2. E aproximando-se um leproso prostrou-se diante dele dizendo: "Senhor, se quiseres podes limpar-me"
3. E estendendo a mão Jesus tocou-o dizendo: "Quero, fica limpo". No mesmo instante ficou limpa sua lepra.
4. Disse-lhe Jesus: "Olha, a ninguém o digas, mas vai mostrar-te ao sacerdote e fazer a oferta que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho".
40. Chegou a ele um leproso e, pedindo de joelhos, disse: "Se quiseres, podes limparme".
41. Compadecendo-se Jesus, estendeu a mão e tocou-o, dizendo: "Quero, fica limpo".
42. No mesmo instante desapareceulhe a lepra e ficou limpo.
43. Advertindo-o energicamente, logo o despediu,
44. dizendo: "Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote o oferece-lhe pela tua limpeza o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho".
45. Mas ele, ao sair dali, começou a anunciar muitas coisas e a divulgar o Palavra, de modo que (Jesus) já não podia entrar abertamente numa cidade, mas ficava fora, em lugares desertos; e de todos os lados iam ter com ele.
12. E aconteceu, então, estar ele em uma das cidades, e eis um homem cheio de lepra, vendo Jesus, caiu de rastros e rogou-lhe: "Senhor, se quiseres, podes limpar-me".
13. Estendendo a mão, Jesus tocou-o dizendo: "Quero, fica limpo". E no mesmo instante desapareceu-lhe a lepra.
14. Ordenou-lhe Jesus a ninguém falasse, mas: "vai mostrar-te ao sacerdote e fazer a oferta pela tua limpeza, conforme ordenou Moisés, para lhes servir de testemunho".
15. Porém a palavra (fama) a respeito dele cada vez mais se divulgava e grandes multidões afluíam para ouvi-lo e serem curados de suas enfermidades;
16. mas ele retirou-se para os desertos a orar.
Um dos fatos mais impressionantes da narrativa evangélica é a purificação desse leproso, que se entrega totalmente ao arbítrio de Jesus, demonstrando a confiança mais ilimitada, e deixando toda a ação ao critério do Mestre: "se queres"... Nada pede: apresenta o fato e confessa sua convicção íntima de que sua limpeza depende exclusivamente da vontade de Jesus. No dizer de Marcos, Jesus se comove com essa expressão de simplicidade e confiança, e responde também laconicamente, mas unindo a ação às palavras: "quero". Sem temer as prescrições legais que o proíbem, toca o leproso com sua mão, e ao invés de tornar-se impuro legalmente, purifica-o da lepra: "fica limpo".
A lepra era um dos grandes flagelos da Palestina a essa época, sobretudo a que eles chamavam "lepra branca", por causa das manchas brancas que se focalizavam na pele, transformando-se posteriormente em inchações, acabando por caírem os membros aos pedaços. Hoje é mais conhecida como "leonina", em vista das deformações faciais.
O leproso era afastado do convívio dos centros habitados, sendo expulsos para lugares desertos. Era obrigado a gritar, à aproximação de gente: "tamê, tamê" (impuro, impuro). Realmente, a lepra era considerada mais uma impureza que uma doença (cfr. Lev. cap. 13 e 14), tanto que o leproso pede que Jesus o purifique, e não que o cure.
Embora considerada incurável, Moisés estabelece um ritual para esse caso (LV
Não podendo entrar na cidade, o leproso aguarda Jesus na estrada e, ao vê-lo passar, lança seu apelo sincero e patético, humildemente prostrado com o rosto em terra.
Logo após a cura, Jesus adverte-o "severamente" que nada conte a ninguém do que ocorreu, e manda-o fazer a oferta ritual e apresentar-se aos sacerdotes para verificação da cura. Afirmam os exegetas que esses constantes apelos de Jesus de nada dizerem os beneficiados, prende-se ao "segredo messiânico"; no entanto, vemos nisso apenas a natural modéstia dos Espíritos Superiores, que não proclamam, nem gostam que os outros o façam, sua superioridade sobre as demais criaturas.
Lucas mais uma vez anota que Jesus se retirou para orar.
