No Rumo da Felicidade

CAPÍTULO 27

DESERÇÕES E QUEIXAS



A permanência na sustentação dos ideais de enobrecimento sempre representa grave desafio para a criatura humana.

A condição de humanidade pode também significar constituição frágil, face às heranças ancestrais a que o ser se aferra.

Vícios e defecções representam a segunda natureza, aquela que remanesce aguardando remoção, face aos hábitos arraigados que são sustentados pelo vigor da mente e do sentimento que neles se comprazem.

Toda libertação impõe o esforço que corresponde à intensidade do fenômeno escravizador, assim como a ascensão exige redobrada energia, iniciando-se na firme decisão para prosseguir.

O entusiasmo como mecanismo de emulação para a luta faculta o impulso, no entanto, são as intenções e ideais, cuja legitimidade é sempre aferida, que se apresentam como a força condutora do êxito da empresa.

Nessa experiência valiosa, feita de altibaixos, não raro dão-se as deserções e queixas.

Pensando ser fácil a conquista do patamar da paz ou alcançar o acume da montanha libertadora, o candidato, mesmo quando sincero, enfrenta óbices internos e externos que se lhe antepõem ao avanço.

Não sendo revitalizadas as energias do pensamento otimista, e ei-lo enfermando de desânimo, derrapando na amargura e, desmotivado, face aos naturais testemunhos, abandonando o empreendimento.

Quem realmente deseja alcançar metas felizes, somente considera os insucessos para retirar-lhes resultados positivos, corrigindo atitudes e aprimorando métodos.

Não desistir, mesmo quando as circunstâncias e pessoas parecem conspirar contra os objetivos elevados, é a característica de todo aquele que alcançará o êxito.

Provavelmente a jornada se fará através de avanços e recuos, conquistando, todavia, espaços e lugares que servirão de base para saltos mais audaciosos.


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Simultaneamente às injunções nem sempre propiciatórias ao resultado almejado, hábitos enfermiços permanecem semalteração gerando os mais intrincados embaraços.

Os vícios de qualquer espécie são inimigos do progresso do Espírito, quando este não se resolve por extirpá-los da estrutura íntima.

Podem parecer de pequena monta alguns deles, em relação àqueles catastróficos e perturbadores. Não obstante, toda dependência malsã significa oposição à real felicidade.

Todos estamos fadados à plenitude. Alcançá-la depende do esforço opcional de cada um.

Resistência contra as paixões degenerativas; reparação dos erros logo os identifique; recomeço da ação sempre que o desânimo ameaçar; cultivo da oração que enriquece de otimismo, são algumas precauções morais terapêuticas para a saúde espiritual.

Reconhecer-se portador de imperfeições, mas lutar para superá-las; identificar-se na condição de ser humano comdireito a equívocos, no entanto, empenhar-se para tê-los sempre em menor número; compreender que está em fase de aprendizagem e não desistir de aprofundar experiências, podem ser consideradas condições de realce para a vitória sobre si mesmo.

Quem para a lamentar ocorrências malsãs, ou se detém a criticar aqueles que delinquem, ou se entregam às dependências perversas, não está realmente interessado no autoaprimoramento.

Lutar é o impositivo do momento, seja abraçando ou não as nobres propostas da vida.


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Persevera enquanto é noite, no teu labor, a fim de que alcances o dia de luz plena.

Insiste ante as dificuldades constantes, para que deixes o caminho aplainado para aqueles que virão depois.

Tolera a todos e concede-lhes o direito de não te entenderem, impondo-te o dever de os compreender sempre.

Recorda Jesus, que não se permitiu qualquer vício ou deserção, embora a enferma sociedade na qual se movimentou, alçando-se ao Pai e apontando o rumo seguro para a Humanidade de todos os tempos. Viciações, nunca, e deserção, jamais!