A criança é argila moldável, aguardando as mãos do diligente oleiro que lhe dará forma e conteúdo.
Esse oleiro hábil é o educador, que deve modelar o ser social digno, de forma que possa construir a sociedade harmônica.
A paz do mundo depende da educação da infância.
Quando a criança é capaz de liderar outras, prepara-se para conduzir os grupos humanos mais tarde, nas diferentes áreas da existência, culminando, muitas vezes, no comando de povos e de nações.
Realizará esse ministério, exatamente conforme aprendeu nos dias formosos da construção da sua personalidade, delicadamente trabalhada pela paciência e sabedoria dos seus educadores.
No lar começa o incomparável labor de edificação moral de todos os membros que o constituem, mediante as experiências e comportamentos dos pais, que infundirão exemplos demonstrativos do valor do conhecimento, do caráter, da honra, da convivência doméstica, representando os segmentos sociais da vida em comum com os demais membros da humanidade.
Esse trabalho é relevante e indispensável, nunca devendo ser transferido totalmente para a escola, encarregada, essencialmente, da instrução, na qual se devem incutir os hábitos saudáveis através da conduta dos mestres. São, no entanto, os pais, os mais nobres educadores, tanto para o crescimento éticomoral dos aprendizes quanto para os gravames que os levam aos desequilíbrios de todo porte que tomam conta destes dias de sombra e de perversidade.
Não se discutem as conquistas relevantes da ciência e da tecnologia, nada obstante, não há como ocultar-se a decadência dos valores éticos e morais, a agressividade em alucinação, a violência em hediondez, o desrespeito atingindo índices dantes jamais imaginados...
Os instintos que caracterizam o ser infantil devem ser orientados desde os primeiros momentos após a vida intra-uterina, trabalhando-os e disciplinando-os de forma que não se sobreponham aos sentimentos de amor e de respeito que devem viger na constelação familiar.
É certo que, no corpo infantil encontra-se, normalmente, um espírito com alta carga de vivências, nem sempre dignificantes, merecendo, por isso mesmo, salutar orientação desde muito cedo e de equilíbrio direcionador para as ações saudáveis.
Desde o seu renascimento o espírito reflete na infância as características que lhe são próprias, através do comportamento espontâneo, caprichoso ou não, reflexivo ou automático...
Uma criança de poucos meses já distingue com facilidade os semblantes que a contemplam, identifica os objetos que se lhe fizeram familiares. Com um ano de idade já observou tudo quanto a cerca e começa a desinteressar-se pelo que se lhe encontra ao alcance, anelando pelo diferente, pelo novo. A partir do segundo ano, já necessita de objetos especiais e até mesmo invisíveis a fim de ser atraída para eles, desenvolvendo a capacidade de crescimento e de valorização da vida, embora inconsciente por enquanto.
Curiosamente, a criança é direcionada por uma intensa necessidade de aprender, de relacionar-se com novos objetos, orientada pelos instintos através de impulsos que, observados, ensejam entender-se as suas qualidades morais, aquelas de que o espírito é portador, necessitando de direcionamento gentil quando negativas e de estímulos positivos, se edificantes.
São-lhe insculpidos, nessa oportunidade, os hábitos, a ordem, a arrumação ou os desequilíbrios que irão formar a sua personalidade harmônica ou indisciplinada, tornando-se difícil reparar quaisquer danos posteriormente, porque os hábitos são uma segunda natureza em a natureza de cada qual.
A criança anela pela conquista da palavra, porquanto, a partir dos seis meses já consegue distinguir a voz humana em qualquer ambiente mesmo que barulhento, com sons diversificados, passando a uni-los e começando a enunciá-los...
Ao invés de coibir-se a criança nas suas manifestações no lar, em nome da educação, deve-se estimulá-la a ser autêntica, evitando-se a dissimulação e a hipocrisia, por cujos mecanismos psicológicos agrada aos adultos, ocultando a sua realidade, a sua sensibilidade.
Merece, por isso mesmo, jornadear por um mundo que seja construído para entendê-la de início, a fim de que o possa oferecer melhorado àquelas que virão depois.
A paz é construída no sentimento do ser humano, jamais podendo ser imposta. Por essa razão, a educação deve ter em mente a realização da paz, a pacificação interna dos tormentos, de forma que o indivíduo se transforme em pacificador onde se encontre.
Educar com e pelo amor constitui o método mais eficaz para conseguir-se o equilíbrio na família, reunindo todos os membros numa interdependência afetuosa, ao mesmo tempo sem paixões individualistas ou geradoras de vinculações doentias.
Construir na criança um ser novo, é trabalhar pela paz da sociedade. As guerras não são feitas pelas armas, porém, pelos homens que as constroem. Educar, desarmando dos sentimentos inferiores, competitivos, individualistas, representa promover a paz doméstica, prelúdio da paz na sociedade.
Dessa maneira, os educadores são responsáveis pelas expressões da paz ou das guerras que venham a acontecer. Os políticos, que são cidadãos, negociam os interesses em favor da guerra ou da paz, conforme os seus níveis emocionais, morais e espirituais, no entanto, os educadores trabalharão sempre em favor da paz.
O lar é, portanto, a sublime escola de dignificação humana, onde se aprimoram os sentimentos e se orientam os conhecimentos intelectuais ao lado daqueles de natureza moral, para o real desenvolvimento humano.
Todos os cidadãos, dessa forma, devem unir-se em favor do ideal comum, que é o da educação.
Jamais haverá uma sociedade feliz, se não for cuidado o ministério sublime da educação integral, aquela que acompanha o espírito na sua complexidade e nas suas necessidades evolutivas.
Lamentavelmente, a educação não vem preparando o educando para ser cidadão. Os interesses mesquinhos predominam nas famílias, estabelecendo metas de interesses econômicos, políticos, sociais e outros, em detrimento da construção interna do aprendiz. Por efeito, surgem as grades educativas baseadas no egoísmo, por pessoas malformadas psicopedagogicamente, mais políticas que experientes nos propósitos de formação dos alunos.
Infelizmente, a criança não é devidamente valorizada, tornando-se mais um objeto de exibição dos pais, que lhes não dão a atenção indispensável, o carinho e a assistência no lar, muito preocupados em oferecer coisas inúteis, resguardando-se no egoísmo doentio de não se darem a si mesmos, embora com menos conforto e mais esforço na manutenção da família...
Certamente que há exceções valiosas, constituindo exemplos dignos de serem seguidos.
A ciência da paz que ainda não foi elaborada, embora a da guerra esteja muito bem planejada, sempre recebendo implementos novos e recursos dispendiosos, necessita de ser iniciada na intimidade do lar através da educação das novas gerações.
Jesus exemplificou a magnitude da vida infantil e as infinitas possibilidades que lhe estão ao alcance, quando os discípulos molestados pelos pequeninos que se lhe acercavam, ouviram-nO, aturdidos, dizer: Deixai que venham a mim as criancinhas, e não as impeçais, porque delas é o reino dos céus. (Mateus