Sabedoria do Evangelho - Volume 3

CAPÍTULO 9

RAZÃO DAS PARÁBOLAS



MT 13:34-35


34. Todas estas coisas falou Jesus ao povo em parábolas, e nada lhes falava senão em parábolas,


35. para que se cumprisse o que foi dito através do profeta: "abrirei em parábolas a minha boca, e divulgarei coisas ocultas desde a criação".


MC 4:33-34


33. E com muitas parábolas semelhantes dirigialhes a Palavra, conforme podiam compreendê-la;


34. e não lhes falava senão em parábolas; mas em particular explicava tudo a seus discípulos.

Foi nessa ocasião da "fala do Lago" de Genesaré, que Jesus iniciou seu ensino por meio de parábolas.

O evangelista explica a razão delas, num pequeno verso de ritmo binário, em que se afirma e se nega: tudo em parábolas, nada senão em parábolas. Ou seja, a predição mediúnica através do profeta, no Salmo 79 (vers. 2). O Salmo é citado no Velho Testamento como de autoria de Asaph, qualificado como profeta por 2CR. 28:30.

Marcos é mais explícito, afirmando que Jesus falava de acordo com a capacidade dos ouvintes, só explicando o sentido real a seus discípulos.

As anotações de Mateus e Marcos fazem uma revelação que já alguns comentadores perceberam. Pirot ("La Sainte Bible", tomo IX, pág.
451) escreve: "é preciso salientar a finalidade pedagógica das parábolas. Jesus a elas recorre diante do povo para dar seu ensinamento, tòn lógon, isto é, a doutrina concernente ao reino de Deus, e fê-lo por bondade, para colocar seu ensino ao alcance dos ouvintes, como o fez para seus apóstolos (JO 16:12) e como fará a seu exemplo, Paulo aos coríntios (1CO 3:2)".

Com efeito, tendo verificado que seu ensino, dado clara e abertamente no Sermão do Monte, não tinha atingido senão uma minoria (a parábola do semeador é uma justificativa disso, quando afirma que três quartas partes de Suas palavras caíram em terreno ruim e não produziram fruto), Jesus resolve modificar Sua didática.

O assunto a explicar, a doutrina do Lagos (ou Cristo Cósmico) e a necessidade do mergulho e da unifica ção com o Cristo interno, eram demais elevadas para as massas. A não-compreensão espantava os ouvintes e os afastava. Eles não tinham capacidade de penetrar os segredos "do reino", por se acharem em degrau evolutivo muito baixo.

Já falando em parábolas, o ensino era dado da mesma maneira, mas ia cilitava a percepção, como veremos adiante.

Aos discípulos, que tinham maior capacidade evolutiva de compreensão, era tudo explicado, embora, por vezes, não entendessem bem, e Jesus se queixa disso com certa decepção (MC 4:13).