Rejubila-te Em Deus

CAPÍTULO 13

Parábolas e símbolos



Pergunta-se, frequentemente, por qual razão falava Jesus por parábolas. A interrogação pode ser respondida após breve e cuidadosa reflexão.

Ele desejava que a Sua Mensagem ultrapassasse o tempo em que era enunciada e o lugar em que se fazia ouvida, não poderia ficar encarcerada nas formulações verbais vigentes pela pobreza da própria linguagem.

Se assim fora, à medida que o tempo avançasse, ficaria superada em razão da maneira como fora formulada.

Utilizou-se, porém, da parábola, do conhecimento dos símbolos, a fim de dar-lhe caráter de permanência em todas as épocas.

A Semiótica, ou disciplina que estuda os símbolos, demonstra a facilidade que os mesmos representam para o entendimento de tudo quanto é transcendental ou subjetivo, de modo que se apresente fácil de identificação.

Talvez o símbolo seja o recurso mais antigo de comunicação entre os seres humanos.

Especialistas em paleontologia encontraram-nos gravados em cascas de ovos há mais de sessenta mil anos, o que confirma a sua perenidade.

Todo símbolo reveste-se de um significado, não somente num como em todos os lugares, em qualquer idioma ou dialeto, e isso facilita o entendimento da sua representação.

Demais, uma narrativa amena, em forma de parábola, facilmente é entendida, ao mesmo tempo, memorizada, e quando é narrada, embora se alterem as palavras, o símbolo nela incluído ressalta e preserva-lhe o significado.

Tendo de conviver com mentes pouco esclarecidas culturalmente, numa época de obscurantismo e de graves superstições, Ele deveria superar os limites de então e coroar as futuras conquistas do conhecimento intelectual.

Concomitantemente, o Seu objetivo era o de insculpir o ensinamento no imo das emoções, e as parábolas, por centrarem o seu significado nos símbolos, jamais seria olvidado ou adulterado.

Caberia à Psicologia do futuro penetrar nos arcanos do inconsciente humano, onde se arquivam todos os acontecimentos e se transformam em símbolos, que se fazem decompostos à medida que são liberados em catarse espontânea...

Uma figueira brava e uma rede de pescar, uma pérola e uma semente de mostarda em qualquer idioma e em todas as épocas preservam a sua realidade, que facilita o entendimento da narrativa na qual comparecem.

Com o desejo de apresentar o Reino dos Céus de forma inconfundível como deveria ser totalmente desconhecido então, explicitado num símbolo adquiria fácil compreensão dos ouvintes e mais acessível assimilação emocional.

A moderna Psicologia Analítica assim como a Psicanálise penetra nos símbolos para interpretar os arquétipos, as heranças ancestrais, os mitos e contos de fadas, que se encontram arquivados nos recessos profundos do inconsciente humano.

Recorrem aos sonhos e às associações, para desvelar as imagens sombreadas e guardadas em símbolos que, interpretados, facultam trabalhar-se os conflitos, a fim de diluí-los.

Jesus foi e permanece sendo o mais qualificado Psicote-rapeuta da humanidade, com extraordinária antecipação das doutrinas psicológicas, a fim de iluminá-las quando surgissem.

Todos os seres humanos têm no seu jornadear conflitos semelhantes aos do filho pródigo, que foge do lar atraído pela ilusão do prazer e ao tombar na realidade angustiante que desconhecia, retorna à segurança do pai generoso...

Como expressar em profundidade excepcional a lição do bom samaritano, no qual é proposto o amor ao inimigo em forma de caridade compassiva, senão conforme o fez Jesus?

A reflexão em torno das virgens loucas, insensatas, e das prudentes, que se preservaram, teoriza de forma segura, o significado da fidelidade ao dever de maneira muito especial.

O pastor que vai em busca da ovelha extraviada, assim como a mulher que procura a dracma perdida, são especiais e inesquecíveis ensinamentos sobre a valorização e a dedicação pessoal.


As extraordinárias imagens simbólicas de que Ele se utilizou para ser compreendido e dizer da Sua grandeza sem autoencômios nem revelações desnecessárias, refletem-Lhe a sabedoria:

— Eu sou a luz do mundo...

— Eu sou a porta das ovelhas...

— Eu sou o caminho, a verdade e a vida...

— Eu sou o pão da vida...

— Eu sou a videira...

— Aquele que beber da água que eu lhe der...


Nas admoestações, os Seus célebres ais ainda convidam à meditação:

— Ai de vós os ricos!...

— Ai de ti Corazim!Ai de ti Betsaida!...

— Ai do homem pelo qual vem o escândalo...

— Ai de vós escribas e fariseus...


— Ai de vós, porque sois semelhantes aos túmulos... Não menos enriquecedores são os postulados de amor e de promessa de plenitude em favor daqueles que Lhe forem fiéis:

— O que fizerdes a um deste em meu nome...

— Eu vos apresentarei a Meu Pai...

— Eu vos mando como ovelhas mansas...

— Eu vos aliviarei...


As canções de exaltação penetram, ainda hoje, a acústica de todas as almas, que Lhe ouvem os enunciados incomparáveis:

— Um homem tinha dois devedores...

Ide convidar os estropiados, os excluídos, os infelizes...

— O Reino dos Céus é semelhante a um homem que...

— Eu estarei convosco para sempre...

As suaves parábolas de Jesus são o coroamento melódico da sinfonia das bem-aventuranças que a humanidade jamais olvidará.

Todos os seres humanos estão inclusos no Sermão do Monte, quando o Amor se transforma na fonte inexaurível da trajetória evolutiva dos Espíritos.


Por fim, Ele exclamou:

— O Reino dos Céus está dentro de vós... Exultai!