os) a mim.
Hosana nas alturas máximas"!
Assim respondereis, que 32. "O Senhor tem necessidade dele". Partindo os enviados, acharam como lhes dissera.
Quando Jesus e Seus discípulos se aproximavam de Jerusalém, após a longa viagem em que atravessaram a Galileia, a Peréia, passando por Jericó, subindo o maciço da Judeia, atingindo Betânia, Betfagé e o Monte das Oliveiras, dá-se a cena que acabamos de ler.
Jesus envia dois de Seus discípulos, sem especificar quais, sabendo por antecedência o que encontrarão e o que lhes será objetado.
A anotação de Marcos e Lucas de que no jumento ninguém havia montado, era para significar que esse animal estava apto a participar de uma cerimônia religiosa iniciática. Essa crença de que o animal, para ser utilizado, não devia ter sido ainda subjugado, era comum aos hebreus (1) e aos romanos (2).
(1) "Fala aos filhos de Israel que te tragam uma novilha vermelha, perfeita, em que não haja defeito e que ainda não tenha levado jugo" (Núm, 19:2); "Os anciãos tomarão da manada uma novilha que ainda não tenha trabalhado nem tenha puxado com o jugo" (DT
(2) délige et intactas tótidem cervice juvencas, "escolhe também outras tantas novilhas intactos de jugo" (Verg. Georg. 4, 540); Io, triumphe! tu moraris aureos / currus et intactas boves, "o, triunfo! farás esperar os carros de ouro e, as novilhas virgens de jugo"? (Hor. Eped. 9,22); Bos tibi, Phoebus ait, solis occurret in arvis / nullum passa jugum curvique immunis aratri, "uma novilha, diz Febo, se te apresentará nos campos solitários, que não sofreu nenhum jugo e imune do curvo arada" (Ovid., Met. 3,10).
Realmente acharam o jumentinho logo à entrada da aldeia (Betfagé) amarrado do lado de fora da porta, na rua e, sem mais aquela, começaram a soltá-lo. Protestos erguem-se, naturalmente, da parte dos donos.
Mas a frase típica: "O Mestre tem necessidade deles e logo os restituirá", tranquiliza-os. A cena supõe conhecimento do Mestre por parte dos donos do jumento, coisa viável em lugar pequeno; não há necessidade de recorrer-se a "milagre".
A frase "os discípulos colocaram seus mantos sobre eles" exprime que realmente isso pode ter sido feito, cobrindo-se os dois animais; mas o resto: "e fizeram Jesus montar sobre eles", não se refere aos dois animais, mas aos mantos colocados sobre o jumentinho.
Esse fato descreve hábito comum no oriente, quando o animal não está selado: o manto amaciava a dureza da espinha do animal. Também o fato de estender pelo chão da estrada os mantos já é citado em 2RS
Os discípulos não entenderam bem o que se passava. Só mais tarde ligaram os fatos à cena a que assistiam, di-lo João.
Mas não deixaram de entusiasmar-se e dar "vivas", juntamente com a pequena multidão que se formou.
Hosana é uma exclamação de alegria, correspondendo exatamente ao nosso "viva"! Já aparece no SL
O sétimo dia dessa festa era dito "dia dos hosanas" (hosanna rabba).
A frase "Bendito o que vem em nome do Senhor é do SL
Assim discípulos e peregrinos constituíam pequeno coro jubiloso, ladeando Jesus, que seguia montado no jumentinho.
Começa a grande jornada, descrita com pormenores, da iniciação a que Se submeteu Jesus.
João, com sua agudeza crítica, começa a levantar o véu de tudo o que se vai passar, com aquela frase simples, mas profundamente reveladora: "a princípio Seus discípulos não entenderam isso; mas quando Jesus se transubstanciou (doxázâ, vol. 4), então se lembraram de que isso estava escrito sobre ele e do que havia sido feito ". Ora, o evangelista não diz "nesse momento eles não entenderam", mas sim "a princípio", o que denota que só bastante tempo depois, e "quando Jesus se transubstanciou" é que conseguiram compreender. As traduções correntes trazem: "quando foi glorificado". Mas quando é que Jesus foi glorificado na Terra? A transubstanciação, sim, houve, após a ressurreição e a chamada" ascensão", que estudaremos a seu tempo. Mas fixemos que só então os discípulos compreenderam o sentido dessa entrada em Jerusalém montado num jumentinho que jamais recebera jugo.
Hoje, após a transubstanciação, é fácil deduzir as razões do fato.
