Vitória Sobre a Depressão

CAPÍTULO 29

A Verdade Desvelada



Em todas as épocas, a busca da verdade é uma constante. Vestida de mitos e lendas, apresentada em metáforas ou como a última palavra, a verdade é sempre enigmática e transitória, exceção a algumas das suas expressões imortalistas.

Por essa razão, a verdade pode apresentar-se como a maneira de entender do observador, em razão do seu nível de consciência, do observado, em face da sua capacidade de entendimento, e aquela que é a real, a que transcende a compreensão momentânea das criaturas, e manifesta-se depois, sendo, a pouco e pouco, desvelada.

A tarefa da ciência, da religião, assim como da filosofia, tem sido a de penetrar no mistério da verdade e, através da observação, da análise, da experiência, torná-la factível no mundo das formas, aceita e aplicada como diretriz de equilíbrio e de segurança moral.

Quanto mais se desenvolvem o psiquismo e o sentimento humanos, mais ampla se torna a sua capacidade para entender, descobrir e vivenciar a verdade, pelo menos aquela que é conquistada de momento.

Transitória, em cada época, o seu fundamento, entretanto, é sempre o mesmo, sendo a maneira de expressar-se que varia, adquirindo legitimidade ou perdendo o significado.

Dessa maneira, muitas das suas manifestações, consideradas reais, por uns, não o são, por outros, tornando-se inútil qualquer tentativa de as impor àqueles que se encontram na margem oposta, fortalecidos por especiais e próprias considerações.

Mesmo Jesus, o Espirito mais nobre que esteve na Terra, quando interrogado por Pilatos sobre a verdade, silenciou, porque aquele administrador mesquinho não a podia entender. Nada obstante, informara antes que todo aquele que é da verdade ouvia-Lhe a voz. (Jo 18:37-38).

A verdade, portanto, transcende a indumentária linguística para tornar-se um estado interior de conquista espiritual, característica dos Espíritos nobres e sábios.

Ante a impossibilidade natural de conhecer-se a verdade de um para outro momento, o aventureirismo cultural veste-a de complicadas informações que mais a desfiguram e a ocultam.


Por outro lado, a verdade é simples como o ar que se respira, a paisagem rutilante que enternece, o brilho das estrelas que fascina, o sentimento de amor que dignifica e eleva… A dificuldade consiste em expressá-la, tornando-a de fácil compreensão, o que conseguem os sofistas, os hábeis mistificadores, que se habilitam em confundir e enganar, porque não a têm ao alcance…

— Buscai a verdade, e a verdade vos libertará — propôs Jesus.

Certamente, referia-se à verdade profunda, àquela que diz o ser que se é, qual a finalidade da sua existência na Terra e as razões que explicam os sofrimentos, os desafios e as dificuldades que defronta na sua trajetória autoiluminativa.


* * *

Nunca imponhas a tua verdade, defendendo-a com vigor, toda vez quando fores convidado a expressá-la.

Expõe o que pensas com tranquilidade e bem-estar, de maneira fácil e simpática, que a torne atraente e não repulsiva.

Evita o puritanismo que te jactaria diante daqueles que ainda permanecem na ignorância de determinados conhecimentos, expressando-te sem complexidades nem arroubos de cultura vazia.

Por muito falar, poucos se fazem entendidos.

Silencia, quando perceberes que o momento não é próprio, as circunstâncias não são favoráveis, aguardando a tua oportunidade sem pressa nem aflição.

Tornam-se muito frequentes as abordagens sobre às verdades de cada um com caráter de generalidade.

No que diz respeito à área dos aconselhamentos espirituais tem muito cuidado com a colocação do teu verbo na concha dos sentimentos de quem te pede socorro.

Nem todos estão preparados para tomar conhecimento de determinadas informações que mais os afligirão do que os confortarão.

Evita os diagnósticos desesperadores, o engessamento em fórmulas adrede estabelecidas, recordando-te de que aquele que te busca necessita de orientação e não de intimidamento, de conforto moral e não de acrimônia. Tudo quanto lhe digas, seja assinalado pela bondade e pela gentileza, demonstrando que é possível libertar-se da situação penosa, desde que se interesse pelo conseguir, não assinalando ninguém com rótulos depressivos, perturbadores, aparvalhantes… Se alguém é portador de algum problema obsessivo, por exemplo, que detectas, não o amargures com a informação assustadora, que ele não tem capacidade para digerir, nem sequer para entender, perdendo-se em conceitos que abarcam soluções mágicas, punitivas ou destrutivas… Encaminha o paciente às atividades do estudo, do esclarecimento espiritual e moral, conclamando-o à reflexão, à transformação de conduta pessoal para melhor, abordando as bênçãos da saúde que o espera, caso resolva-se por ser feliz.

Essa atitude o fará confiante, auxiliá-lo-á a sair do pesadelo sem temor, a percorrer os novos caminhos apontados como estradas de fácil acesso, observando, à distância, a claridade da saúde e da alegria.

Nunca te permitas abordagens em torno do que ignoras, dando a falsa impressão de que sabes tudo e estás informado a respeito de todas as coisas.

Sê simples no falar e, sobretudo, no esclarecer.

A autenticidade das tuas palavras será revelada pela onda de simpatia e de verdade que exteriorizarás.


* * *

O mundo está referto de pseudossábios, de ilusionistas, de pessoas brilhantes por fora, debatendo-se em sombras interiores.

E cada vez maior o número de portadores de verdades interesseiras em moedas e retribuições pelos seus feitos.

Não sejas um a mais, porém, alguém equilibrado que encontrou o caminho e segue-o com alegria e simplicidade de coração.

A tua verdade é muito boa para ti, vive-a, então, permitindo que os demais realizem o seu encontro pessoal e desfrutem-lhe as bênçãos de que necessitam, quando assim ocorrer.