13. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;
14. e ninguém acende uma vela e a coloca debaixo de um balde, mas no castiçal; e assim ilumina a todos os que estão na casa.
15. De tal modo brilhe vossa luz diante dos homens, que eles vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.
33. Ninguém, depois de acender uma lâmpada a coloca num subterrâneo, nem debaixo de um balde, mas sobre o castiçal, a fim de que os que entram vejam a luz.
34. A lâmpada do corpo é o olho. Quando o olho é simples todo o teu corpo é luminoso; mas quando for doente, todo o teu corpo fica trevoso.
35. Vê, pois, se a luz que há em ti não sejam trevas.
36. Pois se todo o teu corpo for luminoso, sem ter parte alguma em trevas, será inteiramente luminoso, como quando uma lâmpada te iluminar com o seu fulgor.
A luz tem como finalidade, tanto quanto o sal, servir aos outros, e não a si mesma. Para que a luz produza seu efeito, é mister que esteja colocada no alto, e não escondida debaixo de um balde. Assim como não pode esconder-se uma cidade construída no cimo de um monte, assim a luz não pode deixar de ser vista: deve ser utilizada para iluminar. Sem pretensão, sem orgulho, mas também sem falsa humildade, deve iluminar naturalmente, por função própria.
E Jesus continua: assim brilhem vossas boas obras, de modo a serem vistas pelos homens - embora sem se fazer propaganda delas: recordemos que Jesus proibia que se falasse dele glorificando-o. O único a ser louvado é o Pai celestial.
Em Lucas há um adendo: a luz do corpo são os olhos. Se estes forem simples (no sentido de limpos, puros, tersos, ou seja, sem malícia) todo o corpo será luminoso. Se forem enfermos (maliciosos, maldosos) a criatura ficará em trevas. Quando, por exemplo, alguém vê duas criaturas amando-se e, com simplicidade, sem malícia, admira o amor, tudo permanece em luz; mas se, nesse amor, quem olha coloca malícia, o amor continuará a brilhar com pureza, mas a criatura que maldou será invadida pelas trevas da malícia que só existe nela mesma, e não no ato de amor, que é sempre puro e divino, pois sintoniza com Deus que é Amor.
O ensinamento profundo da Luz que somos, devendo com ela iluminar o mundo, alerta-nos quanto às obrigações de nosso Espírito (individualidade).
Não se pede que saibamos, nem que falemos apenas, nem que façamos, mas que SEJAMOS. O que importa é SER LUZ.
Para chegar a ser Luz, só há um meio: é mergulhar na Luz Cósmica do Cristo, que declarou categoricament "Eu sou a Luz do Mundo" (JO
Afora isso, enquanto confundidos com o corpo físico, crendo que a personalidade é o verdadeiro eu, só podemos ser trevas. Quando nos libertarmos dos entraves da personalidade, rejeitando-a, ficaremos iluminados, porque veremos a luz, mergulharemos na luz, nos tornaremos LUZ.
Essa luz interna expande-se em círculos concêntricos atingindo a todos; e mesmo sem que algo se diga, todos a percebem e a recebem. Os primeiros a usufruí-la, - "todos os da casa são iluminados" são nossas células e nossos órgãos.
Pelos "olhos" é que a criatura se ilumina: comparação perfeita, já que os atingidos pela cegueira física permanecem nas trevas. Entretanto, há um matiz mais profundo: é pelos olhos intelectuais (e Jesus usa o singular: "pelo olho") que penetra na criatura a Luz da Mente que nos ilumina.
E aqui talvez se pudesse vislumbrar uma referência ao "olho de Siva", (glândulas pituitária e pineal), que constituem o olho que nos possibilita a visão espiritual.
A ignorância são as trevas que envolvem o "espírito" (personalidade) levando-o ao erro à maldade.
Por isso, quando os "olhos" intelectuais são enfermos (ou fracos), todo o ser permanece em trevas.
Mas quando os "olhos" intelectuais são simples (sem a malícia da vaidade que obumbra, do orgulho que incha, da dúvida que vacila) tudo é visto com clareza e precisão.
Cada criatura humana, portanto, que se unifica ao Cristo, é a LUZ DO MUNDO, que ilumina por si mesma, refletindo a Luz do Cristo Cósmico que nela habita, e que consegue expandir-se através do cristal purificado de uma personalidade que se anulou a si mesma, para que apenas o Cristo vivesse nela. Canais limpos de todo apego, espelhos tersos de qualquer jaça, tornar-nos-emos transparentes, e ninguém mais verá em nós a personalidade, mas encontrará o Cristo Eterno falando por nossa boca, agindo por nossas mãos, iluminando a todos com o nosso amor que é o amor Dele a expandir-se por nosso intermédio.