921. Concebe-se que o homem será feliz na Terra, quando a Humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso se não verifica, poderá conseguir uma felicidade relativa?
As paixões grosseiras que predominam em a natureza humana decorrem das experiências transatas que ainda não foram superadas.
São responsáveis pelos arrastamentos ao mal, em razão do primarismo de que se revestem, não se permitindo ser contrariadas nos seus impulsos e sentimentos servis.
Estimuladas pelo egoísmo doentio, desbordam em agressividade e cinismo que agridem, inicialmente, o próprio indivíduo que as cultiva, para logo depois atingir o grupo social no qual ele se encontra.
Radicando-se nos instintos mais imperiosos, quais sejam a reprodução mediante os impulsos sexuais, a nutrição por meio do alimento, e o repouso, por cuja maneira refaz as forças gastas, somente a grande esforço cedem lugar aos sentimentos e à razão que os devem comandar, orientando-os para a preservação da existência, porém não agressivamente nem de forma angustiante.
É inevitável o desenvolvimento moral do ser humano.
Etapa a etapa, desenvolvem-se os gérmens do amor nele existente, que se irão assenhoreando dos departamentos do instinto em predomínio, para que o raciocínio e a emoção exerçam o seu papel no desenvolvimento dos tesouros morais adormecidos.
O ódio, o ressentimento, a amargura, a inveja, o ciúme constituem herança trágica desse período em que a posse impunha seus caprichos e a submissão desesperada transformava-se em desejo de vingança, culminando em rudes batalhas mentais que chegavam a vias de fato na realidade objetiva, ceifando as vidas que lhes caíam nas urdiduras perversas.
Enfermidades de etiologia difícil surgem em decorrência desse primarismo emocional e se espalham, dando lugar a ocorrências mórbidas no organismo, ao mesmo tempo instalando distúrbios no comportamento e na mente, que ceifam a esperança e a alegria de viver.
Apesar do grande desenvolvimento científico-tecnológico dos dias atuais, as enfermidades de origem emocional e comportamental estão exigindo cuidados muito sérios, a fim de que o indivíduo possa gozar de saúde e de bem-estar.
A infelicidade, que se vive na Terra, é sempre decorrência da conduta que cada qual se permite, gerando os fatores que produzem dor e aflição, quando se poderia desfrutar dos inimagináveis recursos com que Deus provê a vida, dando-lhe beleza e harmonia.
O ser humano, porém, dominado pelas paixões de que não se deseja libertar, senão a golpes de ásperos sofrimentos, cultiva ódios injustificáveis, ressentimentos amargos, anseios de revides perversos... Esses inimigos, que residem no âmago do ser, agem contra os equipamentos celulares, envenenando-os com as suas toxinas morbíficas e contínuas ondas mentais de desequilíbrio e acrimônia Disso resulta a queda das resistências no sistema imunológico, surgindo concomitantemente os distúrbios na pressão arterial, as arritmias, os problemas gastrointestinais, as variações de humor sempre para negativo, as perturbações nervosas, todos ou quase resultados de somatizações enfermiças e de sintonias com Espíritos levianos e perversos que pululam à volta dos seres humanos.
Mantendo esses propósitos infelizes, mais se lhes acentuam os transtornos orgânicos e emocionais, derrapando em autoobsessões e em obsessões variadas pela viciação mental e intercâmbio espiritual negativo.
Um única alternativa, porém, existe, para que se possa adquirir a paz, portanto, marchar na direção da felicidade que a lei de Deus proporciona àqueles que se comportam conforme esses soberanos códigos. Este valioso instrumento é o perdão com sincero desejo de renovação e de felicidade do seu adversário, deixando-o seguir adiante, enquanto a si mesmo se propõe esquecimento do motivo do ressentimento e do rancor.
Quando alguém perdoa, elimina alta carga doentia de vibrações no organismo, passando a gerar outro tipo de energia que procede da mente e se transforma em estímulos para a aparelhagem de que se constitui.
O ódio é morbo cruel que degenera aquele que o produz, alcançando, não poucas vezes, aqueloutro contra quem é direcionada a carga deletéria.
Compreendendo-se que todos têm o direito de errar e pensar mal uns dos outros, o que certamente não deveriam, mas cuja ocorrência é frequente, qual sucede ao próprio indivíduo em relação ao seu próximo, esse raciocínio já diminui a carga da animosidade mantida contra o outro, o adversário real ou imaginário.
Desculpando-o sinceramente e procurando apagar os sentimentos contraditórios que permanecem na mente e na emoção, o perdão faz-se automático e o bem-estar preenche o imenso espaço antes ocupado pelas emoções contraditórias do ódio, da mágoa e da vingança...
O perdão funciona como bálsamo sobre a ferida que foi aberta pela agressão do outro e, ao mesmo tempo, como resposta ao ódio que foi desencadeado, suavizando a dor do golpe experimentado.
Quem perdoa, conquista-se e engrandece-se, proporcionando oportunidade de arrependimento e de recuperação ao ofensor.
Enquanto sejam preservados no íntimo os sequazes do ódio, mesmo que disfarçado, o organismo se ressentirá da presença tóxica dessas vibrações doentias que infelicitam.
O perdão, porém, libertando a vítima, abençoa o algoz, ensejando-lhe, também, desfrutar da felicidade relativa que está ao alcance de todo aquele que deseje seguir as leis de Deus, crescendo espiritualmente.
Perdãoterapia é, portanto, neste momento, o mais admirável recurso para a saúde e a felicidade do ser, ao lado do amor, do qual é extensão.