Modesta e significativa, a aldeia de Belém de Judá deveria receber Aquele que é a luz do mundo, e que viria à Terra para que todos tivessem vida e a possuíssem em abundância.
Ele chegou discreto como a brisa agradável e perfumada de um entardecer abrasador, produzindo bem-estar e alegria de viver.
O mundo de então se encontrava incendiado pelo fogo devorador das paixões asselvajadas, que dominavam as criaturas humanas.
Soberba e desvairada, a sociedade e as nações exaltavam o poder transitório e submetiam-se à glória fúnebre das armas, não havendo lugar para o amor nem para a fraternidade.
O monstro da guerra devorava as vidas que se lhe entregavam inermes, e o jogo da força trucidava quaisquer possibilidades de esperança e de paz.
A ilusão dos valores terrestres permanecia sombreando a claridade da justiça e a oportunidade da vivência da dignidade sem jaça.
Todas as profecias que anunciavam a Era da Verdade foram confundidas por Israel com o desejo doentio de dominar os outros povos, quando chegasse o seu Messias, que desejavam seria sanguinário e vingativo.
Depois de séculos de servidão no Egito e na Babilônia, e de sofrer o tacão perverso de outros povos que o invadiram e o esmagaram 1srael aguardava um rei poderoso que lhe devolvesse as glórias terrestres usurpadas e lhe concedesse o cetro da governança universal...
A presunção dominava as classes privilegiadas que serviam a César e aos seus esbirros, para conseguir lhes migalhas, embora os detestassem com todas as veras do coração.
Os miseráveis avolumavam-se, e os sem-terra, sem-teto, sem-trabalho entregavam-se à hediondez da rapina, da ociosidade, nos antros em que se homiziavam.
As classes em que a sociedade dividia-se caracterizava a dureza dos corações e o seu comportamento cruel.
Fariseus e saduceus odiavam-se publicamente em renhida luta pelo poder vergonhoso, assim como os herodianos e publicanos, enquanto os homens da terra, os pobres camponeses, entulhavam as cidades e burgos com a miséria sem disfarce, em que chafurdavam no desprezo e no abandono a que se encontravam relegados.
A paisagem humana era assinalada pela ignorância e pela sordidez resultante da situação de miséria econômica e moral.
Vivendo com Jesus Aparentemente, naqueles dias, uma calmaria pareceu tomar corpo durante o período inicial em que Ele veio comungar com os Seus - aqueles que não tinham a ninguém, nem quase o direito de viver...
Dessa forma, a Sua seria a vida mais extraordinária e única, dantes nem depois jamais acontecida.
Ele iniciou o Seu ministério da libertação de consciências numa festa de casamento, abençoando a união das almas e preservando a alegria nos corações; e concluiu-a num holocausto invulgar noutra festa, a da Passagem, rica de evocações felizes pelo povo em algaravia.
Por isso, a Sua é a doutrina das boas-novas de alegria, entoando o canto de beleza para anular as sombras e tragédias dominantes em toda parte e nos tempos do futuro.
A Sua mensagem, impregnada de ternura, objetivava todos os seres humanos; especialmente, porém, aqueles que eram espoliados, que haviam sido excluídos do convívio social edificante, que perderam tudo, menos o direito de ser amados...
E Ele os amou como ninguém jamais o fizera igual.
Elegeu-os como Seus irmãos, com eles conviveu e os alimentou, ensinando-lhes elevação e dignidade, convidando -os à renovação íntima e à luta pela sublimação.
Também por eles foi respeitado e ouvido, deixando-lhes as marcas inconfundíveis das Suas lições que transformaram algumas das suas vidas estioladas...
A uma mulher da Samaria, equivocada e pretensiosa, Ele desvelou-se, sabendo-a inimiga, e dela fez a mensageira da fraternidade numa tentativa de restaurar a união despedaçada antes entre os clãs primitivos...
