Segue-se outra parábola, esta menos clara, de tal forma que os discípulos, ao chegarem a casa, pediram uma explicação em particular.
Observe-se que geralmente o verbo é usado no presente: "o reino dos céus é semelhante" (homoía estin hê basileía tõn ouránõn, cfr. 13
A semeadura é boa, e não há razão para vigilância noturna enquanto as sementes ainda se encontram sob a terra. E os lavradores aproveitam a noite para dormir. Aproveitando-se da escuridão, alguém percorre os sulcos recém-semeados de trigo, e lança à terra fofa a semente do joio. Dai Jerônimo (Patrol. Lat. vol. 26 col.
93) avisar aos chefes da igreja que não durmam, para que não se façam semeaduras de heresias entre os fiéis.
O joio (em grego zizánia) é o lolium temulentum de Linneu, planta que apresenta grande semelhança com o trigo, pois é também uma graminácea, e frutifica em espigas, embora menores e mais magras que as do trigo. Cereal venenoso, com efeitos de náuseas e embriaguez, por causa do cogumelo microsc ópico (Endoconidium Temulentum, de Prillieux e Delacroix), que vive em simbiose com o grão, logo que ele se forma, como foi comprovado por P. Guérin ("Journal de Botanique", 1898 pág. 230).
Quando se formam as espigas, torna-se fácil distingui-lo do trigo, mas com ele se confunde durante todo o crescimento (Jerônimo, Patrol. Lat. vol 26, col. 94). Abundante sobretudo no oriente e na Palestina.
O hábito de querer prejudicar alguém plantando sementes nocivas em campos úteis não devia ser raro, pois foi previsto, no Código Penal de Roma.
Quando os lavradores percebem o fato, indagam do Senhor como terá ocorrido esse desastre. Dada a explicação e proposta a extirpação do joio, é-lhes ordenado aguardar a colheita, quando o trigo, crescendo mais alto, será mais fácil de distinguir. Será então colhido o joio junto com a palha e queimado, e o trigo será recolhido ao celeiro (1).
—boteco, donde saiu o diminutivo botequim.
O segundo comentário será feito junto com o do capítulo seguinte.