Vítima caminha para o altar do holocausto, onde será imolado qual "cordeiro pascal", sem mancha, sem defeito. Mas só a parte animal de seu ser poderá submeter-se ao sacrifício. Preciso é, pois, que haja um símbolo, demonstrando que essa parte animal (Seus veículos físicos, que sofrerão o holocausto), estava intata, imune do jugo de qualquer imperfeição. O símbolo foi o jumentinho, sobre que nenhum ser humano tivera domínio.
Além disso releva notar o simbolismo esotérico do ato em si. Tinha que ficar patenteado por um ato externo, que a criatura só pode pretender submeter-se às provas do quinto grau iniciático, quando tiver dominado TOTAL-mente a personalidade animal. E o símbolo escolhido é perfeito: Jesus monta sobre o jumento, dominando-o e subjugando-o totalmente, e recebendo por isso a consagração e a "palmas" da vitória.
Esta é a única vez que lemos ter Jesus montado num animal: no momento supremo em que Se dirigia ao Santuário para imolar-Se, conquistando o grau de "Sumo Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedec", conforme lemos: "Ele, nos dias de sua carne (durante Sua vida física) tendo oferecido preces e súplicas com forte clamor e lágrimas ao Que podia libertá-lo da morte, e tendo sido ouvido por Sua reverência, aprendeu, embora fosse Filho, a obediência, por meio das coisas que sofreu (martírios e crucificação) e, por se ter aperfeiçoado (recebendo o grau da iniciação maior), tornou-se autor da libertação para este eon de todos os que a Ele obedecem, sendo por isso chamado por Deus SUMO SACERDOTE DA ORDEM DE MELQUISEDEC" (HB
Toda a alegria e festa popular não penetraram no imo do coração do Mestre, que continuava triste, chegando a chorar pelo que antevia dever suceder a Jerusalém (vê-lo-emos dentro em pouco). Sabia que todos endeusavam a personagem transitória, e que os gritos de alegria eram apenas exterioridades emotivas: aqueles mesmos gritariam, dias mais tarde, "mata-o, crucifica-o"!
Assim, qualquer criatura que tiver em torno de si multidões ululantes de alegria, endeusadores contumazes a bater palmas, feche seus olhos e mergulhe dentro de si mesma. As demonstrações de entusiasmo provocam a queda daqueles que vivem ainda voltados para fora, a procurar com os olhos a aprovação dos homens e a buscar o maior número de seguidores. Trata-se de uma das provações mais árduas e difíceis de vencer. Os elogios embriagam mais que o vinho, dão mais vertigens que as alturas e jogam no abismo mais rápido que as avalanchas. E isso porque, na realidade, os elogios emotivos trazem ondas torrentosas de fluidos pesados, que derrubam no precipício da vaidade todos aqueles que os recebem com a mesma sintoma de emotividade satisfeita. Quantos vimos cair, ruindo por causa dos elogios!
Jesus, o modelo da Individualidade, já estava imune aos gritos louvaminheiros. Não obstante, não os impede, não os proíbe; não repreende a multidão, como queriam que o fizesse os fariseus: "moderaos"!
Não adiantaria, responde Jesus tranquilo e frio: as próprias pedras gritariam"!
Como? E por que? Hipérbole, não há dúvida, bem no estilo oriental. Todavia, o plano astral naquela região e naqueles dias devia estar vibrante de expectativa. E sendo o povo judeu, como sempre ficou demonstrado através dos séculos, altamente sensitivo, com a mediunidade à flor da pele, não há dúvida de que a manifestação dos desencarnados deve ter influído fortemente os encarnados. Para o Mestre, que percebia o plano astral e sua vibração e agitação inusitados, devia ter-se afigurado que, se os seres animados fossem impedidos de manifestar os desencarnados e elementais, os próprios seres inanimados saltariam rumorosamente de alegria.
Mas o exemplo é precioso para todos nós, sobretudo em certas fases de nossa vida, quando um grupo de criaturas, voluntariamente ou não, com consciência do que estão fazendo ou não, se reúne em redor de nós com a intenção de derrubar-nos. E para consegui-lo mais fácil e rapidamente, usa o melhor instrumento de sapa que pode existir na Terra: o elogio.
É mister compreender que a personagem transitória nada vale, porque passa apenas alguns minutos na Terra. Só o Espírito eterno é que conta. E ele não é afetado por esse gênero de encômios barulhentos: o único aplauso que aceita é o da própria consciência, segura de que está cumprindo seu dever.