Conta-se que Edison, o eminente pesquisador, considerado um dos mais fecundos inventores da Humanidade, após dois anos de experiências malogradas, ouviu atenciosamente um dos seus colaboradores que, desanimado, argumentou: — "Desistamos desse invento. Já fizemos 700 experiências inúteis. Não há mais o que tentar".
Sereno, retrucou então o admirável combatente: — "Não nos é lícito abandonar a tarefa neste momento, quando já sabemos que 700 testes não devem mais ser experimentados". E, insistindo um pouco mais, em outubro de 1879 ofereceu ao mundo o milagre do "fio incandescente", numa lâmpada onde fora produzido o vácuo e que abriu novas perspectivas para a proliferação e amplitude da claridade artificial na Terra...
É mais fácil, porque mais cômodo, deixar a meio os empreendimentos, quando o êxito não irrompe de imediato nas tentativas e experimentos.
Muitas conquistas, que hoje nos parecem simples, exigiram anos e anos de sacrifício e perseverança dos seus engenhosos artífices.
Realizações singelas e nem sempre consideradas ensejaram conquistas inapreciáveis. Para os seus primeiros resultados, os seus paladinos muito sofreram.
No campo da fé, o fenômeno assume as mesmas características. Sorrisos e entusiasmo enquanto fervilham facilidades e promessas. Esperanças e planos em desdobramento, quando ao primeiro chamado para uso das possibilidades que fluem nos arraiais da nova grei. Todavia, logo se nublam os horizontes da ilusão, ante as tintas da realidade, somente raros permanecem firmes e confiantes, enfrentando as borrascas e óbices que muitas vezes são o sinal da segurança que logo advirá.
Companheiros aparentemente denodados esperam ainda hoje encontrar, nas fileiras espíritas em que se encontram, o clima para o acessível triunfo pessoal ou para sustentar a engrenagem mantenedora dos resultados agradáveis e amplos lucros nesta ou naquela atividade a que se dedicam. Ainda se buscam soluções para os necessários problemas da afetividade torturada ou a chave miraculosa para decifrar sonhos que conduzam aos depósitos da fortuna, enterrados em velhos pardieiros e fazendas antigas...
Fazer o milagre da claridade interior para caminhar com segurança após os mil enganos, insistindo e perseverando na ação correta, são poucos aqueles que o conseguem. Estes, porém, guindados ao trabalho, alcançarão as praias formosas da luz plena e os portos firmes da harmonia sem jaça.
Se participante da tarefa espírita experimentas somente júbilos e afeições, é sinal de que Jesus está contigo... No entanto, se conduzes a cruz do trabalho; se os amigos deixam responsabilidades aos teus cuidados — por comodidade deles e por perseverança tua —; se se recordam de ti quando se faz preciso esforço e renúncia; se não te enxergam as lágrimas nem te consideram as próprias necessidades; se se supõem capazes de te sobrecarregar com tarefas e reclamações que lhes dizem respeito, rejubila-te; Jesus está contigo, sim, mas já estás também com Jesus!
Insiste, reflete, corrige-te e prossegue nos teus empreendimentos com alegria, consciente de que o Mestre, para carregar o madeiro infamante que Ele iria transformar em sinal de triunfo, foi ajudado por um cireneu estrangeiro, e que mesmo hoje, para conduzir o homem sofredor e rebelde que lhe pesa como fardo de angústia, aceita, também, o teu esforço de cireneu da Nova Humanidade pelo caminho redentor por Ele percorrido.
NOTA — Tema para estudo: L. E. — Parte 3a — Cap. III — Necessidade do trabalho.
Leitura complementar: E. — Cap. XVII — O homem de bem. — Item 3.