16. Herodes, vendo-se iludido pelos magos, ficou irado, e mandou matar todos os meninos em Belém e em todo o seu termo, de dois anos para baixo, conforme o tempo que tinha com precisão indagado dos magos.
17. Então cumpriu-se o que foi dito pelo profeta Jeremias:
18. "Ouviu-se um clamor em Ramá, choro e grande lamento: Raquel chorando a seus filhos, e não querendo ser consolada porque eles se foram".
Irritado, por não poder por suas mãos em Jesus, Herodes manda degolar todos os meninos de menos de dois anos. Não se limitou a Belém, mas foi a todo o território adjacente, embora não seja provável que tivesse atingido a outras aldeias circunvizinhas.
Quantas crianças? Os melhores cálculos estatísticos asseguram que não devem ter sido muito mais do que 20 (vinte) crianças. Que era isso, para quem já mandara assassinar seu genro, seus filhos Alexandre e Aristóbulo, sua esposa Mariana, e que, pouco depois, mandaria matar o outro filho Antipater, tendo ordenado que, à sua morte, fossem assassinados no anfiteatro de Jericó os homens notáveis da cidade, afim de que houvesse lágrimas em seus funerais?
Esses meninos, segundo revelações espirituais modernas, seriam a reencarnação dos homens que, sob as ordens de Elias (o futuro João Batista, que também morreria à espada) haviam degolado os 450 sacerdotes de Baal junto à torre de Kishon (1RS
A frase de Jeremias (Jeremias
O fato nada tem que ver com o massacre dos pequenos betlemitas, não sendo propriamente uma profecia.
Simples coincidência que ele aproveita, pela semelhança dos fatos.
A matança das crianças de menos de dois anos pode demonstrar-nos que, quando o espírito não se encontra suficientemente fortalecido, pode sucumbir diante das tentações e perseguições da matéria (Herodes). Muitos dos que ingressaram entusiasticamente na senda evolutiva, são tentados pelo mundo ilusório de mayá e perdem o rumo ou se demoram nos portais da espiritualidade em busca de curiosidades que lhes retêm os passos e lhes cortam a caminhada.
Há muitos obstáculos na senda.
Ora são os ritos externos que distraem a criatura levando-a "para fora", quando o caminho certo seria para dentro de si mesma. Mas a pompa ritualística termina por envolver o homem, que perde a direção: não está ainda maduro. Ora são as buscas intelectuais, os "sentidos" das palavras, a hermenêutica, a teologia ou teosofia, e o espírito se perde em cerebrinas elucubrações personalísticas, distanciando-se do rumo certo no profundo do próprio coração e exteriorizando-se para a periferia intelectual da personalidade transitória.
Ora são as comunicações com espíritos desencarnados, sobretudo do mundo astral (muitos mais atrasados que nós), que passam a governar (a "guiar") a criatura; e esta acaba julgando "fim" o que apenas constitui um meio de progresso, e se desvia da rota, exteriorizando-se em direção a outras criaturas (embora desencarnadas) ao invés de darem o mergulho em busca do Cristo Interno.
Ora são os exercícios de desenvolvimento e domínio do corpo perecível, por meio dos quais espera a obtenção da estrada certa: quer atingir o espírito pela matéria, quer subir ao céu através da terra, e o corpo físico se torna a preocupação máxima, desviando a atenção do centro do espírito, que é o coração.
Todos esses óbices aparecem com objetivo certo: não deixar entrar aqueles que não estejam maduros.
Por isso, há tantas tentações no portal da espiritualidade, a fim de experimentar a "maturidade espiritual" de cada ser. Se a criatura ainda se encontra imatura para o salto em profundidade, ela se det ém nesses umbrais e se encanta com ritos, com intelectualismo, com palavras de "guias", com exerc ícios para a saúde do corpo, com atos de magia, e aí permanece o tempo indispensável para que possa amadurecer o próprio espírito.
Se ao invés está madura (ou mesmo, quando consegue amadurecer), abandona todas as ilusões externas e avança intimorata para as profundezas abismais do próprio coração. Liberta-se de todas as peias, foge de Herodes e entra, de noite, no Egito do isolamento, onde encontrará a CIDADE DO SOL (Heliópolis) e lá desfaz a personalidade na 1mortalidade infinita da Luz Eterna e Criadora.
Todos aqueles são os "inocentes" (crianças) que são "massacrados", pelo mundo, pelas vaidades, pelas ambições ou paixões, pelo intelectualismo ou pelas riquezas e até mesmo pelo próprio espiritualismo mal dirigido.