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924) ; Pirot (o. c. vol. 9, pág.
122) opina que "Jesus alugara um apartamento para si, independente, para ter a liberdade de movimento indispensável a um ministério como o seu". E essa dedução é feita porque em MT
Pela cronologia geralmente aceita, a cura foi efetuada na Transjordânia, em sua estada depois da festa da dedicação.
Os cegos acompanham Jesus "que vai saindo de lá", e vão "gritando" (krázontes, como são sempre apresentados os cegos nos Evangelhos). O título "Filho de David" designava o messias (cfs. Salmo
Jesus primeiro pergunta se eles acreditam que Ele tenha a força (dynamis) de fazer isso. A resposta é singela: "Sim, Senhor" (em grego, kyrie, em aramaico, mari, "meu senhor", cujo feminino é marta).
Em resposta, Jesus lhes diz: "faça-se (genêthêto) a vós segundo a vossa crença", e lhes toca os olhos, recuperando eles imediatamente a visão. Depois adverte-os (o verbo grego embrimaómai, só usado aqui e em JO
Este episódio abre também nossos olhos para revelações dignas de registro.
Notemos que os cegos são DOIS. Ora, já vimos (vol. 2 e vol
3) que o "dois" exprime a receptividade passiva feminina. Há, portanto, nessa súplica vibrante e veemente de luz ("gritando") um espírito pronto para a iluminação, com a receptividade perfeita.
Ora, esse espírito segue Jesus (a individualidade) quando "sai de lá" (parágonti ekeíthen) e quando" entra em casa" (elthónti eis tên oikían), isto é, quando peregrina partindo da Luz e faz seu caminho na "casa" de seus veículos físicos. Acompanha-a dentro da "casa" (coração) "gritando" por "misericórdia" (eléêson), para receber a iluminação.
O pedido é feito ao "Filho de David". Realmente, vimos que David significa "o Amado", e simboliza o Cristo Cósmico, o terceiro aspecto da Divindade. Ora, o espírito se dirige ao "filho" de David, ou seja, à Centelha Crística, que proveio (é filha) do Cristo Cósmico, e é essa Centelha ou Eu Profundo que ele segue até dentro de casa.
A persistência, essa ânsia em "mendigar o espírito" (tôchoí tôi pneúmati, MT
Diante dessa garantia, vem o deferimento ao pedido, com a ordem de que "seja feita" ou "ele evolua" (genêthêto, de gínomai) de acordo exatamente com a fidelidade (sintonia vibratória espiritual) que tiver. Isso porque ninguém recebeu nem receberá jamais por favoritismos nem privilégios: a única medida do que se recebe é a capacidade intrínseca do receptor, nem mais nem menos.
E a luz flui da força potencial (dynamis) simbolizada pela "mão" que toca os "olhos", ou seja, os órgãos da compreensão, o intelecto, que se abre para deixar penetrar a flux os raios luminosos do Cristo. Com a força crística atuante, a luz é feita de imediato. Não mais necessidade de testemunhos alheios, de pesquisas, de estudos, de raciocínios: é a intuição instantânea que tudo clareia a visão objetiva que tudo vê, a mente aberta para o infinito, o Espírito que se incendeia no Cosmo, a Luz que tudo ilumina.
O Cristo "treme" ou "murmura" (aqui podemos entender o pleno sentido e o porquê do emprego de enebrimêthê, do verbo embrimáomai: "roncar" ou "fremir", isto é, fazer sentir vindo de dentro, sem palavras) que "ninguém tenha conhecimento" (ginôskétô) do que se passou.
No entanto, não houve desobediência como pensam os profanos. Como criaturas "preparadas", nada foi dito. O segredo foi mantido. Mas, assim como a própria presença de um cego conhecido que recupera a visão atesta o que com ele se passou, assim também a simples presença da criatura iluminada pelo Encontro, mesmo sem palavras, "torna o Cristo conhecido" a todos os que dela se aproximam. O Cristo transparece através daqueles que tiveram a felicidade indescritível de a Ele unificar-se.