11. E aconteceu que, no dia seguinte, Jesus se dirigia para uma cidade chamada Naim, e iam com ele seus discípulos e grande multidão.
12. Aproximou-se ele da porta da cidade e levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe que era viúva: e com ela ia muito gente da cidade.
13. Logo que o Senhor a viu, compadeceu-se dela e disse-lhe: "não chores".
14. Aproximando-se, tocou o esquife e pararam os que o conduziam. E disse: "Moço, eu te digo, levanta-te"!
15. E o que estava morto sentou-se e começou a falar, e Jesus o entregou à mãe dele.
16. Todos se atemorizaram e glorificaram a Deus, dizendo: "Grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou seu povo".
17. Esta Palavra espalhou-se por toda a Judeia e por toda a circunvizinhança.
18. Os discípulos de João contaram-lhe a respeito de todas essas coisas.
A vila de Naim (ainda hoje existente, quase em ruínas, com o mesmo nome), fica a sudeste de Nazaré, a sete horas de Cafarnaum, perto do djebel Dahl. Esse local é quase o mesmo de Sunem, onde Eliseu ressuscitou o filho de sua hospedeira (cfr. 2RS
Aqui, pela primeira vez Lucas atribui a Jesus o epíteto de Senhor (cfr. ainda 7:19; 10:1; 11:39; 12:42; 13
Era costume no Oriente carregar o cadáver numa padiola, coberto com um lençol. Jesus toca o esquife, fazendo deter-se o féretro. Com simples ordem, desperta o jovem e, num gesto de suprema bondad "entrega-o à mãe".
Há muitas discussões exegéticas a respeito da "ressurreição", ou seja, de fazer reviver o "cadáver".
Nada vemos de extraordinário nesse fato, conseguido em certas circunstâncias até por meios mecânicos pela medicina hodierna. Desde que a alma se não tenha desprendido do corpo (ou seja, desde que não tenha sido rompido o "cordão prateado") há possibilidade de fazer que o espírito retome o comando do grupo celular que constitui o corpo.
Para a criatura evoluída, com clara e segura visão dos diversos planos físico, etérico, astral, etc.) não é difícil VER que o "espírito" ainda está ligado ao soma. Portanto, se o corpo está em condições hígidas e seus órgãos com funcionamento razoável, ele pode conseguir que a psiquê retome a direção do conjunto de células que ainda não está descontrolado, despertando o corpo, embora este já esteja "cadaverizado" em estado letárgico ou cataléptico.
Compreendemos bem que o corpo é constituído de um conjunto de Órgãos e tecidos, formados por grupos de células especializadas, que permanecem todas reunidas pela unidade de sua "alma-grupo", que é a psiquê (ou ánima) humana. Enquanto, pois, a alma-grupo mantém sob seu domínio o grupo celular somático, há possibilidade de fazer reviver o cadáver. Caso, todavia, tenha havido o rompimento do "cordão de prata", cada grupo de células especializadas assume sua própria função biológica independente, transformando-se as células em "vermes" uni ou pluri-celulares. Dizemos, então, o corpo" entrou em putrefação". Já nesse estágio supomos impossível uma ressurreição. Entretanto, não estamos em condições de categoricamente afirmar que é impossível: apenas supomos que o seja. Que sabemos nós das Leis da Natureza, para fazer afirmações definitivas?
Há ocasiões em que o Eu Real vê a individualidade triste, a lamentar-se, porque seu filho único ("espírito" encarnado) está anquilosado na indiferença ou cadaverizado na descrença, e já sendo conduzido ao sepulcro, fora de tudo o que é belo e agradável (Naim significa exatamente "belo").
Diante dessa situação desesperadora, o Eu Interno resolve intervir para "ressuscitar" o "espírito" morto em vida, desanimado de tudo e de todos. Nessas ocasiões, ocorre que o Cristo Interno, comovido, toca, por meio dos dedos da consciência atual, o cadáver, e detém o cortejo dos vícios que arrastam o morto para a sepultura definitiva. Vem então a ordem imperiosa e curta: "Levanta-te"!
A essa voz de comando, irresistível e amorosa, dá-se a "conversão" do "espírito" que, aturdido ao verificar o perigo que o estava ameaçando, ergue-se de um salto e começa a falar. Então o Eu Interno, recolhendo-se novamente ao seu anonimato, entrega-o à individualidade, sua mãe, para que o dirija.
Diante do ocorrido todos se maravilham: operou-se um prodígio, e o "pecador" sai da morte para a vida, ressuscitando para o espiritualismo. Todos os veículos, todas as células, sentem que "Deus visitou seu povo", isto é, que o Eu Interno se manifestou sensivelmente. Acontece, então, que o Logos (a Palavra) se espalha por toda a Judeia (incentivando o espírito religioso) e por todas as circunvizinhan ças (atingindo todos os demais setores).
O final, com toda a característica histórica (os discípulos de João foram contar-lhe, no cárcere de Maquérus onde se achava, todos esses feitos) tem, como cada palavra evangélica, o seu sentido mais profundo: os veículos (Somático, etérico e astral - discípulos de João, isto é, da personalidade) vão notificar o intelecto já iluminado (João), embora prisioneiro da matéria, a transformação fabulosa que se operou naquele "espírito": isto significa que a criatura que foi beneficiada, toma conhecimento e consciência de tudo o que com ela ocorreu.