Num aglomerado familiar, em face das conjunturas anteriores das existências no cadinho da evolução, não são poucas as questões que ficam pela estrada, aguardando solução.
Dentre algumas, vale a pena assinalar o transtorno de conduta por obsessão, que anatematiza muitos espíritos no campo da reencarnação.
Porque não teve chance de volver ao mesmo proscênio para onde seguiu o seu algoz, a vítima de ontem tresvariada permanece em aflição, procurando um meio de alcançá-lo para o desforço infeliz, não se asserenando enquanto as leis da afinidade não a aproximam do seu antigo antagonista.
Ao invés da contribuição sublime do amor, infelizmente, ainda opta pelo convívio com o ódio, com a vingança doentia, em terrível alucinação que impede o discernimento racional das atitudes que devem ser tomadas, escorregando em processo obsessivo, tão cruel quanto foram as causas que o desencadearam.
O espírito foi criado para a glória do amor. No entanto, os impulsos inferiores que lhe permanecem como atavismo perverso, predominando em a sua natureza espiritual, dificultam-lhe a ascensão, que somente é possível quando insculpe o sentimento de afeição no imo, ampliando depois a capacidade de evolução, mediante a aquisição do conhecimento intelectual.
Porque o amor impõe renúncia e abnegação, exigindo sacrifício e esforço pessoal, o ser humano quase sempre mantém uma preferência mórbida pelas reações negativas, doentias e egotistas, especialmente comprazendo-se nessa conduta aqueles que perderam a direção de si mesmos, quando vitimados por pessoas ou circunstâncias afligentes, cujos sofrimentos, no entanto, poderiam transformarse em bênçãos no processo de crescimento pessoal.
Desse modo, refugiando-se no seio da família que, de alguma forma, contribuiu para a sua tragédia anterior, o espírito renasce com matrizes espirituais que facultam a injunção obsessiva, na qual resgata o delito e cresce moralmente, se bem souber conduzir o processo angustiante. No entanto, não é da lei de Deus o padecimento pelo sofrer apenas, mas como oportunidade de refazer a experiência infeliz, acertando o passo com o equilíbrio e desenvolvendo os valores dignificantes que lhe dormem em latência.
Quando se trata de um transtorno obsessivo simples, o paciente possui lucidez para conduzir a problemática, poder administrá-la, ganhando em realização dignificante o que malbaratou em desalinho anterior. No entanto, quando o problema é mais grave, como no caso das obsessões por fascinação ou por subjugação, o enfermo não tem como trabalhar a angústia e as aflições nas quais estorcega, por falta de discernimento, necessitando do apoio familiar para recuperar-se.
É nesse capítulo que os pais não podem deixar de permanecer vigilantes, considerando que os filhos a eles confiados pela Divindade são tesouros que devem ser multiplicados, como na parábola dos talentos narrada por Jesus, em que aqueles que souberam aplicá-los, devolveram-nos multiplicados, enquanto que o avarento, preguiçoso e desconfiado servo, nada mais fez que o enterrar, gerando a ira do seu amo que lhe reprochou o caráter venal.
Os filhos são, muitas vezes, mestres hábeis que ajudam os pais a galgar os degraus da evolução, através das lições do sofrimento que lhes aplicam ou por meio de doações de ternura com que os enriquecem.
Poder conduzi-los com sabedoria é o dever que não é lícito ser desconsiderado sob qualquer justificativa.
Observando-se o comportamento alienado do filho, após buscar o socorro da ciência médica, nunca olvidar a contribuição espiritual mediante o concurso dos passes, da água magnetizada, do carinho para com o enfermo encarnado e a compaixão dirigida ao perseguidor.
Esse sicário de agora traz as marcas do sofrimento de que foi vítima, cometendo o mesmo desatino que padeceu, quando deveria utilizar-se da lição de vida para ascender aos páramos da luz mediante o perdão.
Enquanto o espírito não perdoa as ofensas de que foi objeto, não tem recursos para perdoar-se a si mesmo pelos disparates e erros que se permite. Sem lucidez para entender a fragilidade do próximo, guarda ressentimentos de forma consciente ou não das próprias defecções que se lhe transformam em tormentos atuais ou futuros.
O exercício, portanto, da compaixão, faculta, posteriormente, a presença do perdão na sua maneira nobre de olvidar o mal recebido, para somente recordar as dádivas de alegria coletadas durante a existência.
O obsidiado, que gera no lar situações de difícil contorno, é sempre muito infeliz e, por isso mesmo, encontra-se num estágio que o impede de compreender o que se passa a sua volta, tornando-se instrumento de aflições para toda a família. Não poucas vezes, a sua impertinência, pelo repetir-se continuamente, termina por cansar os familiares, produzindo reações de ira e de mágoa, de revolta e de ódio, que mais complicam o quadro doloroso.
A terapia mais eficaz, ao lado da prece, é a paciência de todos aqueles que são constrangidos a lidar com a sua enfermidade, envolvendo-o em ondas de paz, a fim de serem quebradas as algemas que o prendem ao vingador.
Os sentimentos negativos que são direcionados ao enfermo espiritual pioram-lhe o quadro, porque mais vitalizam o perturbador, que encontra campo vibratório favorável ao desforço que pretende realizar.
Por outro lado, todos aqueles que participam do quadro afligente, de uma ou de outra forma estão vinculados à trama infeliz de que agora se recusam a resgatar.
Nas constelações familiares também renascem almas queridas que formam grupos saudáveis felizes, porque têm como missão trabalhar em favor do progresso geral, fomentando o desenvolvimento intelectomoral da coletividade. Sustentados pelos valores da afetividade doméstica, encontram forças para vencer as dificuldades naturais dos empreendimentos relevantes, construindo o bem e a felicidade em toda parte.
Nesses redutos consanguíneos estão espíritos afins, consagrados pelo passado de ternura e compreensão, que recomeçam juntos para que se sustentem mutuamente no desempenho dos compromissos nos quais se irmanam.
Felicidade e sofrimento, desse modo, são frutos de sementeira individual, que se transforma em alegria ou dor coletivas, assinalando aqueles que se encontram envolvidos nas mesma realizações.
A família é sempre uma bênção que Deus faculta ao espírito em crescimento, auxiliando-o a treinar fraternidade e compreensão, de modo a preparar aquela de natureza universal.
Sendo a célula inicial da sociedade, quando está estruturada no bem-estar, todo o conjunto frui de alegrias e esperanças. Quando, porém, se apresenta enferma, é compreensível que o organismo geral padeça dificuldades de entendimento e de saúde coletiva.
Nos casos, portanto, de obsessão em família, filhos ou pais, irmãos ou membros outros do mesmo clã, desfrutam de oportunidade especial para a regularização dos gravames que estão aguardando a presença do amor, da caridade e da oração para o conveniente equilíbrio.
No lar santificam-se os sentimentos, mesmo nos períodos mais difíceis, quando se opta pela afeição ao invés da antipatia e da animosidade.