Sabedoria do Evangelho - Volume 1

CAPÍTULO 12

A VISITA DOS PASTORES



LC 2:15-20

15. Quando os anjos se haviam retirado deles para o céu, diziam os pastores uns aos outros: "vamos até Belém e vejamos o que aconteceu. o que o Senhor nos deu a conhecer".


16. E foram a toda pressa e acharam Maria e José e a criança deitada numa mangedoura;


17. e vendo isso, divulgaram o que se lhes havia dito a respeito desse menino.


18. Todos os que o souberam admiravam-se das coisas que lhes referiam os pastores.


19. Maria, porém, guardava todas essas coisas, meditando-as em seu coração.


20. Os pastores voltaram glorificando e louvando a Deus, por tudo quanto tinham ouvido e visto, como lhes fora anunciado.

Logo que a visão desaparece de seus olhos - uma verdadeira sessão espírita de materialização coletiva em pleno campo aberto - os pastores, fortemente impressionados, confabulam entre si, resolvendo ir à procura do menino, a fim de confirmar as palavras dos anjos.

Não o encontram logo: procuraram mas acabaram encontrando o casal a cuidar do recém-nascido, segundo a descrição que lhes fora feita.


Digno de notar-se a palavra céu (ούρανσς) que exprime o mesmo sentido de nossa palavra atual "céu"

quando queremos exprimir a atmosfera, o ar. Os anjos se retiram "para o céu", isto é, suas formas materializadas se dissolvem no ar.


A narração do que ocorrera com eles maravilhou a todos. Maria, impressionada com esses fatos (ρήµα-
τα no sentido de דכך os fixava na memória profunda, conservando-os em seu coração (έντή хαρδία αύτής). Ainda uma vez verificamos que a sede da mente superior e da memória superconsciente (da individualidade) reside no coração, porque são atributos do Eu Interno, do Cristo de Deus. Um dia a própria ciência profana o descobrirá.

Depois do impacto do encontro, todos os glóbulos sanguíneos, os "pastores", apressam-se a ir a Bel ém (a Casa do Pão Espiritual), isto é, ao Coração, para visitar a Mônada Divina, o Eu Real que ali reside no Ventrículo Esquerdo, e que se expande em manifestações de Luz. E todo o sangue se apressa e em poucas horas, passa por esse ventrículo, homenageando o novo residente que se manifestou, e que antes estava adormecido no ventre (ventrículo) materno, e que agora despertou para a atividade viva, que NASCEU na luz da ação do homem novo.

No ardor da visita, após o encontro, o sangue, que primeiro se retirara aterrorizado, começa a agitarse.

As pulsações se aceleram e aparece a taquicardia típica que, no entanto, não incomoda: é a mesma que se experimenta nos grandes momentos da união sexual, que é a imagem mais aproximada e semelhante da união divina.

Logo após a passagem pelo coração (no estábulo), o sangue vai ao cérebro (a mangedoura) e lá encontra o homem-novo", as novas ideias que lá fervilham. O sangue se maravilha da transformação da criatura, de. sua "conversão" e apressa-se a "contar a novidade" a todos os órgãos, a todas as células do corpo; e estas se admiram do que lhes traz o sangue, das novidades que são anunciadas em ondas de alegria e vibrações harmônicas de paz, confirmando a palavra do anjo: "uma grande alegria, que o será para todo o povo" (vers. 10).

Em linguagem científica moderna diríamos que as vibrações das células sanguíneas, ao modificar suas próprias vibrações em contato com o coração, que se transformou pelos novos pensamentos surgidos, vai elevar as vibrações de todas as demais células, fazendo que estas se modifiquem para melhor, sintonizando com o Homem-Novo, expulsando as aflições e mazelas do corpo físico.

A intuição, porém, (Maria) guarda ciosamente todas essas coisas no âmago de si mesma, e nunca jamais se esquecerá das experiências vividas, e frequentemente medita sobre elas.


FIGURA "OS PASTORES COM JESUS" - Pintura de Guido Reni, gravura de H. B. Hall