Generaliza-se, sem qualquer fundamentação, o conceito, graças ao qual, as pessoas alcançam o conhecimento doutrinário do Espiritismo pela dor ou através do amor.
Em uma visão superficial pode-se calcular o número de pessoas incursas nessa questão. No entanto, a realidade pode ser desdobrada para uma análise mais profunda, em torno do relevante assunto dos rumos a seguir durante a existência carnal.
A criatura humana ainda se encontra desaparelhada psicologicamente, com as exceções compreensíveis, para os graves desafios da evolução. Mergulhadas no oceano das sensações, são mais facilmente atingidas pelos agentes fortes que lhes ferem os sentidos, não possuindo a conveniente sensibilidade para registrar as delicadas mensagens da vida e os sutis convites para o crescimento interior.
Os interesses imediatistas apontam os rumos do prazer e da comodidade em detrimento dos esforços de renovação e do trabalho para a edificação moral.
Situando-se no plano físico, equivocadamente cultivando ideias de perenidade, voltam-se para os valores objetivos, negligenciando as responsabilidades éticas e transferindo a execução dos deveres espirituais.
Face a tal comportamento, surpreendem-se amiúde, quando veem desmoronar os castelos de areia das ambições equivocadas, desejando apressadamente soluções impossíveis de serem encontradas.
Surpreendidas pelos fenômenos naturais do percurso existencial, tombam em lamentáveis estados de desconforto moral, de desânimo, ou resvalam pelas rampas da rebeldia e da violência.
Apressadamente buscam apoio e respostas nas doutrinas libertadoras, aportando especificamente no Espiritismo, ansiosas umas, levianas outras, irresponsáveis muitas, sensatas diversas, sérias e circunspectas inumeráveis.
Por essa razão, contam-se, nas hostes espíritas, aqueles indivíduos que chegaram mediante informações; grupos que vierambatidos pelo vendaval do sofrimento; curiosos buscadores da fenomenologia mediúnica e, por fim, os estudiosos, perquiridores sinceros, nos seus objetivos desinteressados de novidades e sem o culto da personalidade.
Os primeiros escutaramdesencontradas notícias a respeito dos imortais e das atividades espíritas, chegando à seara movidos por curiosidade e descompromisso.
Os segundos acercaram-se vencidos pelos fenômenos normais da dor, aguardando equacionamentos rápidos e de fácil solução para os problemas que desenvolveram em largo período de tempo.
Os terceiros sentiram-se interessados na fenomenologia rica de novidades e surpresas, como brinquedos que se substituemdepois de usados, sempre os deixando por outros mais interessantes e compensadores nos jogos da frivolidade infantil.
Os estudiosos, no entanto, foram atraídos pela gravidade dos seus postulados e dos fenômenos resistentes às teses que se lhes opõem, permanecendo portadores de inexaurível fonte de informações e de consolo.
Os primeiros facilmente desertam, porque mantêm as ideias que já trouxeram e em que procuram situar a Doutrina, desinteressados no que ela tem para oferecer-lhes.
Os sofredores, na sua grande maioria, recusam-se a crescer, e quando permanecem nas fileiras espíritas, transitam de um para outro estado de dor, variando as causalidades, aguardando sempre e sem cessar, ajuda, compreensão, atendimento para os seus vários e constantes males.
Somente aqueles que estudamos conteúdos espíritas e deles se impregnam é que se tornamespíritas sinceros e úteis, passando da posição de observadores para a de atuantes, que se comprometemcom a consciência do serviço, tornando-se instrumentos do bem.
E provável que, mesmo entre esses, surjam alguns que insistamem prosseguir observando semenvolvimento emocional, guardando dúvidas, que mantêm, diletantes e indiferentes.
Os rumos, a seguir, no movimento espírita, exigemconvicção doutrinária, sacrifício pessoal, resolução consciente e refletida.
Não se apoia em pessoas ou Casas, mas se alicerça esse espírito de trabalho na Causa que a Mensagem desvela, impulsionando ao crescimento íntimo, à libertação.
Allan Kardec, sensata e sabiamente, depois de classificar os participantes e interessados no Espiritismo, alguns como adeptos, outros como espíritas imperfeitos e mais outros como sinceros, definiu os rumos morais dos candidatos ao conhecimento da Doutrina, e particularmente à sua vivência e divulgação.