Vivendo Com Jesus

CAPÍTULO 30

Sementeira De Testemunhos



— E outra (semente) caiu em boa terra e, nascida, produziu fruto, a cento por um...

Lucas 8:8 As sementes de amor que Jesus colocara no coração fértil dos discípulos, fecundaram e se transformaram em árvores generosas, com frondes protetoras, e conseguindo produzir milhares de outras tantas, que se multiplicariam ao infinito na sucessão dos tempos.

Terminado o ministério terrestre, o Mestre retornara às imarcescíveis dimensões da Espiritualidade, deixando os companheiros equipados para os enfrentamentos, e todos eles desincumbiram-se do ministério com inigualável grandeza moral, dando testemunhos que permaneceriam como símbolos de fidelidade e lições permanentes de amor.

Todos padeceram nas carnes do corpo e nos tecidos da alma as mais rudes provas e mais acerbas dores físicas e emocionais, sem apresentarem qualquer sinal de fraqueza, de temor ou de negação.

Quanto mais terrível era configurada a punição ao amor de que davam mostras, vivenciando-o, e eles se faziam expoentes da coragem e da fé.

Nenhum foi poupado pela impiedade humana, e o seu sofrimento serviu de adubo fértil para as sementes que deixaram nos corações daqueles que os ouviram, que conviveram : om eles, que se mostraram receptivos à mensagem libertadora.

A liberdade é o anelo mais elevado do ser humano, mas nem sempre se configura na facilidade de locomoção, no direito de ir e de vir, podendo ser vivenciada no ádito do coração sob terríveis aflições e em injunções inumanas, penosas, como aqueles homens souberam viver seguindo o exemplo de Jesus.

O Evangelho expandia-se no mundo que permanecia sob a dominação tiranizante do Império Romano, que ditava as diretrizes cruéis para submeter os vencidos pelas suas legiões.

Pulsava nos sentimentos dos oprimidos o anseio de liberdade, e porque não a pudessem fruir pelos caminhos sociais e políticos, a de consciência fascinava-os, e quando ouviam as narrativas do Evangelho e do Reino que Jesus viera implantar na Terra, todos se lhe entregavam com ardor.

Felipe, um dos seus primeiros discípulos, impregnado pela presença do Mestre a quem muito amava, deixou-se influenciar pelas vozes dos céus, e saiu a divulgar a esperança e a alegria de viver, o amor e o perdão.

Ele vivia enriquecido desses valores que o sustentaram desde o momento em que o Mestre ascendera ao Infinito.

Em contrapartida, onde quer que fosse, defrontava a mão férrea do Império Romano, afligindo todos aqueles que ambicionavam a felicidade fora dos padrões hediondos do crime e do ódio.

A sua palavra canora sensibilizava, ainda mais porque ele fora testemunha de Jesus, com quem convivera em estreita comunhão de ternura.

Obrigado a sair de cada cidade onde se apresentava na condição de embaixador do Rei especial, deteve-se em Hierápolis, na Frígia, onde o seu verbo sedutor iluminou vidas incontáveis, arrancando-as da densa escuridão.

Os frígios podiam ser considerados bárbaros no conceito romano, mas eram pessoas sofridas e sedentas de paz.

A palavra ardente, porque era portadora da Verdade, incomodava os pigmeus governamentais que passaram a con-siderá-lo como sendo um criminoso comum e audacioso, que desacatava as autoridades.

Aprisionado, após julgamento absurdo, conforme acontecera com Jesus, foi condenado à morte na cruz, de acordo com a justiça aplicada àqueles que infringiam as leis.

Erguido no madeiro de infâmia que o Senhor dignificou, experimentou as terríveis dores do desconjuntar dos ossos, do elastecimento dos nervos, da asfixia insuportável, permanecendo confiante e digno.

Ele havia aprendido com Jesus o significado profundo do amor, especialmente em relação ao próximo, aos inimigos, ao ideal da Verdade, à Vida...

Nada lhe diminuiu o estoicismo nem a abnegação.

