No Rumo da Felicidade

CAPÍTULO 8

SENTENÇA DE MORTE



Diante de pacientes portadores de enfermidades irreversíveis, se afirma que estão sob sentença de morte, aguardando os dias para o encerramento da jornada terrestre.

De certo modo o conceito é verdadeiro, face ao fenômeno natural do desgaste orgânico, sofrendo ainda, a crueza dos agentes destrutivos das suas parcas resistências.

Não obstante, a sentença de morte para os homens é firmada no momento do renascimento carnal, porquanto o início da vida fisiológica é, também, começo do processo desencarnatório, que se dará na ocasião própria.

A fatalidade, vida e morte, faz parte do quadro da evolução espiritual, em que o ser eterno se veste de células e delas se despe como natural fenômeno a que se submete por determinação das Soberanas Leis.

Aparentemente, os doentes e desajustados organicamente se encontram mais próximos do momento fatal, o que porém, não credencia a ninguém como livre para romper os liames de sustentação dos órgãos materiais.

A questão da morte, por isso mesmo, é de alta relevância nos cometimentos humanos, em razão da sua presença normal nas expressões biológicas.

As ilusões corporais, que repletam a mente de fantasias, respondem pela forma distraída, mediante a qual as criaturas transitam no carro do tempo, até o momento em que são surpreendidas pelo deslindar dos vínculos materiais.

Considera a tua vida do ponto de vista espiritual, da Erraticidade para a Terra e não ao inverso.

Adquirindo consciência do lugar de onde procedes, compreenderás que o estágio no corpo se interromperá oportunamente, levando-te de volta.

Treina o desprendimento dos bens materiais, o desapego das pessoas, dilatando o amor em forma de esperança para os reencontros futuros.

Projeta as aspirações e tarefas para além da fronteira do túmulo, acostumando-te com a ideia da imortalidade, da tua sobrevivência à disjunção molecular.

Enquanto brilhe o sol da oportunidade terrena, desempenha as tuas tarefas, qual aluno atencioso na escola de aprimoramento, tendo em mente que o curso sofrerá interrupção e deverás retornar.


* * *

Tudo fala de vida e sobre a vida.

O poema da natureza e as células no teu organismo são expressões da realidade que desfrutas. Mesmo quando se alterem, tu permanecerás.


* * *

Enquanto os companheiros no corpo se afligem com a tua sentença de morte - eles, que também estão sentenciados alegram-se os teus afetos queridos que já se libertarame te aguardam.

É quase paradoxal: quando vieste ao corpo, eles, os livres, se preocuparam, envolvendo-te empreces pelo êxito, embora os teus genitores sorrissem comesperanças. Agora, que te dispões à volta ao lar, os teus amores humanos, expectantes, se entristecem, mas eles se rejubilam e te aguardam em festa, especialmente se foste fiel ao teu programa e conduzes as láureas das vitórias conseguidas.


* * *

Sentenciados à morte estão todos os homens; no entanto, destinados à imortalidade esplendorosa que os espera.

Enriquece-te de amor e bondade enquanto luz a tua ensancha, e, cada dia que enfrentes, recebe-o, agindo como se fosse o último na carne, assim preparandote, para que o derradeiro se te transforme no amanhecer perene de um outro sem fim.