lugares de torpeza moral, em situações sórdidas e deploráveis, com as vestes rasgadas e os pés descalços.
O sapato era, então, símbolo de posição social de destaque, objeto de muito valor, que expressava a situação econômica do usuário...
Foram esses os convidados que aceitaram estar presentes no banquete de bodas.
Pode-se considerar que eles representam a moderna sociedade aflita, que deambula de um para outro lugar, buscando solução para os problemas, sem orientação nem sentido existencial.
Para esses veio O Consolador que os introduz na sala dos festejos, oferecendo-lhes todos os acepipes valiosos para nutri-los, recuperá-los e libertá-los do caos interior...
No entanto, o traje nupcial que não se constitui de indumentária exterior, mas de valores internos, é desprezado por diversos daqueles que se utilizam dos bens preciosos sem qualquer consideração para com o ato nupcial que deve ser consumado entre eles e o Filho dileto do Rei.
É natural que padeçam o efeito do desrespeito a que se permitem, deslizando para as regiões sombrias e profundas de sofrimentos, atados pés e mãos às fortes algemas da rebeldia e da desfaçatez.
A culpa neles se encontra em forma de tormento, como remorsos, insegurança de dignidade e complexos outros afligentes.
Sem qualquer relutância, a mensagem alcança hoje multidões; trombeteada pelas Vozes do Céu, incontáveis a ouvem, aceitam-lhe o convite, no entanto, somente aqueles que se investirem das insígnias das núpcias, ostentando as condecorações dos sofrimentos, as comendas da abnegação, distinguir-se-ão e serão escolhidos.
Na atualidade do pensamento científico, tecnológico, sociológico e cultural, o convite para o banquete incomparável da plenitude alcança as mentes e os corações que estão despertos para a alegria de viver e de servir.
Repetem-se as invitações sonoras e gráficas, em músicas sublimes e em pergaminhos de luz, inundando o pensamento de sabedoria e o sentimento de paz, no entanto, a ufania e o utopismo, a arrogância e as vãs concepções desdenham, zombam, e não lhes dão importância.
Nesse concerto que poderia ser de beleza e harmonia a patética do sofrimento espalha inquietação e incerteza, angústia e sombras, chamando à renovação, conclamando ao atendimento, tentando o despertar das consciências adormecidas.
A pouco e pouco, o entendimento em torno da responsabilidade imortal favorece-lhes a aceitação do convite e eles optam por se fazer presentes no banquete de bênçãos da imortalidade em triunfo.
Convidados!...
Autoeleger-se para ser escolhido em face da autodoação e da entrega ao amor incondicional, é a fatalidade apresentada pela lei de progresso.
Em que classe de convidado te encontras?
Reflexiona e decide, porque o banquete de núpcias já começou...
Cuida de renovar as tuas atitudes.