À outra, que era profundamente perturbada, vivendo em conúbio com Espíritos obsessores, Ele ofereceu as mãos gentis e transformou-a no exemplo edificante de propagadora das Suas palavras, tornando-a a primeira pessoa a vê-lo redivivo, além da morte...
A uma dama rica e representativa da aristocracia do Império Romano, Ele facultou o discernimento para prosseguir ao lado da família, ultrajada pela conduta do esposo irresponsável, tocando-a de tal maneira, que ela não trepidou em dar-lhe a existência durante o terrível período de perseguições desencadeadas por Nero...
Nicodemos, que se sentava, poderoso, no Sinédrio, foi por Ele atendido e teve a honra de receber claras e profundas informações sobre os múltiplos renascimentos do Espírito no corpo carnal...
Jamais Ele se absteve de ajudar a quem necessitasse, doando-se integralmente.
De tal forma o fazia com os miseráveis, que era censurado por comer e beber com a ralé do lugar onde se encontrava.
As Suas parábolas, ricas de lições insuperáveis, deixaram as mais belas informações a respeito da ética do comportamento humano, tornando-se, na atualidade, processos psicoterapêuticos para a libertação das vidas algemadas aos conflitos infelizes trazidos do passado espiritual...
O bom samaritano é proposta íntima de compaixão e de misericórdia oferecida ao inimigo.
O filho pródigo é ensinamento superior sobre o arrependimento c a reabilitação de que todos necessitam.
Vivendo com Jesus As virgens loucas e as prudentes são páginas de rigorosa advertência sobre a parcimônia e o equilíbrio.
A figueira que secou permanece na condição de convite vibrante à produtividade e ao Bem...
Comungou com a família de Zaqueu, o publicano detestado, que nunca mais O esqueceu.
Demonstrou a Simão, o leproso, o que realmente é a dignidade e o que são as aparências enganosas.
Utilizou-se de Lázaro e de suas duas irmãs para ensinar o significado do trabalho e a eleição do mais importante na vida.
Sempre esteve a ensinar e a viver o ensinamento, e, por isso, aceitou como título somente o de Mestre, porque, realmente, o era.
Jesus!
Ele permanece como o mais extraordinário ser que o mundo jamais conheceu, na condição de incomparável modelo para a humanidade.
Possivelmente O encontraste nas jornadas passadas e não Lhe foste fiel, optando pelo mundo em vez de segui-lo.
Assumiste compromisso de mantê-lo vivo nos corações e O confundiste no ádito das almas e dos sentimentos...
Ei-lo que agora retorna e o reencontras realmente desvestido do luxo e da ostentação religiosa do passado, com que O apresentaram ao mundo, desfigurando Lhe a grandeza.
Simples e nobre, Ele caminha anônimo entre as massas desvairadas, auxilia em silêncio e na ternura, abrindo portas para a conquista da plenitude.
Vigilante, aguarda que Lhe seja facultada a oportunidade de apresentar-se.
Se, porém, ainda não O encontraste, para e reflexiona, direcionando os passos na Sua direção.
Compassivo e afável, Ele está perto de ti... Busca viver com Ele.
Não postergues o momento, a fim de que não venhas a fazê-lo tardiamente...
As páginas que se irão ler têm o objetivo de trazer de volta à consciência hodierna alguns encontros e vivências com Jesus, durante os dias em que Ele jornadeou na Terra, como Estrela de primeira grandeza com o brilho diminuído...
E, se já O encontraste, mas não te deixaste arrastar pela sua força de Amor, recompõe-te e entrega-te enquanto o tempo urge.
Algumas das mensagens que estão neste livro foram oportunamente publicadas, e novamente comparecem nesta obra que apresentamos aos nossos caros leitores.
Formulamos votos de paz e de alegria a todos quanto O encontrem e O sigam, vivendo com Ele em qualquer situação.
Paramirim, 11 de agosto de 2012.
Amélia Rodrigues