Sabedoria do Evangelho - Volume 2

CAPÍTULO 17

ORAÇÃO



MC 1:35-38


35. Levantando-se antes da madrugada, noite ainda, saiu e foi a um lugar deserto, e aí orava


36. Simão e seus companheiros foram procurálo,


37. e, tendo-o encontrado, disseram: "todos te buscam".


38. Disse-lhes Jesus: "Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu também aí pregue, porque para isso vim".


LC 4;42. 43

42. Sendo já dia, saiu e foi a um lugar deserto; e as multidões o Procuravam e, tendo-o encontrado, queriam detê-lo para que não as deixasse.


43. Mas ele lhes disse; "Também às outras cidades eu preciso dar as boas notícias do Reino de Deus, pois para isso fui enviado".

Após o trabalho intenso da noite do sábado, Jesus sai da casa de Pedro "antes da madrugada, noite ainda" (Marcos) ou "logo que surge o dia" (Lucas), pormenores que não trazem preocupação ao espírito.

Dirige-se a um "lugar deserto". Marcos, cujas narrativas são sempre mais pitorescas e cheias de vivacidade, esclarece que "foi orar", coisa não assinalada aqui por Lucas que, no entanto, é o evangelista que mais cita essa particularidade.

Simão e seus companheiros vão procurá-lo, para informar-Lhe que há muita gente que O busca. Mas Jesus diz que precisa ir a outras cidades para anunciar a Boa-Nova, pois "para isso VIM" (Marcos) ou" FUI ENVIADO" (Lucas). Outra vez a confirmação da preexistência do espírito ao nascimento: só vem ou é enviado quem já existe: se o espírito fora criado no momento de nascer, só caberia a express ão: "fui criado" para isso.

Demonstra-nos Jesus, com seu exemplo, que por mais elevado que seja ou esteja o Espírito, não pode prescindir da união com Deus em isolamento, numa prece que o fortaleça. Muitos acreditam que o trabalho, sobretudo espiritual, é uma oração. Sem dúvida que é. Mas não basta. É indispensável oração isolada, do Espírito que se une a Deus em seu coração. E para isso, é indispensável a solidão, o afastamento do bulício do mundo, nem que seja, por alguns minutos ao dia, ou à noite.

Todas as criaturas são enviadas à Terra para uma tarefa. e seu progresso consistirá em cumpri-lo à risca. Não é portanto justo que, para atender a quem nos chama, por mais sofredor que seja. tenhamos que desviar o rumo de nossa rota: antes de tudo e acima de tudo, o cumprimento de Vontade divina a nosso respeito. Quando podemos, atendemos com todo interesse aos que necessitam de nós. Mas quando isso nos desviasse do caminho, sigamos nosso roteiro, porque é mais importante do que um "caridade" mal interpretada. Não temos direito de falsear nossos deveres espirituais, e o primordial dever é obedecer à tarefa que nos foi imposta. Jamais esqueçamos que a LEI não comete injustiças: se alguém sofre, é resultado de seus próprios atos no passado e se, no momento, não podemos atender porque nossa tarefa nos desvia do caminho deles, isso significa que a hora de eles serem aliviados eu libertados ainda não soou.

Também nos ensina este trecho, que jamais deve o Espírito deixar de fazer sua oração de união com Deus, embora os necessitados (nossos veículos inferiores) nos chamem para distrair-nos dessa neces sidade vital. O caminho para Deus, por si só, os ajudará. Precisamos erguer-nos a outros planos: saibamos não dar ouvidos aos apelos, sobretudo aos desordenados, de nossos veículos (corpo, sensações, emoções, intelecto). Só assim progrediremos para nossa união com Deus.