Essas curas, narradas com pormenores pelos evangelistas, parece terem sido escolhidas com intuito de esclarecer ensinamentos preciosos, relativos ao modo de agir com aqueles que se encontram nos diversos graus evolutivos, resgatando erros do passado ou fixados nos vícios do presente.
De cada um falaremos em seu lugar.
Mas de qualquer forma anotemos que as curas assim salientadas referem-se a: cegueira, surdez, atrofia, corcunda, hidropisia, hemorragia, paralisia e lepra. Algumas correspondem a males do duplo etérico (nervos) como a corcunda (desvio dos ossos), a atrofia (ressecamento dos músculos) e a paralisia (afrouxamento dos nervos).
Outras dizem respeito ao corpo astral, quais a hidropisia (excesso de água), a hemorragia (perda de sangue) e a lepra (apodrecimento dos tecidos).
E duas referem-se ao intelecto: a surdez (incapacidade de receber, causada pelo orgulho que incha e nada recebe de fora) e a cegueira (incapacidade compreender, causada pela vaidade que obumbra o raciocínio).
Todas elas se refletem no corpo físico, o veículo mais externo e mais denso da personalidade, moldado pela mente de cada um, segundo sua própria capacidade modeladora.
Neste caso particular, encontramos uma personalidade que, diante do sofrimento agudo e prolongado, conquistou a humildade e reconheceu-se "imundo". Verificou que se achava carregado de fluídos pesados que se exteriorizavam no corpo físico, e então volta-se para a individualidade, para o Espírito, e confessa que, se ele, o Espírito, o quiser, poderá limpá-lo.
A técnica da purificação do corpo astral obedece à mesma técnica da purificação do corpo físico denso.
Pela alimentação agregamos a nós fluídos alimentícios. Destes, o que é aproveitável, é assimilado ao corpo, como músculos, ossos, sangue, etc. Mas todos os detritos são expelidos através dos órgãos excretores. Assim, quando o corpo astral se "alimentou" de pensamentos (palavras ou ações), tudo o que neles houver de bom é assimilado como experiência e aprendizado; mas todos os fluídos mentais pesados e nocivos são expelidos pelo órgão excretor do astral, que é exatamente sua condensação na matéria, o corpo físico. Então, os fluídos pesados são evacuados através de chagas, pústulas, furúnculos, úlceras, canceres, lepra, etc. Verificamos, pois, que qualquer dessas modalidades que, no dizer do povo, "purificam o sangue", também, na realidade, purificam o corpo astral (que anima o corpo justamente através da circulação sanguínea: daí serem chamados "animais" aqueles que já possuem o corpo astral desenvolvido, e, portanto, já utilizam um sistema circulatório eficiente e tanto mais completo, quanto mais desenvolvida for sua alma (ou corpo astral). A evacuação dos fluídos pesados é feita atrav és do corpo denso e sobretudo através dos tecidos epiteliais, externos ou internos. Então compreendemos que essas "doenças" são necessárias para nossa limpeza, e indispensáveis ao nosso progresso, sendo, por conseguinte, de suma utilidade para nossa evolução. Quando a limpeza está terminada, a doença cessa. Mas, por vezes, a quantidade de matéria fecal astral é tão grande, que mais de uma exist ência terrena é consumida em sua evacuação. Daí o grave engano dos que pedem a cura, quando deviam pedir a purificação, por mais dolorosa que fosse, tal como nos ensina a lição evangélica do leproso de Cafarnaum.
Quando, pois, a personalidade atinge esse grau de compreensão e recorre ao Cristo Interno, este toma a iniciativa de limpara personalidade do resultado cármico dos vícios do passado delituoso. No entanto, não é "de graça": há mister trabalhar em setores estabelecidos para cada um, de acordo com seus casos particulares.
No caso deste leproso (desta personalidade que havia esgotado o resgate cármico) a ordem é apresentar-se ao sacerdote e cumprir o ritual, ou seja, seguir ainda a trilha de uma religião ritualística, indispensável por enquanto a ele para evolução do próprio "espírito". Não lhe seria possível passar do estado em que se encontrava, para um ascetismo avançado, porque a evolução não dá saltos.