Aguardaste o filhinho que se te anunciou, com ternura infinita, expectativa de que ele seria o prêmio da Divindade à manifestação do teu amor rico de bênçãos.
Preparaste-lhe o berço de sonhos com o requinte da alegria de quem espera um querubim, de forma que ele não estranhasse o exílio na Terra.
Adornaste o lar com a música da esperança, em uma expectativa crescente, na razão direta em que os dias te aproximavam do momento ditoso - o nascimento do herdeiro dos teus anelos.
E ele veio, produzindo um grande impacto emocional de felicidade, que lentamente se transformou em profunda angústia, em dor quase insuportável.
A pouco e pouco, percebeste que o seu desenvolvimento mental não correspondia às legítimas características da normalidade, culminando no momento quando recebeste a confirmação das tuas suspeitas - de que o teu filho era deficiente...
O teu filho doente apresentava distúrbios nervosos, deficiência visual ou auditiva, transtorno mental ou degenerescência outra qualquer, cuja recuperação duvidosa, constataste, mais tarde, ser impossível, conforme padrões da moderna medicina.
Teu filhinho, no entanto, é um anjo crucificado na expiação que carrega, na condição que as divinas leis impuseram-lhe para a felicidade futura, não a atual.
O dissabor, o desencanto que experimentaste foi cruel, e por pouco não tombaste na revolta ou no desespero.
Ante a sua total dependência de ti, surgiu-te um outro tipo de sentimento de amor, que hoje te dá forças para auxiliá-lo na condução da cruz em que se fixa.
Lentamente, foste tomado de piedade por ele, para alcançares o patamar do amor com que agora o envolves. É certo, que não se trata daquele sentimento de orgulho que tiveste enquanto o esperavas, mas uma forma de compensá-lo dos limites e agruras que experimenta, sem que disponha de recursos para tê-los pelo menos atenuados.
Seja qual for o limite em que se encontre reencarnado o teu filho, ama-o com vigor e mais intensidade, porquanto mais ele necessita de ti.
Se fosse portador de beleza, de inteligência, de saúde, as tuas seriam preocupações, em torno apenas da sua educação e preservação da sua existência.
Em relação, porém, ao filhinho doente, tens mais amplos compromissos e deveres para com ele, de forma que o auxilies no processo de recuperação, tornando-lhe a atual existência um poema de alegria, mesmo que sob dificuldades momentâneas.
Teu filhinho enfermo veio aos teus braços por injunção do amor de Deus, a fim de que contigo repare males que praticastes juntos anteriormente.
Nada acontece por acaso especialmente nas constelações familiares.
Os Espíritos reúnem-se em grupos no processo da evolução, e, por isso mesmo, constituem famílias que enfrentam problemas comuns e desafios próprios às necessidades de crescimento individual e coletivo.
Não te permitas, pois, desfalecimento, nem desencanto, em relação ao filho doente, que antes pensavas que te humilhava perante os outros com os limites em que se apresenta, como se isso fosse da tua inteira responsabilidade.
Certamente, estás também envolvido nesse processo de renovação espiritual.
Não és alguém que sofre sem causa justa.
Antes que te reencarnasses, compreendendo os dislates e crimes que praticaste com ele, em experiências anteriores, rogaste a bênção do seu recomeço no teu regaço de pai ou de mãe, de forma que pudesses auxiliá-lo, reabilitando-te também.
Tudo quanto lhe possas oferecer, em amor e devotamento, coloca-lhe à disposição com sorrisos e esperança melhores dias que desfrutarás ao seu lado, descobrindo tudo quanto ele também te pode oferecer, enriquecendo as tuas horas com desconhecidas alegrias.
Um filhinho limitado é bênção que o Pai Criador oferece àqueles que se propõem à conquista do amor pleno, a fim de que alcance a real felicidade no mundo.
Olha-o com visão diferente, e verás que ele não é tão desditoso quanto pode parecer, especialmente por contar com alguém que o ama com a dimensão do afeto que lhe doas.
Há filhos saudáveis que experimentam o desprezo e o abandono de pais enfermos da alma, que sofrem discriminações e abusos de toda natureza, no próprio lar, atormentando-se e tombando em situações deploráveis de ódio e de vícios.
Pais desalmados azucrinam-nos, mediante perseguições sistemáticas ou castigos impiedosos, que os obrigam a fugir de casa, no rumo do desconhecido, que são as ruas perigosas e sombrias das cidades, refugiando-se na aventura e no crime.
Também eles estão crucificados em processos severos de reparação moral, correndo riscos de fracasso, em face da situação em que chafurdam, como decorrência da desestruturação do que deveriam ser famílias.
Nesses labirintos escusos por onde passam, aprendem tudo quanto é perturbador, tornando-se adultos mentais antes do tempo e envelhecendo precocemente.
São desprezados pela sociedade, perseguidos pela polícia e pelas diferentes gangues que formam, ora para o crime, ora para a autodefesa...
Morrem jovens, são assassinados uns pelos outros ou por organizações cruéis, embora muitos ainda sejam quase crianças...
O teu filhinho doente, no entanto, está livre desse terrível flagelo, protegido pela tua vigilância e socorrido pelo teu carinho.
Ama-o, portanto, cada vez mais, sem que reclames da tua ou da sorte dele, porquanto o destino está escrito, sim, nas estrelas que fulgem no mundo íntimo.
Na sua convivência aprenderás lições de sabedoria que não conseguirias adquirir de outra maneira, agradecendo-lhe, silenciosamente, a oportunidade incomum que desfrutas.
Aquinhoado com a dádiva que te representa esse anjo limitado, esforça-te para compensar-te com os júbilos de poderes ajudar no próprio lar, alargando os teus sentimentos de forma que também possas auxiliar aqueles outros, que transitam desamparados.
A existência terrestre constitui ímpar oportunidade para o crescimento espiritual.
Não raro, o triunfo é, sempre alcançado, quando se experimentam as provas severas ou as expiações redentoras.
A dor, portanto, é um dos caminhos iluminativos finais preciosos, sendo apenas superada pelo amor, que liberta de todo mal.
Sem qualquer culpa, Jesus ofereceu-nos o incomparável.
exemplo de amar profundamente e doar a vida como prova desse sublime sentimento.
Se souberes, desse modo, enfrentar a circunstância libertadora na convivência e na educação do filho deficiente, amando-o e conduzindo-o com sabedoria, lograrás a plenitude que te está destinada.