Aqueles eram os dias dos testemunhos, quando o sangue dos mártires fecundou a terra para que medrassem em abundância as sementes de luz que Ele oferecera aos discípulos para esparzirem no mundo.

Todos, portanto, cada um a seu turno, foram convocados a provar a autenticidade da mensagem, conforme sucedeu a André, o irmão de Simão Pedro, que, já idoso, nunca desanimou e prosseguiu no ministério, continuando a pregar para os sítios, godos, trácios, todos considerados bárbaros pelos romanos, sendo, na cidade de Sebastópolis, onde viviam etíopes, mandado crucificar pelo sádico Egeias, que governava os edessenos, posteriormente sendo sepultado com a ternura dos seus discípulos em Patras, a célebre cidade da Acaia...

João, o evangelista, foi o único que não foi assassinado, havendo morrido idoso...

A luz derramava-se a flux em toda parte, porém, em todo lugar Jesus era odiado porque libertava as vidas das algemas da ignorância e do poder dos maus.

Aqueles que o amavam, no entanto, não desanimavam, prosseguindo integérrimos e jubilosos no ministério, enquanto aguardavam o testemunho com que mais se compraziam, de-monstrando a excelência da mensagem.

Invejoso, Egeias ficou melindrado com o respeito de que gozava André, das suas narrativas gloriosas ao lado de Jesus, do esplendor e grandeza do Reino dos Céus que ele não estava interessado em conquistar, já que era prisioneiro do reino terrestre, assim como de todos aqueles que se diziam cristãos. Conseguiu através dos mecanismos do servilismo e do ódio permissão de Roma para crucificar todos aqueles que se vinculassem a Jesus, que se negassem a adorar os deuses mentirosos.

No seu julgamento, sem qualquer receio André declarou-lhe que havia um outro Juiz cuja maneira de decidir era totalmente diversa da dele, porque era imparcial e imperecível, provocando-lhe a ira, resíduo nefando do primarismo que permanece nas criaturas humanas infelizes, desse modo, mandando crucificá-lo.

Também os egípcios, os indianos e outros povos politeístas que praticavam sacrifícios de animais e humanos, quando lhes convinha, odiavam o Mestre de Nazaré, que os amava e inspirara alguns dos seus discípulos para que fossem levá-lo por toda parte sem medo daqueles que somente matam o corpo e nada podem fazer ao espírito.

Ainda hoje, de alguma forma, a fidelidade a Jesus é vista como comportamento patológico, alienação, covardia moral.

Os Seus servidores não encontram espaço no mundo em que triunfam os equivocados e recebem láureas os criminosos, aqueles que matam em nome da pátria, da política, da fé religiosa, dos preconceitos em que se comprazem...

Jesus, porém, vela pelos seus continuadores, e prossegue convocando os Seus trabalhadores para que permaneçam na seara imensa onde os poucos fiéis devem viver em vigília de amor e de perdão, de misericórdia e de compaixão, experiênciando a caridade.

Cristão sem testemunho é solo árido dominado pela seca e pela morte...

O testemunho de qualquer natureza, mesmo aqueles interiores, silenciosos, são a condecoração de quem ama Jesus e resolveu por servi-lo.

Amélia Augusta do Sacramento Rodrigues nasceu em Oliveira dos Campinhos, termo da Cidade de Santo Amaro, na Bahia, no dia 26 de maio de 1861, e desencarnou em Salvador, no dia 22 de agosto de 1926.


Mestra admirável foi poetisa, dramaturga, escritora notável que honra não apenas as letras baianas, mas ocidentais, conforme esclarece Pedro Calmon: "... a lista dos dramaturgos ocidentais completar-se-á com Amélia Rodrigues, professora, inspirada poetisa, talvez a maior depois de Amélia de Castro Fonseca. "

Espírito sensível e nobre, Amélia Rodrigues era católica praticante, sendo convidada por Joanna de Ângelis, no Mundo Espiritual, para ampliar o número dos servidores do Cristo, nas hostes do "Consolador", em considerando os seus elevados dotes espirituais e realizações humanas, enquanto esteve na jornada carnal.






FIM