Mais um episódio de obsessão, explicitamente, confessada. Obsessão com efeitos fisiológicos acentuados, pois o adversário espiritual emudeceu a vítima.
Não entra o narrador em pormenores da cura, mas deixa claro mais uma vez que o Mestre, não "doutrinava" obsessor (cfr. vol. 3 e atrás): simplesmente o afastava, e de modo enérgico "expulsar = lançar fora, ekbállô). Livre do obsessor, o homem voltou ao uso normal da palavra.
Aprendemos, pois, que um obsessor (e a fortiori um bom espírito) pode dominar o aparelho fonador ou os centros da palavra de seu instrumento psíquico. E, se pode fazê-lo emudecer, evidentemente pode constrangê-lo a falar.
As apreciações registradas por Mateus dão conta dos dois extremos: os entusiastas que afirmam jamais ter ocorrido fato semelhante em Israel, e os incrédulos que logo atribuem a força divina aos próprios obsessores. Exatamente como hoje: os homens não mudam: ou elevam o médium às alturas, enaltecendoo como um ser supra-humano, ou o acusam de influenciados pelo "demônio". A lição do Evangelho, ensinada há dos mil anos, não foi aprendida até hoje, nem mesmo pelos que se dizem "cristãos".
Lição curta, que nos mostra a Individualidade a vencer a resistência passiva da matéria inerte de que se revestiu, ao condensar-se, o espírito. O peso do físico-denso é qual zavorra que lhe tira a liberdade não só de movimentação como de qualquer ato espiritual. Se o espírito quer orar, meditar, falar, seu estado de congelado na carne o torna mudo e sonolento, não lhe permitindo voos altaneiros. A ação da individualidade, em certos casos, é decisiva: destaca o espírito, expulsando a carne, nem que seja nas horas de sono.
—dos "obsessores" que emudecem - para que, liberto, possa ele, a sorrir, entreter-se com o Cristo Interno, a fim de receber o conforto e o auxílio indispensáveis, por meio de palavras de gratidão e amor.