O sofrimento desempenha na Terra uma ação relevante, qual seja a de contribuir para o desenvolvimento intelecto-moral dos seres.
Nas esferas primárias expressa-se no campo dos instintos, desenhando as primeiras sensações e emoções nervosas.
No ser humano, não tendo caráter punitivo, é processo de desgaste dos atavismos que retêmna retaguarda do progresso.
Graças à sua ação, alteram-se as aparências e desvelam-se os mecanismos internos, que se exteriorizam do Espírito emconquistas necessárias.
Não obstante, o sofrimento nem sempre consegue levar de imediato à meta aquele que lhe experimenta o concurso.
Nos indivíduos rebeldes, ainda mais vinculados à sensação, a sua presença causa revolta, empurrando-os para a animosidade, o ressentimento, o ódio, o desejo de autodestruição.
Naqueles outros de compleição emocional tímida, resulta em processo de resignação estagnaria sem produzir a renovação, que induz à luta por superá-lo.
Não obstante, existem muitos que o recebem de maneira dinâmica, estimulante, por compreenderem que é uma sequela de atos infelizes que ficaram no passado, ou de processos naturais do mecanismo evolutivo.
Entre os primeiros, as sequelas da rebeldia sistemática são: maior agudeza das aflições, continuidade dos transtornos, ausência de pausas refazentes. Isso porque, bloqueados neles os centros do discernimento, intoxicam-se com as próprias energias nefastas, ampliando a área e o tempo do processo-dor.
Nos segundos, a acomodação, ou de alguma forma a revolta surda que não conduz à submissão, de maneira nenhuma trabalha para a renovação, gerando sequelas de parasitismo e quase inutilidade evolutiva.
Somente quando luz o entendimento das suas causas é que as sequelas são: conquistas de harmonia íntima, inteireza moral, alegria legítima diante das Leis da Vida.
Portadores de enfermidades degenerativas que resvalam pelas rampas do desespero, da consciência de culpa, do recalcitrar ante o aguilhão, partem do corpo com as sequelas correspondentes impressas nos tecidos sutis da alma, no campo perispiritual, continuando a experimentar mais acentuadas aflições, até que, por exaustão, se resolvem pela mudança mental e pela diluição dos registros gravados.
Nos processos referentes aos transtornos psicológicos, sequelas idênticas surgem, atraindo mais ao convívio emocional os Espíritos inimigos que os atormentaram, agora prosseguindo em batalha mais inclemente.
Desse modo, em todos quantos desencarnam na aceitação parasitária das ocorrências aflitivas, as sequelas permanecemassinalando esses pacientes por largo tempo, já que não lutaram por sobrepor-se aos testemunhos de purificação.
Aqueles, entretanto, que se trabalharam emocional e espiritualmente têm, após o decesso tumular, como sequelas, a ausência das impressões perturbadoras, das dores que ficaram na roupagem em diluição.
Ninguém transita pelos patamares do crescimento íntimo sem o concurso do sofrimento, que proporciona, quando bem recebido, o direcionamento das aspirações para Deus e para o Bem, para a harmonia íntima, para a atitude de respeito e de amor pela Vida.
O sofrimento surge, em muitos casos, como coroa de glória, que numerosos Espíritos nobres solicitam e recebem, tornando-se protótipos de perfeita sintonia comDeus e por amor à Humanidade.
Quando o sofrimento é aceito como força dinâmica, faculta o êxtase dos santos, dos artistas, dos pensadores, dos cientistas, porque afrouxa os laços materiais que retêm o Espírito, permitindo-lhe pairar nas regiões de onde procede, haurindo ali mais força e energia para ensinar auto-superação e felicidade.
Quando Jesus proclamou que são bem-aventurados os aflitos, é evidente que se referiu somente àqueles cuja aflição não produza sequelas devastadoras, que dilaceram a alma.
Aflitos e sofridos, sim, mas nem todos, face às sequelas que produzam...