29. Tendo deixado esses lugares, Jesus voltou para as margens do Mar da Galileia, e, subindo ao monte, sentou-se aí.
30. E veio a ele grande multidão, trazendo consigo coxos, estropiados das mãos, cegos e surdos, e deitaram-nos aos pés de Jesus e ele os curou,
31. de modo que a multidão se maravilhou ao ver mudos a falar, estropiados curados, coxos a andar e cegos a ver, e glorificou o Deus de Israel.
A primeira metade do vers. 29 já nos foi mais minuciosamente relatada por Marcos (capítulo anterior).
Sobe "à montanha". Qual? Não nos é dito, mas apenas determinado o local pelo artigo. O fato é que mais uma vez a multidão se reúne a Seus pés.
As curas efetuadas, ao que parece todas instantâneas, compreendem quatro tipos de enfermidades: chôlós, "coxo"; kydlós, "aleijado das mãos"; typhós, "cego"; e kôphós, "surdos" ou "mudos".
202); talvez, até, possa exprimir "surdo-mudo", conforme vemos em Heródoto (1,
34) que qualifica de kôphós um dos filhos de Creso, especificando que "não falava", (era "áphonos", 1,
85) e também que" não ouvia" ("diephtharménos tên akouén", 1, 38).
Essas curas causavam profunda admiração no povo e a notícia se espalhava célere por todas as localidades vizinhas. Observam alguns comentaristas que essas enfermidades não são de reincidência (como seriam febres, resfriados, etc.) mas crônicas; e que, uma vez curadas, não voltavam. E perguntam como poderia haver tantos desses enfermos numa população relativamente escassa, para justificar todos os passos dos evangelistas. Em vista do simbolismo de que se reveste todo o texto evangélico, não vemos dificuldades em aceitar as anotações que até nós chegaram.
A frase final "e glorificaram o Deus de Israel" é bem característica do povo que, tendo seus "deuses" (santos ou espíritos protetores), não deixam de reconhecer que o santo ou protetor (Deus) do povo de Israel (ou seja, o especial amigo do taumaturgo) é digno de louvores, pelo extraordinário poder que revela quando se manifesta.
Todas as vezes que a Individualidade chega às margens do Mar da Galileia (as águas tranquilas d "Jardim Fechado"), tem ocasião de "subir ao monte", isto é, de elevar suas vibrações (que importa o" nome" do monte?) e lá, aproveitando ambiente harmônico, vai curando as mazelas de seus veículos inferiores. E que isso ocorre de fato, nós o verificamos porque hoje até a medicina profana já descobriu o valor da talassoterapia.
A Individualidade identifica os veículos que custam a caminhar (coxos) não conseguindo acompanha: o ritmo das aspirações do Espírito, aqueles que agem desajeitadamente (estropiados das mãos), fazendo o que não devem, ou omitindo o que deveriam fazer; aqueles que não vislumbraram ainda a estrada da realidade (cegos) e também os que não respondem (mudos) aos apelos da Voz Profunda da Consciência, porque não chegam sequer a ouvi-la (surdos). Já se fixaram, então, no materialismo, que os tomou "embotados" em relação ao Espírito.
A Individualidade, nesses casos, exerce ação terapêutica, despertando os veículos e curando-os de suas fraquezas e enfermidades, a fim de prepará-los para que ajudem a evolução do Espírito, que já perlustra consciente a jornada evolutiva do mundo real.